tag:blogger.com,1999:blog-58234852100329527382024-03-07T18:26:08.479-03:00Sarcófagopor Mário MarinatoMário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.comBlogger1229125tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-61154120911505654052022-10-19T19:22:00.003-03:002022-10-19T19:22:57.691-03:0020 Anos<p>Mesmo que eu não atualize mais esse blog como antes (e acho que talvez nem vá voltar a atualizar), não podia deixar de publicar algo hoje. </p><p>Há vinte anos, em 19/10/2002, eu publiquei o meu primeiro post aqui. </p><p>Bons tempos, aqueles. </p><p>Acho que esse post aqui serve como uma tampa bem apropriada.</p><p>Até um dia, quem sabe. <br /></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-81972208862076281692022-10-17T12:05:00.001-03:002022-10-17T12:05:17.784-03:00Filme: Chalé nos AlpesMicro-curta-metragem em animação que concorreu ao MacacuCine 2022.<p>
<center><iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/svJ3CJ0J0cw" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen></iframe></center>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-24782536358536308402022-02-21T08:00:00.002-03:002022-02-21T18:44:48.960-03:00Vídeo: O Que Caracteriza a Animação Brasileira?<p>No segundo semestre de 2021 fiz uma disciplina de história da animação brasileira no curso de cinema na UFF. Durante as aulas, entre conversas com produtoras e realizadoras convidadas, assistimos desde <a href="https://youtu.be/mJpHKiC_pMo">Sinfonia Amazônica</a>, nosso primeiro longa de animação, até algumas das mais recentes produções nacionais, como o premiado <a href="https://vimeo.com/groups/754436/videos/372750763">Guaxuma</a>.</p><p>Como trabalho final da disciplina, recebemos a tarefa de produzir um vídeo ensaio para responder à seguinte pergunta: o que caracteriza a animação brasileira? O vídeo aí embaixo é a minha tentativa de responder à pergunta.</p><p><center><iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/Z-H0IZJlFEE" title="YouTube video player" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen></iframe></center>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-9320265421350622902022-02-14T08:00:00.001-03:002022-02-14T08:00:00.185-03:00Livro: Darwin sem Frescura<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjUPmCAuB3LI0RhN8uIMHx4TgswSbo64N1W_smFvLZvWdOOIuJ3x8L3OJ1bpEWBV-7YUsbg9Vxgbo_COrJd_oKD4Dkq9b0KCGi2nJY6xQG33pw-ZOwFYreP28wEV5coPdDk2kvfvYVrPK5chkW-Md2W8reAdIM3zsigPYh85zXQxIm3rYOlRtVHAjFLPQ=s2560" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="1723" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjUPmCAuB3LI0RhN8uIMHx4TgswSbo64N1W_smFvLZvWdOOIuJ3x8L3OJ1bpEWBV-7YUsbg9Vxgbo_COrJd_oKD4Dkq9b0KCGi2nJY6xQG33pw-ZOwFYreP28wEV5coPdDk2kvfvYVrPK5chkW-Md2W8reAdIM3zsigPYh85zXQxIm3rYOlRtVHAjFLPQ=w214-h320" width="214" /></a></div><br />Recentemente terminei de ler o livro Darwin sem Frescuras, do Pirula e do Reinaldo José Lopes. O livro tem seus altos e baixos. Se por um lado às vezes pesa a mão na tentativa de ser engraçadinho, por outro tem ilustrações que clareiam bastante as explicações. Se às vezes encadeia muita informação complexa muito rapidamente, o que escapa um pouco da ideia de ser um livro de divulgação científica com linguagem popular, na maior parte do tempo ele transmite bem sua mensagem e ajuda a desmistificar esse tema que tanta gente teima em desmerecer como sendo "<a href="https://osarcofago.blogspot.com/2021/01/sobre-mangas-e-hipoteses.html">apenas teoria</a>".<p>
Pra mim, seu melhor momento está no final do capítulo cinco, que joga luz sobre a homossexualidade. Fechando o capítulo, que apresenta diversos estudos que se debruçam sobre a hereditariedade ou não dela, e estudos que demonstram que essa não é uma característica exclusiva de nós humanos, eles mandam a real:</p><p>
</p><blockquote>A homossexualidade é inerente a uma minoria significativa de todas as populações humanas existentes e pretéritas, e seguramente as futuras também. Não é algo contra o qual possamos lutar, e, dada a ausência de malefícios para os demais indivíduos da sociedade, acreditamos que não seja algo contra o qual devamos lutar. A ciência tem feito grandes progressos no processo de entender esse fenômeno riquíssimo que é a sexualidade humana e seus usos como formadora e mantenedora de laços sociais. Resta a uma parte da sociedade entender que não é justo penalizar inocentes por crimes inexistentes. A ciência, hoje, sabe que orientação sexual não pode ser ensinada. Mas o ódio pode. E o respeito também.</blockquote><p></p><p></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-24971329962157082672022-01-26T16:00:00.000-03:002022-01-26T16:00:00.169-03:00Os Textos de Paul GrahamRecentemente caí no site de <a href="http://paulgraham.com">Paul Graham</a>. Já não lembro mais como, mas sei que gostei. Ele é programador, pintor e escritor. E foram seus ensaios que chamaram minha atenção, li vários. Listo aí em embaixo os que mais gostei, tanto como recomendação pra quem se interessar quanto como uma anotação pra quando eu quiser lê-los de novo.<p>
</p><center>***</center><p>
<a href="http://paulgraham.com/real.html">The Real Reason to End the Death Penalty</a> me deu um pouco de coisa pra pensar. Apesar de com o tempo <a href="http://osarcofago.blogspot.com/2011/04/sobre-direitos-humanos.html">eu ter aprendido melhor</a> sobre como nosso sistema carcerário e punitivo é falho, eu ainda hoje penso que a pena de morte é um recurso que pode ser válido em alguns casos. Daí vem o que ele escreveu e que me fez parar pra pensar. Eu tenho um pensamento de como lidar com certas coisas que eu sei que são ruins, que é eliminar a fonte de problemas sem dar margem pra que eles surjam. A ideia é que, mesmo que na maioria das vezes não dê errado, o peso do erro que pode uma hora ou outra acontecer é tão grande que não vale a pena correr o risco. Este é justamente o argumento de Paul. </p><p>
</p><blockquote><i>"This circus of incompetence and dishonesty is the real issue with the death penalty. Whatever it means in theory, in practice capital punishment means killing innocent people."</i></blockquote>
<center>***</center><p>
</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjuSts0JpGv0b50Gm3qbrZorQ4QiO8eKg3YXOO9EXn1AVu4Z2mDAsdDsLogJ9Ou4_JXgls7tegK_-G65mqhfbSyOCNv6xoy6RouWerGAJbstXXTLX_nyq7bFPsFHbBYcj_XpcbyFplsu2cFLppwguaEXIgFK22BwYJlKQpds248lOo1_kKCN49161TACg=s754" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="754" data-original-width="216" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjuSts0JpGv0b50Gm3qbrZorQ4QiO8eKg3YXOO9EXn1AVu4Z2mDAsdDsLogJ9Ou4_JXgls7tegK_-G65mqhfbSyOCNv6xoy6RouWerGAJbstXXTLX_nyq7bFPsFHbBYcj_XpcbyFplsu2cFLppwguaEXIgFK22BwYJlKQpds248lOo1_kKCN49161TACg=w184-h640" width="184" /></a></div><br />Já <a href="http://paulgraham.com/lesson.html">The Lesson to Unlearn</a> conversa muito com tudo o que passo na faculdade de cinema na UFF. Como <a href="http://osarcofago.blogspot.com/2019/02/sobre-ler-textos-complicados.html">já escrevi antes</a>, eu tenho uma dificuldade muito grande em lidar com as disciplinas puramente teóricas. Quase todas as pessoas que me deram aulas nessas disciplinas já passaram pelo desagradável momento em que eu parei a aula pra perguntar onde elas estavam querendo chegar com a disciplinas. Até que durante uma das aulas de estágio com o professor Valter Filé eu consegui elaborar melhor meu incômodo, e, num trabalho quase de análise, entendi que eu estava o tempo todo tentando responder à pergunta "o que vai cair na prova?", mesmo quando não havia prova pra fazer. Daí que neste artigo Paul defende justamente isso, que devemos desaprender essa gana por tirar boas notas e sermos aprovados. Ele defende que o mais importante é aprender. <p></p><p>
</p><blockquote><i>"I knew of course when I was a student that studying for a test is far from identical with actual learning. At the very least, you don't retain knowledge you cram into your head the night before an exam. But the problem is worse than that. The real problem is that most tests don't come close to measuring what they're supposed to."</i></blockquote>
<center>***</center><p>
<a href="http://paulgraham.com/vb.html">Life is Short</a>, por sua vez, trata de questões filosóficas em relação ao valor que damos à vida e da importância de reconhecer que nosso tempo está acabando. </p><p>
</p><blockquote><i>"Cultivate a habit of impatience about the things you most want to do. Don't wait before climbing that mountain or writing that book or visiting your mother. You don't need to be constantly reminding yourself why you shouldn't wait. Just don't wait."</i></blockquote>
<center>***</center><p>
<a href="http://paulgraham.com/identity.html">Keep Your Identity Small</a> é daqueles que falam o óbvio que de vez em quando a gente precisa ouvir pra ser lembrado dele. Paul lembra que muitas vezes a gente associa à nossa identidade coisas demais, e que ataques a essas coisas soam como ataques físicos a nós mesmos, então entramos em brigas como forma de defesa. Ele defende que devemos diminuir a quantidade de coisas que associamos às nossas identidades para então diminuir a quantidade de brigas com as quais nos envolvemos. Esse tem uma versão em português recomendada pelo próprio Paul. </p><p>
</p><blockquote><i>"If people can't think clearly about anything that has become part of their identity, then the best plan is to let as few things into your identity as possible."</i></blockquote>
<center>***</center><p>
Por fim, o que mais gostei: <a href="http://paulgraham.com/addiction.html">The Acceleration of Addictiveness</a>. Em 2010, Paul parou pra analisar o avanço da tecnologia e de sua capacidade cada vez maior de nos deixar viciados. Ele já via que o Facebook era mais interessante que a televisão, que joguinhos nos prendiam aos eletrônicos, e que levar a internet no bolso usando um smartphone não ia dar em coisa boa. Vendo a aceleração do desenvolvimento tecnológico dos quarenta anos anteriores, e vendo o quanto isso impactou na vida das pessoas, ele chuta que os próximos quarenta seriam diferentes apenas no quesito velocidade, que iria aumentar ainda mais: mais avanços e mais vícios, cada vez mais rápido. Vendo como estamos hoje, apenas dez anos depois, não dá pra dizer que ele estava errado. Por fim, ele defende que temos que aprender com o passado e preparar nossas defesas, sabendo que as coisas serão feitas para nos viciar e sabendo como fazer para não cair em suas armadilhas. </p><p>
</p><blockquote><i>"One sense of "normal" is statistically normal: what everyone else does. Already someone trying to live well would seem eccentrically abstemious. You can probably take it as a rule of thumb from now on that if people don't think you're weird, you're living badly. We'll increasingly be defined by what we say no to."</i></blockquote>
<p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-92085907124342597342022-01-19T16:00:00.002-03:002022-01-20T10:16:40.300-03:00Rocky & HudsonNo primeiro semestre de 2021, fiz uma disciplina de animação no curso de cinema da UFF. Durante o curso, assistimos alguns filmes para discussão em aula, e tivemos que escrever textos sobre eles.<p>
Este aqui é o que escrevi sobre o filme Rocky & Hudson, de Otto Guerra.</p><p>
</p><center>***</center><p>
Sobre Rocky & Hudson</p><p>
Tivesse visto esse filme nos anos noventa, época de minha adolescência, provavelmente teria gostado muito e nutriria por ele um carinho nostálgico. Um carinho que só os 25 anos que nos separam poderiam perdoar. Mas hoje é um filme cansativo de acompanhar. Claro representante do zeitgeist de sua época, Rocky & Hudson preenche todos os requisitos de uma peça de humor daquele tempo. Do vocabulário aos estereótipos, da escatologia à temática, está tudo lá.</p><p>
A maioria das piadas que o longa entrega é vista hoje em dia como piada de quinta série ou piada de tiozão. E faz sentido. Quem ria disso na época estava na quinta série. Quem ria disso na época hoje é tiozão.</p><p>
</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhZicTDo9EYfFTE5InYTSw9EASa_jDXFzcIP1YtaBd_gvgD1L4DjUfuo1yPP7ns38B4lxKDug6Q1PSfFfh44_YxD-weYd3N1ibGplHLFc8EAmfanVo23qIH4grR8H-_3LsrlxZfypq3lwhNp2CeRFXCAgTHgaWl6cNbhITz_nB23Xypu9CU0dhhUaV12w=s715" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="715" data-original-width="285" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhZicTDo9EYfFTE5InYTSw9EASa_jDXFzcIP1YtaBd_gvgD1L4DjUfuo1yPP7ns38B4lxKDug6Q1PSfFfh44_YxD-weYd3N1ibGplHLFc8EAmfanVo23qIH4grR8H-_3LsrlxZfypq3lwhNp2CeRFXCAgTHgaWl6cNbhITz_nB23Xypu9CU0dhhUaV12w=w160-h400" width="160" /></a></div>Mas não convém martirizar o longa, ou seu diretor, colando neles qualquer rótulo. Como recentemente o escritor Alex Castro <a href="https://twitter.com/outrofobia/status/1422574144047230976">escreveu</a>, nos cegamos para a história de um período quando decidimos apontar dedos para pessoas específicas do passado, como se elas fossem as únicas culpadas pelos erros que faziam parte do seu contexto. Ao fazer isso criamos um passado imaculado habitado por alguns poucos desviantes. Quando culpamos uma única pessoa, absolvemos sua época, seu contexto, seus contemporâneos.<p></p><p>
Logo, é importante perceber possíveis problemas ou defeitos em Rocky & Hudson não como problemas ou defeitos do longa, mas como vislumbres da época em que ele estava inserido. Programas como Casseta & Planeta e revistas como Mad são exemplos do que era o caldo cultural da época. Piadas que hoje em dia já não tem mais graça ou que são mal vistas, à época eram lugar comum e faziam sentido. Elas faziam parte do repertório humorístico, e não fazia sentido deixá-las de fora.</p><p>
Pra terminar com uma nota favorável, há pontos no filme que capturaram minha atenção de forma positiva. No segundo episódio, percebi que após a visita dos personagens a uma loja de conveniência, a estampa da camisa do cavalo mudava a cada plano. Em alguns momentos fazendo piada com o espectador ("tem um corno me olhando" / "continua me olhando"), em outros fazendo referências à cultura pop da época (o Baby da Família Dinossauro), é interessante perceber o cuidado com esse tipo de detalhe. Outro ponto foi a trilha sonora, que achei muito bem feita. A música Tira Tatu, descontando a letra bobinha, é bem acabada, o que mostra que o filme não foi feito de qualquer maneira. Havia ali o interesse de fazer um produto de qualidade.</p><p>
</p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-46847648403526952372022-01-12T16:00:00.001-03:002022-01-12T16:00:00.178-03:00Belladonna of SadnessNo primeiro semestre de 2021, fiz uma disciplina de animação no curso de cinema da UFF. Durante o curso, assistimos alguns filmes para discussão em aula, e tivemos que escrever textos sobre eles.<p>
Este aqui é o que escrevi sobre o filme Belladonna of Sadness, de Eiichi Yamamoto.</p><p>
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Notas Diversas, Sortidas e Variadas sobre Belladonna of Sadness</p><p>
Deixemos uma coisa clara desde o início: o filme não me agradou. O último terço me deixou tão desinteressado que perdeu minha atenção. Talvez tenham sido as legendas, que me pareceram ter sido traduzidas com o uso de um sistema computadorizado, tecnologia que ainda deixa a desejar. Ou talvez a história seja confusa mesmo. Sei que no fim, quando reparei, parecia que o início do filme estava sendo reprisado. Estava mesmo? Ou as cenas são tão parecidas que não identifiquei as diferenças?</p><p>
Mesmo assim, algumas coisas chamaram positivamente a minha atenção durante o filme. E meu objetivo aqui é comentar essas coisas.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEitmx1DgLdpe4gX34vx3WPEl1vxqN3pa-ovC21Ax95GJ7fR1FzhXJta0svXyd1OMX4zSXUGmxUPtiV_7KrwZOsNKYW9cIxqWZIVJr2CeIs3vi94P6B2MDzqyco2qnBeV7PbefdimFBErmw6v_Nzn3S2Wd-hTelCwOtEyWdYXX2Y-CqL5k6wmOgjY28Ckw=s842" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="842" data-original-width="311" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEitmx1DgLdpe4gX34vx3WPEl1vxqN3pa-ovC21Ax95GJ7fR1FzhXJta0svXyd1OMX4zSXUGmxUPtiV_7KrwZOsNKYW9cIxqWZIVJr2CeIs3vi94P6B2MDzqyco2qnBeV7PbefdimFBErmw6v_Nzn3S2Wd-hTelCwOtEyWdYXX2Y-CqL5k6wmOgjY28Ckw=w236-h640" width="236" /></a></div><p></p><p>
A primeira delas foi ver simbologia cristã em um filme japonês. Pesquisei e descobri que o filme foi inspirado na obra de um francês do século dezenove, Jules Michelet, chamada La Sorcière.</p><p>
O som do filme também chamou bastante minha atenção. De um lado sua sonoplastia, que em vários momentos me pareceu quase onomatopeica, bem cartunesca. Há também a trilha sonora, muito interessante, composta por Masahiko Sato, com muito de experimentalismo eletrônico, psicodélico até, típico dos anos 1970. Recentemente ouvi muita música japonesa dessa época, e consegui perceber que a trilha sonora do filme se encaixa bem na estética do período.</p><p>
Achei interessante a mistura de estilos de arte usados ao longo do longa. Por vezes minimalista, por vezes grosseira e trêmula, por vezes suave e delicada. Não cheguei a estar atento o suficiente para relacionar estilo e objeto da arte com propriedade, mas reparei que na maior parte das vezes a animação da personagem principal tem traços suaves, sempre em contraste com os traços irritadiços do personagem masculino. As sequências com imagens puramente estáticas mas com diversas vozes atuando me lembraram muito das antigas fotonovelas.</p><p>
Apesar desses pontos que despertaram meu interesse, no final o filme passou longe de me agradar. Me desinteressei do longa no último ato. Talvez tenha a tradução meio tosca usada nas legendas, que pareciam ter sido feitas por algum sistema automatizado e sem passar por revisão. Mas vai que seja tudo muito confuso mesmo. Quando dei por mim, parecia que estava assistindo uma reprise do começo do filme. Será que era reprise? Acho difícil, mas as cenas eram tão parecidas que sem atenção não dava pra perceber a diferença.
</p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-37319327937300956052022-01-05T16:00:00.027-03:002022-01-05T16:00:00.164-03:00I Married a Strange PersonNo primeiro semestre de 2021, fiz uma disciplina de animação no curso de cinema da UFF. Durante o curso, assistimos alguns filmes para discussão em aula, e tivemos que escrever textos sobre eles.<p>
Este aqui é o que escrevi sobre o filme I Married a Strange Person, de Bill Plympton.</p><p>
</p><center>***</center><p>
Sobre I Married a Strange Person<p>
Durante a disciplina Cinema e Estética, há alguns semestres, numa das aulas conversamos sobre o filme Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni. O que mais me marcou em relação ao filme foi sua cena final, quando a personagem observa a explosão de uma casa na colina. A cena começa de forma "tradicional", mostrando a casa explodindo a partir de vários ângulos. Mas em pouco tempo entra num frenesi de mostrar explosões de móveis individualmente, uma hora a televisão, uma hora a geladeira, depois a estante de livros, a tv de novo. Tudo acompanhado pela música do Pink Floyd.</p><p>
A coisa toda dura cinco minutos, com explosões cada vez mais elaboradas, até que num corte seco, de áudio e vídeo, voltamos pro silêncio de onde a mulher estava. É como se o diretor tivesse entrado em uma onda de querer explorar as possibilidades cinematográficas das explosões, até que em algum momento alguém o tivesse despertado do transe. <i>"Antonioni, o filme! Continua o filme!"</i>. E aí a história segue em frente.</p><p>
</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi-0tiimyEooVCE0BOAZRM49cl1R-4MslSH1-8d9WTTYeHoe6MLXDVbPsEVJEXOUOGF-TKFRFJ8YXbqY9JomFoMmHirjSMS7_Pyh32EGEa_vlYvuCnYxOUCPluFEnJ_sX3ybmwIR5YcB5aCElmyp9mKeEszXsJd-x-6trmENWxMFE9jZrZB9DYpF7tDig=s782" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="782" data-original-width="378" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi-0tiimyEooVCE0BOAZRM49cl1R-4MslSH1-8d9WTTYeHoe6MLXDVbPsEVJEXOUOGF-TKFRFJ8YXbqY9JomFoMmHirjSMS7_Pyh32EGEa_vlYvuCnYxOUCPluFEnJ_sX3ybmwIR5YcB5aCElmyp9mKeEszXsJd-x-6trmENWxMFE9jZrZB9DYpF7tDig=s320" width="155" /></a></div>Voltei a essa memória ao assistir I Married a Strange Person. Sua linha narrativa tão tênue e tão frágil me parece servir apenas de pretexto pra que Bill Plympton tenha a oportunidade de experimentar com sua arte do grotesco. As transformações e deformações se sucedem com tanta velocidade que fica claro que seu maior interesse é ver o quanto ele consegue manipular as formas e se afastar das leis da física, muito mais do que contar uma história coerente com início, meio e fim.<p></p><p>
Ele se empolga, explode, distorce, desfigura, deforma, transforma, desorienta, corrompe, desordena, subverte, modifica, muda, desnatura, degenera, metamorfoseia, remodela, desarranja, até que alguém diga <i>"Bill, o filme!"</i>, e ele volta pra história, sempre sem se agarrar muito a ela. Parece que ele volta pra história apenas para procurar um novo pretexto para reiniciar, recomeçar, renovar, retomar, refazer, repetir e insistir nas suas experiências de distorção, experimentando cada vez mais.</p><p>
No final, a história parece não importar. Aqui, a forma parece prescindir do conteúdo.
</p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p><p></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-22736561457992091772021-12-29T16:00:00.021-03:002021-12-29T16:12:04.226-03:00A Ganha-Pão<p style="text-align: left;"><br />No primeiro semestre de 2021, fiz uma disciplina de animação no curso de cinema da UFF. Durante o curso, assistimos alguns filmes para discussão em aula, e tivemos que escrever textos sobre eles.</p><p style="text-align: left;">Este aqui é o que escrevi sobre o filme <a href="http://www.thebreadwinner.com/">A Ganha-Pão</a>, de Nora Twomey.</p><p style="text-align: center;">***</p><p style="text-align: left;"><br />Sobre os Círculos no filme A Ganha-Pão<br /><br />Como cheguei a comentar em aula, uma coisa que chamou bastante minha atenção no filme foi a presença de imagens circulares, especialmente durante as sequências de história-dentro-da-história. Revi o filme para poder contar quantas vezes esse tipo de imagem aparece: são quinze vezes na narrativa normal e vinte vezes na narrativa interna. Inclusive, a primeira imagem do filme, já na abertura, é uma imagem circular, que se repete mais tarde no decorrer do filme. Na parte narrativa normal, além disso, mais da metade das vezes essa circularidade está relacionada à alimentação: ou é a panela, ou é o prato, ou é o poço.<br /><br />Fiquei imaginando se haveria alguma relação dessas formas com a arte afegã, islâmica ou do oriente médio, ou se haveria alguma relação de sentido com o que elas representam dentro do filme. E por isso fui pesquisar.<br /><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEitO_XTklejQCs-NtedaAA_QPcEb6jBUmtu-p8UcCS1GENsExYyNwQHxLvn3ntQZRzvBlwgBr0Vqr66utngN9fYFzGojM1UT02VIMRD5GCU1nI6B1-MwL61CdgkYzgD35xEj8hLwvod-PZwOZOprop5hMzWhJo5gnpx9I4tosuRgQkYwlEzV8fzarPHow=s563" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="563" data-original-width="287" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEitO_XTklejQCs-NtedaAA_QPcEb6jBUmtu-p8UcCS1GENsExYyNwQHxLvn3ntQZRzvBlwgBr0Vqr66utngN9fYFzGojM1UT02VIMRD5GCU1nI6B1-MwL61CdgkYzgD35xEj8hLwvod-PZwOZOprop5hMzWhJo5gnpx9I4tosuRgQkYwlEzV8fzarPHow=s320" width="163" /></a></div>No artigo <a href="https://artofislamicpattern.com/resources/educational-posters">Geometria - A Linguagem da Simetria na Arte Islâmica</a>, Richard Henry afirma que "na arte islâmica, o círculo representa o símbolo primordial de unidade e a fonte de toda a diversidade da criação". E segue descrevendo e dando exemplos de como, a partir de círculos sobrepostos, designers islâmicos são capazes de criar padronagens geométricas complexas.<br /><br />Já em <a href="https://bit.ly/3wlUvyN">um artigo no site Digital Arts</a>, onde Neil Bennett escreve sobre uma entrevista que fez com a diretora Nora Twomey, ele me entrega a resposta que eu procurava: "certos motifs aparecem nas sequências místicas, especialmente redemoinhos. (...) Eram uma metáfora visual para as fases da lua, ciclos de guerra e paz no país, e as emoções e experiências das personagens femininas."<br /><br />Apesar dela citar os redemoinhos, não vejo razão para não estender essa significação metafórica também para os círculos. Até mesmo a primeira imagem do filme, que citei no início, lembra muito a imagem de um feto no útero, o que remete claramente às experiências das personagens femininas destacadas pela diretora.<br /><br /><br /><p></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-30702539616671248212021-09-30T22:16:00.001-03:002021-09-30T22:16:52.931-03:00Sobre Queen Sono<div>Este semestre na UFF fiz uma disciplina com a professora Maira Ezequiel sobre séries com protagonistas femininas. Logo eu que não vejo séries. Mas fui lá e encarei. Pra conclusão da disciplina, tivemos que escrever um texto sobre alguma das séries que vimos. Escrevi isso aí sobre a série Queen Sono.<br /><br /></div><div style="text-align: center;">***<br /></div><div> <br />Não escondi a verdade desde a primeira aula: eu não assisto séries. Mas nunca expliquei o motivo. Não é que eu pense que séries sejam ruins (apesar de algumas serem), não é que as histórias sejam desinteressantes (apesar de algumas serem), é mais uma questão de foco mesmo. Veja, nosso tempo de vida é um recurso escasso e de fornecimento incerto. Daí, considerando tudo o que tenho interesse em conhecer e apreciar e estudar, acho que assistir séries, ainda mais as que tem dúzias de episódios, são um desperdício de vida.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoJaMTJVyb9uSMzDmuDrMCevm9P0nJY5wTyq249tZC2nThyphenhyphensoKutrGC5xYNQ4yuPdrDxWF1v86bGeHo7XrsMj2283M6Wfe4xi0QHKehVh5m_Wgi0gA_OfFhUMAA5wweHHZMHaIEpkDEszH/s720/queen.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="295" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoJaMTJVyb9uSMzDmuDrMCevm9P0nJY5wTyq249tZC2nThyphenhyphensoKutrGC5xYNQ4yuPdrDxWF1v86bGeHo7XrsMj2283M6Wfe4xi0QHKehVh5m_Wgi0gA_OfFhUMAA5wweHHZMHaIEpkDEszH/w262-h640/queen.jpg" width="262" /></a></div><br />Longe de mim dizer que as pessoas que assistem séries estão desperdiçando suas vidas e que deveriam fazer outra coisa. Essa é só uma escolha que fiz pra minha vida. Na minha cabeça, as vinte horas que tenho pra gastar assistindo The Handmaid's Tale podem ser muito mais bem aproveitadas lendo o livro A Canção no Tempo, do Zuza Homem de Melo, ou conhecendo a discografia da cabo verdiana Mayra Andrade, ou estudando piano, ou escrevendo um texto pra faculdade. (E, devo admitir, tenho também um ranço das histórias que ficam enrolando a resolução só pra te deixar preso com vontade de assistir o próximo episódio, e o próximo, e o próximo.)<br /><br />Mas com Queen Sono foi diferente. Terminado o primeiro episódio, engatei no segundo, e então no terceiro. No dia seguinte, lá se foram os três últimos. Claramente, temos uma exceção à regra. Mas o que me fez, então, assistir os seis episódios de Queen Sono em dois dias?<br /><br />Um primeiro ponto foi o tipo de história sendo contada. Achei que funcionou muito bem a mistura de James Bond com Missão Impossível, seja nas cenas de ação, seja na temática de intriga internacional e luta contra a dominação e manipulação estrangeira.<br /><br />Outra coisa que me agradou bastante foram os personagens. Chamou minha atenção eles não apresentarem comportamentos comuns de se ver em filmes e séries. Não há vilões estereotipados, que gostam de discursar seus planos maléficos só pra que o roteiro tenha tempo de salvar os mocinhos. Não há personagens que tomam decisões burras só pra que o roteiro tenha oportunidade de desfilar novas mirabolâncias e enrolar a história pra que ela dure mais do que o necessário.<br /><br />Ainda sobre os personagens, achei muito interessante ver que as personagens mulheres não são tratadas de forma diferente, seja pelos personagens homens seja pelo roteiro. Elas estão lá como pessoas e assim são tratadas. Seus diálogos, suas ações, suas interações, não são retratadas como é comum ver em outros filmes.<br /><br />É muito comum ver em roteiros (e na vida real), mulheres sendo ignoradas, vistas como menos importantes e sem relevância nas decisões e ações, mas não em Queen Sono. Na série, as personagens tem ação, tem causa, tem agência, tem motivação próprias. Quando agem e falam, suas ações tem peso e são levadas em consideração, ao invés de serem diminuídas ou simplesmente desconsideradas. Não há homens que ignoram as mulheres simplesmente porque são mulheres.<br /><br />E o que é interessante, tudo isso é feito de uma forma bem natural. Muitas vezes, percebo que muitas obras artísticas que tentam reproduzir isso o fazem de uma maneira bem forçada. Há em muitas obras um ar de proselitismo, uma tentativa de didatismo que chega a ser piegas e que pode acabar afastando um público que se desejava conquistar.<br /><br />Queen Sono não tem diálogos expositivos que servem apenas para que os roteiristas possam discursar suas opiniões e intenções. Suas personagens falam o que tem que falar, e fica a cargo da pessoa espectadora perceber que o que se tem ali são pessoas comuns com motivações próprias. Se isso lhes causar algum estranhamento, fica a cargo delas entender que não são as personagens que estão agindo fora da expectativa, mas suas expectativas que estão fora das personagens.<br /><br />E se falo das relações entre os personagens, não posso deixar de citar as tensões raciais que permeiam a história. O apartheid é uma lembrança vívida que tenho da infância, por ter sido um tema comum nos jornais da época (os anos finais do apartheid coincidem com o início da minha adolescência). Mas apesar de vívida, é apenas uma lembrança descontextualizada e sem noção do peso que carrega. Ver que a segregação e a discriminação são temas tão presentes na série serve para me lembrar que o apartheid pode ter sido abolido legalmente na África do Sul, mas o racismo continua firme e forte. A sequência que mais me chamou a atenção em relação a esse ponto é em que Queen Sono vai até a casa do assassino de sua mãe após a morte dele.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-1AZG0mk0kKwo7mWEu6ESPHpzEQKrxi_9p2KSvtEr_Vg_gUHfUs9p7isDQfq4xaHBJw5YpSbfFMl98DNPNSaLqDjqMKIzvEiR-V10D_cYt5I_Ycq1bKguaSlonlMY5eUTY0hvGYVK_Api/s720/logo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="346" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-1AZG0mk0kKwo7mWEu6ESPHpzEQKrxi_9p2KSvtEr_Vg_gUHfUs9p7isDQfq4xaHBJw5YpSbfFMl98DNPNSaLqDjqMKIzvEiR-V10D_cYt5I_Ycq1bKguaSlonlMY5eUTY0hvGYVK_Api/w193-h400/logo.jpg" width="193" /></a></div><br />Mais um ponto que me agradou foi a série mostrar aspectos de países africanos que fogem das batidas temáticas de fome-e-pobreza e de natureza-selvagem, e que apontam sempre para o exotismo. O que se vê em tela são cidades e locações diferentes do lugar comum, fugindo de estereótipos tão bem consolidados. Cidades modernas, alta tecnologia, tudo bem distante do que se costuma ver em produções comerciais.<br /><br />Com um porém importante: não é que a série seja higienizada. Há a pobreza, há a sujeita, há os guetos, mas a série não se resume a isso nem se escora nisso para alcançar a simpatia do espectador, vendendo uma imagem simplista.<br /><br />Por fim, e talvez o mais importante, o que me prendeu aos episódios foi a beleza estética da série. Os trabalhos de arte e fotografia chamaram muito minha atenção desde o início. Independente da história sendo contada, o que estava sendo apresentado na tela era de encher os olhos. Cinematográfica e esteticamente falando, a série é belíssima. A estética dos países africanos está presente em toda a série, e sua beleza e diversidade chamam a atenção em diversos momentos. A trilha sonora também me agradou muito.<br /><br />Acredito que, mais que tudo, foi essa beleza constante que meu prendeu à série do início ao fim. Queen Sono tenha sido, talvez, como o pôr do sol quando eu saía das barcas no centro de Niterói e ia caminhando para o campus da UFF no Gragoatá. Era impossível não parar pra admirar, e só continuar a caminhada depois que terminasse, mesmo que chegasse um pouco atrasado na aula.<br /><br />Afinal, apreciar beleza não é desperdício de vida.<br /> </div>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-69291803919111796572021-08-20T19:56:00.001-03:002021-08-20T20:07:08.670-03:00Como Restaurar um Programa de 16 bits<p></p><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Só
pelo título, dá pra desconfiar que os próximos parágrafos serão bem
técnicos, não? Se jargão de tecnologia não é sua praia, talvez você prefira ler <a href="http://osarcofago.blogspot.com/2015/03/as-fotos-de-elisa.html">um pouco de ficção</a>.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">A
história é a seguinte: <a href="http://osarcofago.blogspot.com/2021/06/projeto-limite.html">como já contei</a>, estou realizando um trabalho na
UFF de arqueologia digital, extraindo o conteúdo de um cd-rom criado
nos anos 90 para <a href="http://limite.uff.br/">transformá-lo em um site</a>, porque ele não roda mais nos
sistemas atuais. Por ser um programa de 16 bits, ele só roda até o
Windows XP, porque a partir do Windows Vista esse suporte começou a ser
removido. A versão 64 bits do Windows 10 já não tem mais esse suporte,
nem como opcional. Então, pra realizar essa extração, precisei usar vários
programas que me permitiram acessar o conteúdo desse cd. Daí que achei
que valia a pena compartilhar esse conhecimento, pois tenho certeza de
que não sou o único que passa por esse problema.</span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">A
extração dividiu-se em quatro partes: a emulação de um Windows 98 (pra
poder rodar o programa), a extração dos textos, a extração das imagens e
a extração dos vídeos e músicas. Vou detalhar cada uma delas a
seguir. Ao longo do texto, há vários links pros programas, e lá no
final tem uma lista de todos eles.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><span style="font-size: large;"><b>Parte 1. Emulando o Windows 98</b></span><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Pra
conseguir rodar o programa, tive que criar uma máquina virtual e
instalar nela um Windows 98. Quem me ajudou nessa tarefa foi o
<a href="https://sourceforge.net/projects/jdosbox/">jDosBox</a>. E já fica a dica: pra usar esse cara é preciso saber usar
comandos do DOS. Como já tem alguns anos que fiz isso, não lembro de
todos os detalhes, mas lembro o suficiente pra indicar o caminho a
seguir. A primeira coisa que fiz foi configurar uma imagem de HD que eu
iniciava com o jDosBox, com uma configuração que me permitia ter uma
pasta do meu HD real compartilhada como uma unidade dessa máquina
virtual. Nessa pasta eu coloquei o instalador do Windows 98 e então por
dentro da máquina virtual fui copiando os arquivos dessa pasta pra
minha imagem. <br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Aqui
destaco um detalhe importante, algo que demorei para entender como
funcionava, e que pode economizar muito tempo no processo. É muito mais
rápido copiar os arquivos em pequenos grupos, ao invés de copiar muitos
de uma vez só. Não se atreva a fazer um <span style="font-family: courier;">copy *.*</span>. É que a cada
arquivo copiado, o tempo de cópia vai ficando maior, não importa o
tamanho do arquivo. Os números não são estes, mas o exemplo serve: o
primeiro arquivo leva um segundo, o quinto arquivo já leva três, o
décimo arquivo já leva quinze segundos. Nesse esquema, copiar cem
arquivos é impossível. Então é mais fácil ir copiando no máximo de dez
em dez arquivos.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Tendo
feito a cópia do instalador pra minha imagem, ajustei os parâmetros da
máquina virtual pra deixar de ter a minha pasta compartilhada com ela e
pra que ela desse boot a partir desse instalador. Com isso, consegui
instalar o Windows 98 na máquina virtual. Em seguida, voltei as
configurações para ter a pasta compartilhada e então fiz a cópia do
conteúdo do cd-rom pra máquina virtual. Assim pude, finalmente,
executar o programa em um Windows 98, sem problemas de compatibilidade.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Uma
outra dica pra economizar tempo: nessa de ter que configurar a máquina
virtual de duas maneiras diferentes, ao invés de ficar modificando o
arquivo de configuração quando fosse necessário, eu tinha duas cópias
dele, cada uma com uma configuração específica. Daí ia renomeando os
arquivos conforme a necessidade.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><b><span style="font-size: large;">Parte 2. Extração dos textos</span></b><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Emular
o programa a partir do jDosBox traz um contratempo importante: não é
possível dar um <i>ctrl c</i> no Windows emulado e depois colar no Windows 10.
Se fosse assim, seria fácil extrair os textos do programa. Quer dizer,
seria fácil, se eu pudesse selecionar os textos no programa para dar um
<i>ctrl c</i>, o que ele não permitia.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Na
impossibilidade de usar <i>ctrl c ctrl v</i>, o primeiro caminho que pensei
foi em tirar prints das telas do programa, a partir do próprio Windows
10, recortar os textos e usar algum programa de OCR neles. Mas consegui
seguir por outro caminho, bem menos trabalhoso.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Pra
isso, usei o <a href="https://code.visualstudio.com/">Visual Studio Code</a>, e com ele abri os arquivos executáveis
como se fossem arquivos de texto. Sim, tem um monte de lixo ali
misturado, por conta da codificação do executável, mas dei a sorte de
que os textos do programa estavam todos fáceis de encontrar, sem
qualquer codificação. Foi só questão de procurar por eles, selecionar e
copiar.</span></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><img border="0" data-original-height="68" data-original-width="735" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnZXYa2FuYxp6rKRKCAopTIQT1IctwF-ZepVCwmez8-7Riy-L7jh9vOSp22lxbpFN1tjITUEabXSosCfxTpQ1uE3fUEuzsO2NhSkJoqDY_fcA7ltQcTCyJWKkIZbg3kdp_h4Lq0NXaQ232/s16000/print1.PNG" /></span></div><p></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Claro,
a cópia não estava 100% limpa. Em alguns casos, o texto vinha com
alguns caracteres de controle no meio, então eu tive que fazer uma série
de substituições para limpá-los. Além disso, como o programa é
trilíngue, ele tem três executáveis, um pra cada idioma. Na hora de
revisar os textos em francês, tive que ter uma atenção especial com o
caractere œ (as letras "ó" e "é" unidas em uma só, como em <a href="http://www.coeurdepirate.com/">Cœur de Pirate</a>), que o Visual Studio Code não interpretou corretamente e
omitiu. A mesma coisa aconteceu com os textos em inglês, onde ele
omitiu alguns apóstrofos.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><b><span style="font-size: large;">Parte 3. Extração das Imagens</span></b><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_UB_3qJn-Hd121R-AMp3uBzgmK4HClPswPS8i8Siq4Eq37ps10-KUpNyVhgZoOuoR0Wt94B_pjHplAWh1AWs4vDD1D0v7zorCMUQnVEJdJP6bxDFOzQ4NFTpmxY2-IHhm4jdhMmCgbKCO/s672/print2.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="672" data-original-width="368" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_UB_3qJn-Hd121R-AMp3uBzgmK4HClPswPS8i8Siq4Eq37ps10-KUpNyVhgZoOuoR0Wt94B_pjHplAWh1AWs4vDD1D0v7zorCMUQnVEJdJP6bxDFOzQ4NFTpmxY2-IHhm4jdhMmCgbKCO/w219-h400/print2.png" width="219" /></a></span></div><span style="font-size: medium;">Pra
extração das imagens e fotos usei duas técnicas diferentes. A primeira
delas foi extrair as imagens que foram empacotadas diretamente nos
executáveis. Minha primeira tentativa nesse sentido foi tentar abrir o
executável usando o <a href="https://www.7-zip.org/download.html">7Zip</a>. Alguns executáveis modernos podem ser abertos
assim, mas não foi o caso. O 7Zip não reconheceu a estrutura dos
executáveis do meu cd.<br clear="none" /></span><p></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Parti
então para buscar programas que fossem capazes de fazer esse trabalho.
Encontrei vários, mas apenas o <a href="https://www.multiextractor.com/">MultiExtractor</a> foi capaz de interpretar
os executáveis e listar as imagens disponíveis para extração. E aqui
tive dois revezes.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">O
primeiro deles é que o MultiExtractor era uma versão gratuita que
permite apenas a extração de cinco imagens. De nada adiantava
desinstalar e instalar novamente, porque ele mantinha em algum canto da
máquina o registro de que eu já tinha extraído as cinco imagens a que
tinha direito. Pra enganá-lo, apelei para mais um subterfúgio: a
<a href="https://www.targethd.net/windows-sandbox-o-que-e-para-que-serve-e-como-ativar-no-seu-pc/">Sandbox do Windows 10</a>.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Eu
executava a Sandbox, copiava pra ela o executável do cd-rom, instalava
nela a versão gratuita do MultiExtractor, extraía cinco imagens,
fechava a Sandbox e abria uma nova. Como uma nova Sandbox é uma máquina virtual que não
tem informações de execuções anteriores, eu podia instalar o
MultiExtractor de novo e extrair mais cinco imagens. Repeti o processo
algumas dezenas de vezes.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Depois
de extrair todos os arquivos, parti pra convertê-los pra png, porque o
formato original era wmf. Procurei por vários programas pra fazer a
conversão em lote, mas os poucos que reconheciam o formato wmf não
faziam a conversão correta, e mudavam as dimensões do arquivo,
deixando-o esticado. Terminei tendo que fazer um a um, na mão, usando o
Paint. Eu abria o arquivo wmf no Paint e usava o comando Salvar Como
para salvar no formato .png.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Mas
tinha o segundo revés: o MultiExtractor não encontrou todas as imagens
disponíveis no programa, então eu tive que partir de novo pra força
bruta: tirar prints. Com o programa do cd-rom rodando no jDosBox, eu
abria uma tela com uma imagem a ser extraída, tirava um print, colava no Paint, fazia os recortes
necessários e salvava.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><b><span style="font-size: large;">Parte 4. Extração dos vídeos e músicas</span></b><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Essa
foi a parte menos trabalhosa. Como os arquivos de áudio e vídeo não
foram empacotados nos executáveis, eles estavam disponíveis para acesso
na estrutura de pastas do cd-rom. Foi só uma questão de copiá-los.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">No
caso dos arquivos de vídeo, tive que reconverter todos eles, porque os
arquivos originais estavam usando um codec que o Windows não reconhecia
mais. Pra isso, usei a versão gratuita do <a href="https://www.any-video-converter.com">Any Video Converter</a>. Foi um
trabalho bem fácil, porque a conversão foi em lote, e converti todos os
quase 400 arquivos num clique só.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><br /><span data-mce-style="font-size: 24px;"><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><b><span style="font-size: large;">Rebarba Final. Links pra quem quer links</span></b><br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;">Ao longo do texto estão espalhados os links pros programas que eu cito. Pra facilitar a busca, reúno todos aqui no final:<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><a href="https://sourceforge.net/projects/jdosbox/">jDosBox</a>, pra criar uma máquina virtual onde instalei o Windows 98 e o programa Limite.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><a href="https://code.visualstudio.com/">Visual Studio Code</a>, pra abrir os arquivos executáveis como texto.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><a href="https://www.multiextractor.com/">MultiExtractor</a>, pra extrair imagens empacotadas nos executáveis.</span></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><a href="https://www.targethd.net/windows-sandbox-o-que-e-para-que-serve-e-como-ativar-no-seu-pc/">Sandbox do Windows</a>, pra criar uma máquina virtual com Windows 10 zerada.<br clear="none" /></span></span></p></div><div><p><span style="font-size: medium;"><span data-mce-style="font-size: 24px;"><a href="https://www.any-video-converter.com">Any Video Converter</a>, pra converter arquivos de vídeo pra tecnologias mais novas.<br clear="none" /></span></span></p></div>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-80252446056412684202021-07-31T11:25:00.002-03:002021-07-31T11:26:44.206-03:00Da Cinemateca Brasileira<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFlaJfBgdysf9R1vYoCR0A3peJ2Qg4H185XDBOxUZXW0VRdS8AcLirxPoElHnO3JjG_YawSwTounX9-jNP_3WmLMgpQgko-3KiLA6UJYYKWtiwNZg-JZTyUAcThkWeP3pIx7jXv8BB2nE1/s751/incendio.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="751" data-original-width="228" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFlaJfBgdysf9R1vYoCR0A3peJ2Qg4H185XDBOxUZXW0VRdS8AcLirxPoElHnO3JjG_YawSwTounX9-jNP_3WmLMgpQgko-3KiLA6UJYYKWtiwNZg-JZTyUAcThkWeP3pIx7jXv8BB2nE1/w194-h640/incendio.jpg" width="194" /></a></div><span style="font-size: 16pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Em março, durante as aulas de Preservação
Audiovisual na UFF, com o professor Fabián Núñez, recebemos a visita de <a href="https://inesaisengartmenezes.com/">Ines Aisengart</a>, pesquisadora do tema.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ela
trabalhou na Cinemateca Brasileira até 2020, quando o governo demitiu todo
mundo e meio que lacrou o órgão, deixando os arquivos à própria sorte.</span><span style="font-size: medium; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O material armazenado nos arquivos da Cinemateca
precisa de observação constante, para acompanhamento do seu estado e de um
controle rigoroso de temperatura e umidade.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Não apenas o material é inflamável, como parte dele, os filmes antigos
feitos de nitrato, pode entrar em combustão espontânea se as condições permitirem.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>De acordo com Ines, não havia ninguém
trabalhando nisso, e ninguém tinha muita noção do que estava acontecendo lá dentro.</span></p><span style="font-size: medium;">
</span><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O incêndio esta semana não foi surpresa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não era uma questão de "se", era
uma questão de "quando".</span><span style="font-size: 16pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><br /></span></p>
Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-56479695332175860752021-07-09T21:26:00.001-03:002021-07-09T21:26:14.027-03:00Dos Links no Zap<p>A não ser que faça parte de uma conversa, qualquer link que chega pra
você pelo zap é roubada, é enganação, é trambique. Sempre, sempre,
sempre.<br /><br /></p><p style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><b>SEMPRE</b></span><br /></p><p><br />Uma coisa é "<i>amiga, li esse artigo aqui
sobre o tema tal, e acho que você vai gostar de ler isso aqui, porque
tem tudo a ver com aquilo que a gente tava conversando esses dias: www
blá blá blá.</i>"<br /><br />Outra coisa é um link avulso, sem qualquer
comentário pessoal, dizendo que "<i>as Lojas Americanas estão fazendo uma
promoção e dando máscara de graça, é só clicar pra responder a pesquisa.
www blá blá blá</i>"<br /><br />Faça um favor pra você e pra todos:<br /><br /></p><p style="text-align: center;"><span style="color: red;"><span style="font-size: large;"><b>NÃO<br />COMPARTILHE</b></span></span></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-17239879471254458212021-07-02T19:38:00.003-03:002021-07-02T19:38:54.650-03:00Sobre uma Bandeira no Piano<p><span data-mce-style="font-size: 18px;" style="font-size: 18px;">Quando
rolou a copa do mundo de futebol em 2002, o dono da loja onde eu
trabalhava resolveu enfeitar a loja de verde e amarelo. Ele comprou
umas bandeiras brasileiras tão bem feitas e tão bonitas que eu pedi para
ele comprar mais uma pra mim. Essa bandeira já me acompanhou em vários
shows e em casa sempre cobriu o meu teclado. Hoje cobre o piano.</span><span data-mce-style="font-size: 18px;" style="font-size: 18px;"> </span></p><p><span data-mce-style="font-size: 18px;" style="font-size: 18px;">Daí
que depois de umas arrumações aqui em casa, o piano passou a ficar
atrás de mim, enquanto estou no computador, ficando visível pras pessoas
quando estou em reuniões online.</span><span data-mce-style="font-size: 18px;" style="font-size: 18px;"> </span></p><p><span data-mce-style="font-size: 18px;" style="font-size: 18px;">Resultado:
pessoas desconfiadas da minha boa educação, achando que eu seja
apoiador do presidente. Os amigos de longa data interrompiam as
conversas pra perguntar. Já escolado, nas novas turmas que começaram
recentemente eu já cheguei avisando, o que em todas as vezes causou um
alvoroço, com a galera aliviada, admitindo que estavam desconfiadas.</span><span data-mce-style="font-size: 18px;" style="font-size: 18px;"> </span></p><p><span data-mce-style="font-size: 18px;" style="font-size: 18px;">Taí o poder dos símbolos.<br data-mce-bogus="1" /></span></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-20300956670860575692021-06-27T08:07:00.000-03:002021-06-27T08:07:27.775-03:00Da Causa LGBTAssim como não preciso ser árvore pra ser contra o desmatamento, assim como não preciso ser criança pra ser contra a pedofilia, assim como não preciso ser negro pra ser contra o racismo, não preciso ser gay pra ser contra a homofobia.<br /><br />Mas mesmo sem esse raciocínio, tenho motivos para que a luta contra a homofobia também seja minha: as muitas pessoas artistas e profissionais que admiro e que são gays. Lulu Santos, Miguel Falabella, Liniker, Marco Nanini, Brandi Carlile, Beatrice Martin, Elton John. A lista é grande. E impulsionado por essa admiração, acredito que todas essas pessoas tem o direito de serem respeitadas. Negar seu direito e sua liberdade de serem quem são seria incoerente com a admiração que tenho por elas. Portanto, essa luta também é minha, porque se fere a existência delas, serei resistência.<br /><br />Mas mesmo sem esse raciocínio, tenho motivos para que a luta contra a homofobia também seja minha: as muitas pessoas amigas que são gays. No meu círculo de amizades, há uma outra grande lista de pessoas que amo que são gays. Negar seu direito e sua liberdade de serem quem são seria incoerente com o amor que tenho por elas. Que eu viva em uma sociedade que me permite casar legalmente e demonstrar carinho pela minha esposa em público, que nosso amor seja reconhecido e respeitado ao invés de demonizado, que eu e minha esposa tenhamos diversos resguardos legais... mas na qual meus amigos não tenham, pra mim é inaceitável. Portanto, essa luta também é minha, porque se fere a existência daqueles quem eu amo, serei resistência.<br /><br />Mas mesmo sem esse raciocínio, tenho motivos pra que a luta contra a homofobia também seja minha: <a href="http://osarcofago.blogspot.com/2012/06/sobre-ser-fa-de-elton-john.html">porque sofro com ela</a>. Meus gostos musicais, minha postura, minhas opiniões, as palavras que escolho usar, as coisas que escolho estudar, tudo já foi ou é motivo para que eu sofra búlin, sendo chamado de gay. Isso em vários ambientes sociais (uma exceção, devo destacar, é a minha turma na UFF, esse é um dos motivos para amá-los tanto). Incontáveis foram as vezes que ouvi besteira vindo de pessoas, inclusive muito próximas, questionando minha masculinidade. Claro, muitas dessas besteiras foram ditas com <i>o carinho de quem quer o meu bem</i>, sem terem a mínima sensibilidade do quanto feriam. Portanto, esta luta também é minha, porque se fere minha existência, serei resistência.Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-38804781911199224772021-06-04T08:00:00.001-03:002021-06-04T08:00:00.203-03:00Projeto Limite<p></p><p>Ainda no primeiro ano do meu curso de cinema na UFF, durante as aulas do professor Tunico Amâncio tive contato com um cd-rom chamado Estudos Sobre Limite.</p><p>Limite é um filme que foi escrito e dirigido por um xará meu, o Mário Peixoto, no início da década de 1930. Experimental, "filme-cabeça", foi um fiasco comercial e então esquecido. Anos mais tarde, foi redescoberto, tornou-se cult e hoje é considerado pelos críticos um dos filmes mais importantes da cinematografia brasileira.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwmthe5gr6O5fZHeZKsFpzFNWsuwTUBf2sjpaaoEJ8_ye7ZPvGbxVO1zP7xa-2Fc0qHV12beCjkjKAfpghay7Of3uUfn7hV4q2inuskX_hgiqVxgdkJrDMcbBEmPQKAUCc9NNTmAPNipkS/s360/limitefilme.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="264" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwmthe5gr6O5fZHeZKsFpzFNWsuwTUBf2sjpaaoEJ8_ye7ZPvGbxVO1zP7xa-2Fc0qHV12beCjkjKAfpghay7Of3uUfn7hV4q2inuskX_hgiqVxgdkJrDMcbBEmPQKAUCc9NNTmAPNipkS/w235-h320/limitefilme.jpg" width="235" /></a></div>Já na década de 1990, o departamento de cinema da UFF, através do seu Laboratório de Investigação Audiovisual, realizou um projeto de análise do filme, que culminou na produção do cd-rom. O projeto foi capitaneado pelo professor Tunico e contou com o apoio do Arquivo Mário Peixoto. O cd traz textos críticos, fotos, biografias das pessoas envolvidas, e uma minuciosa análise plano a plano do filme inteiro. Como cereja do bolo, é trilíngue: pode ser navegado em português, inglês e francês.<p></p><p>Infelizmente, por conta da obsolescência tecnológica, o programa que está no cd-rom não roda nos sistemas mais modernos. Aquele meu primeiro contato com o projeto, que comentei lá no início, foi numa tentativa de ajudar o professor Tunico a resgatar o conteúdo do cd e apresentá-lo a nossa turma. Foi aí que descobri que ele só pode ser executado em computadores que estejam no máximo com o Windows XP. Consegui fazê-lo rodar em máquinas mais novas apenas através de uma gambiarra das boas, usando um emulador e instalando um Windows 95 nele.</p><p>Até que agora em 2021 vou poder levar a ajuda um passo adiante. Com o apoio do professor Fabián Núñes, consegui uma bolsa em um projeto de extensão, e vamos realizar um trabalho de arqueologia digital, recuperando todo o conteúdo do cd para transformá-lo em um site que vai reproduzir a estrutura do cd. Dessa forma, vamos disponibilizar de forma ampla e irrestrita um conteúdo que até agora estava perdido e esquecido.</p><p>O site <a href="http://limite.uff.br/">já existe</a>, mas por enquanto só conta um pouco da história do projeto original. A previsão de lançamento é novembro de 2021.</p><p></p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-1325135183294810932021-05-30T10:37:00.000-03:002021-05-30T10:37:25.386-03:00Julinho da Adelaide<p>Dos anos 1960 até o começo dos anos 1980, os censores do governo militar perseguiam os artistas e barravam letras a torto e a direito. Praticamente toda a geração que fundou a empebê enfrentou problemas com isso. Pra driblar a censura, os músicos faziam malabarismos com as letras, mas nem sempre funcionava. </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSOOq9RmScCwQTljDLSlH2qR55rxGoxQxrRVpa7mEM8tXXW1zaOMVoyx9p1rFz8-m2-b_6PUHFOkZp-zKbhxE-yJiM-eEp-CKWpta5Xjj97PoBnQFWS17Wwxo4PRHRCG3EWbxqTB0Un5Yn/s500/bateboca.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="500" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSOOq9RmScCwQTljDLSlH2qR55rxGoxQxrRVpa7mEM8tXXW1zaOMVoyx9p1rFz8-m2-b_6PUHFOkZp-zKbhxE-yJiM-eEp-CKWpta5Xjj97PoBnQFWS17Wwxo4PRHRCG3EWbxqTB0Un5Yn/w200-h200/bateboca.jpg" width="200" /></a></div>Numa tentativa de se esconder da perseguição ao seu nome, Chico Buarque criou então duas personas, os irmãos Leonel Paiva e Julinho da Adelaide. Juntos, os irmãos compuseram Acorda, Amor, lançada no disco Sinal Fechado, de 1974. Julinho teve uma carreira mais prolífica, compondo outras duas músicas: Milagre Brasileiro e Jorge Maravilha (dos famosos versos "você não gosta de mim, mas sua filha gosta"). <p></p><p>Mas não apenas isso. A persona de Julinho da Adelaide cresceu e ganhou publicidade. <a href="https://www.youtube.com/watch?v=jY8lvjmexwo">Em show</a>, Chico Buarque chegou a contar um pouco da história do compositor, e entrou pros anais da empebê a <a href="http://www.chicobuarque.com.br/texto/mestre.asp?pg=entrevistas/entre_07_09_74.htm">entrevista que Julinho deu</a> pro jornalista Mário Prata. Algum tempo depois, os censores perceberam que tinham sido enganados e passaram a exigir a documentação dos artistas junto das obras que eram entregues para análise. Morria ali o Julinho. </p><p>Duas décadas depois, Julinho voltou à vida discretamente. Em 1997, os grupos MPB4 e Quarteto em Cy lançaram mais um disco conjunto, <a href="https://www.deezer.com/br/album/55070132">Bate-Boca</a>, cujo repertório trazia composições de Chico Buarque e Tom Jobim. Chico canta em três faixas, mas em Biscate é creditado como Julinho da Adelaide. </p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-14346944551393459402021-04-16T07:12:00.003-03:002021-04-16T07:12:20.896-03:00Conte uma Piada<p></p><div data-contents="true"><div class="" data-block="true" data-editor="2v4g0" data-offset-key="ae2fs-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ae2fs-0-0"><span data-offset-key="ae2fs-0-0"><span data-text="true">Conte uma piada que só quem é da sua profissão vai entender.</span></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="2v4g0" data-offset-key="81h2t-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="81h2t-0-0"><span data-offset-key="81h2t-0-0"><br data-text="true" /></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="2v4g0" data-offset-key="5t1o2-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5t1o2-0-0"><span data-offset-key="5t1o2-0-0"><span data-text="true">A minha é essa:</span></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="2v4g0" data-offset-key="2te2l-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2te2l-0-0"><span data-offset-key="2te2l-0-0"><br data-text="true" /></span></div></div><div class="" data-block="true" data-editor="2v4g0" data-offset-key="c7nc2-0-0"><div class="_1mf _1mj" data-offset-key="c7nc2-0-0"><span data-offset-key="c7nc2-0-0"><span data-text="true">Existem 10 tipos de pessoas. As que entendem números binários e as que não entendem.</span></span></div></div></div>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-53442558168688292412021-03-07T20:16:00.002-03:002021-03-07T20:16:14.227-03:00Sobre Dar Trabalho e Incomodar<p>Verdade da vida #167 <br /></p><p>Quando uma pessoa que não-quer-dar-trabalho e que não-quer-incomodar
tenta não dar trabalho nem incomodar, normalmente dá ainda mais trabalho
e causa ainda mais incômodo.</p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-65086977339141726442021-02-28T17:08:00.001-03:002021-02-28T17:08:22.319-03:00Elton John Jewel Box<div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsrlgwSRLLNYplO2WYir_UPCjpzenPSPKvZToEsJCLCMLPUjWnTNF2k3RztQwobFR2y3R_6RsWhRprMR_fawdIdmLbaIcTrSWPhyphenhyphenG0beuCI6CD14pljV67FssK5RjXXmdZzjZnBeKkpEBV/s1527/1600330047jewel-box-ejcom-story.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1527" data-original-width="533" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsrlgwSRLLNYplO2WYir_UPCjpzenPSPKvZToEsJCLCMLPUjWnTNF2k3RztQwobFR2y3R_6RsWhRprMR_fawdIdmLbaIcTrSWPhyphenhyphenG0beuCI6CD14pljV67FssK5RjXXmdZzjZnBeKkpEBV/w223-h640/1600330047jewel-box-ejcom-story.png" width="223" /></a></div>Em
novembro de 2020, foi lançada uma caixa de cds do Elton John chamada
Jewel Box, com oito discos e um livro com dezenas de páginas com fotos e
comentários sobre as músicas. Esses oito discos se dividem em três
temas: músicas de carreira selecionadas pelo próprio Elton John, numa
espécie de "The Best of..." feito de músicas que não fizeram sucesso,
músicas que foram lançadas como lado B dos singles lançados desde os
anos 80, e versões demo gravadas pelo Elton John no início de sua
carreira, algumas que acabaram entrando nos discos após serem produzidas
e outras que foram abandonadas.<br clear="none" /></div><div><br clear="none" /></div><div>Este
último grupo de músicas é um tesouro pros fãs, e mostram tanto a
evolução da parceria Elton John e Bernie Taupin ao longo de seus
primeiros anos quanto a evolução do próprio Elton John como cantor, como
compositor e como pianista. Ao longo dos anos, várias dessas versões
demo foram descobertas e lançadas em coletâneas não autorizadas, fazendo
a alegria dos colecionadores. Esta é a primeira vez que elas são
lançadas oficialmente e, como já comentei, muitas delas eram
completamente desconhecidas.<br clear="none" /></div><div><br clear="none" /></div><div>Daí
que numa comunidade online de fãs do Elton John, que junta gente de
todo o mundo, o inglês Nathan se empolgou com as versões demo, que na
maior parte das faixas é só voz e piano, e resolveu remixá-las,
adicionando outros instrumentos para aproximá-las de músicas completas.
Ele começou a pegar as músicas, adicionar bateria, guitarra, cordas, e
então disponibilizava em seu canal no YouTube.<br clear="none" /></div><div><br clear="none" /></div><div>Vendo
que podia contribuir com a produção dos vídeos, entrei em contato com
ele e me ofereci pra ajudar. Ele gostou da ideia, eu peguei um trecho do
vídeo oficial do box, adicionei umas informações extras, e voilà!,
surge uma playlist no YouTube com os fanedits que ele criou até agora. O
processo de trabalho tá assim: ele faz uma primeira versão da música e
me manda, volta e meia eu dou um pitaco aqui ou ali, ele faz os ajustes
finais e eu produzo o vídeo final. A intenção é ir incrementando a
playlist de acordo com que ele for preparando novas faixas.<br clear="none" /></div><div><br clear="none" /></div><div>Ele
está colocando no canal dele e eu no meu. É tudo igual? Não. Algumas
músicas ele fez mais de uma versão, então nós escolhemos a que mais
gostamos para botar em nossos canais. Por isso, fica a dica pra
conferir o fanedit de When I Was Tealby Abbey na minha playlist, que tem
uma metaleira cantando que foi sugestão minha.<br clear="none" /></div><div><br clear="none" /></div><div>A playlist do meu canal <a href="https://www.youtube.com/watch?v=8P3GCi3AMr8&list=PLxtnnuIuoJ2AQliPCvaC8aO-dFJCeNjJn&index=1" target="_blank">está aqui </a>e a playlist do canal dele está <a href="https://www.youtube.com/watch?list=PLfBQAKFYZMOru-oFgaX__zcOsnsu_zwrT&v=D2gyhGoBWSA" target="_blank">neste link aqui</a>.<br clear="none" /></div><div>E <a href="https://drive.google.com/drive/folders/13p15B0Ustw_KHWl-sJjOmwVD4BDOOBMJ?usp=sharing" target="_blank">neste link aqui </a>estão os áudios pra quem quiser baixar.</div><div> </div><div>Ao longo das próximas semanas, vamos publicar várias outras músicas. <br /></div>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-34790162349544822462021-02-12T19:30:00.004-03:002021-02-12T19:30:38.187-03:00Um Desafio<p>O glorioso momento em que você descobre que a lixeirinha do banheiro é
daquelas de pisar pra abrir, e que ela está do lado do vaso, mais pra
trás. </p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-59522413004455543732021-02-04T07:28:00.003-03:002021-02-04T07:28:40.140-03:00Proibido Jogar Lixo<p>Moro numa vila onde moram muitas famílias. Na entrada da vila
sempre havia uma lixeira da prefeitura, onde colocávamos nosso lixo. Aí
o novo prefeito entrou, resolveu reorganizar a coleta de lixo e tirou a
lixeira. Toda a vila começou a colocar o lixo no lugar onde ficava a
lixeira e reclamações foram encaminhadas ao órgão responsável. Alguns
botam o lixo em sacos fechados, mais ou menos organizadamente, outros
colocam de qualquer maneira. O resultado foi lixo espalhado pela rua,
por conta dos cachorros.<br data-mce-bogus="1" /></p><div><br data-mce-bogus="1" /></div><div>Aí alguém foi lá e botou uma plaquinha de "Proibido Jogar Lixo".<br data-mce-bogus="1" /></div><div><br data-mce-bogus="1" /></div><div>Aí outro alguém foi lá e respondeu.<br data-mce-bogus="1" /></div><div><br data-mce-bogus="1" /></div><div><br data-mce-bogus="1" /><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigwrDz7qVk_4pM59Nz_ZfyoaqSJMKQHL_A8CNFUqpiVd8G7DhaL2fwR4jWf6s7MHHvk3bl5fVzqB8Ab-hoaa-kle_vlimPc6Q1rtPXw5XERG5fcRqE2PbfVfdqSx5P74Y6QMNPspdW9-5l/s2048/IMG_20210204_071707.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1152" data-original-width="2048" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigwrDz7qVk_4pM59Nz_ZfyoaqSJMKQHL_A8CNFUqpiVd8G7DhaL2fwR4jWf6s7MHHvk3bl5fVzqB8Ab-hoaa-kle_vlimPc6Q1rtPXw5XERG5fcRqE2PbfVfdqSx5P74Y6QMNPspdW9-5l/w640-h360/IMG_20210204_071707.jpg" width="640" /></a></div><br />Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-61640469437404828332021-01-26T08:00:00.004-03:002022-01-20T10:26:34.993-03:00O Primeiro de Abril da Record<p>Ao longo dos anos 1960, a televisão
atraía cada vez mais audiência no Brasil, com Tupi, Excelsior e Record
disputando a atenção dos telespectadores. Nessa disputa, os programas
musicais estavam entre os que mais atraíam a audiência. Entre festivais
de empebê aqui, um O Fino da Bossa ali e um Jovem Guarda acolá,
atrações internacionais tinham um grande apelo. Ray Charles, por
exemplo, desembarcou na Excelsior <a href="https://www.youtube.com/watch?v=t57lxtIMBZg" target="_blank">em setembro de 1963</a>.<br /></p><div>Eis
que durante o mês de março de 1963, a Record começa a anunciar em São
Paulo que receberia em seus estúdios um grande cantor internacional que
há anos era esperado no Brasil. A especulação correu solta, e próximo
da data marcada três nomes eram os mais cotados: o ítalo-francês Yves
Montand e os estadunidenses Dean Martin e Frank Sinatra. Os três eram
grandes nomes do cinema e da música.<br /></div><div><br /></div><div>De
acordo com o jornal <a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=386030&pagfis=87863" target="_blank">Última Hora</a>, do Rio de Janeiro, no dia marcado
pra apresentação a rede começou a veicular chamadas pro programa
mostrando uma silhueta que lembrava muito Frank Sinatra. Jornalistas
ficaram em polvorosa querendo conseguir mais informações. Amigos
brasileiros do Frank Sinatra foram procurados pra tentar desvendar o
mistério. O mesmo Última Hora <a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=386030&pagfis=87844" target="_blank">noticiou</a> que o cantor teria sido
visto de relance na sacada da casa de Paulo Machado de Carvalho, o
diretor da Record. Algumas horas antes da apresentação, um carro saiu
em fuga da casa do diretor em direção aos estúdios da emissora. O
jornal Correio da Manhã <a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=089842_07&pagfis=38494" target="_blank">fala dessa fuga</a>, e Zuza Homem de Melo conta
em <a href="https://amzn.to/363PH77" target="_blank">A Era dos Festivais</a> os bastidores do corre-corre: ele era o
motorista.<br /></div><div><br /></div><div>Conforme
<a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=090972_11&pagfis=15278" target="_blank"> conta o Correio Paulistano</a> do dia seguinte, a transmissão começou
às dez e meia da noite do dia 31 de março, mas nada do cantor aparecer.
A emissora ficou enrolando por uma hora e meia, quando finalmente o
show começou. De acordo com a <a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=004120&pagfis=49974" target="_blank">revista Manchete</a>, <i>quando o vídeo mostrou a
silhueta de um homem vestindo um chapéu tirolês, capa, trazendo numa
das mãos um cigarro acesso e na outra, um copo de uísque, o auditório
lotado foi sacudido por uma onda de entusiasmo: era Frank Sinatra</i>.
Entretanto, quando as luzes se acenderam veio o choque: a figura esguia
e elegante era <a href="https://youtu.be/SOK9LxRVwE0" target="_blank">Duke Hazlett</a>, sósia de Frank Sinatra. Já passava
de meia noite, já era o dia primeiro de abril.</div><div> </div><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEo-_8z7wvSe-cuqbaT3lJDpjHY-9O44ffY6FlPC8d_1o_X61-iGLbFhiPKOHJ1WSnXKg9U8vwoQkVR44AHUZQiVkWmW0ugeiPFPmaVcJqVbtFjrgm1pvZmOMhPRT7uKIs78XudcpJrsN3/s611/Duke+Frank.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="303" data-original-width="611" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEo-_8z7wvSe-cuqbaT3lJDpjHY-9O44ffY6FlPC8d_1o_X61-iGLbFhiPKOHJ1WSnXKg9U8vwoQkVR44AHUZQiVkWmW0ugeiPFPmaVcJqVbtFjrgm1pvZmOMhPRT7uKIs78XudcpJrsN3/s16000/Duke+Frank.png" /></a></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: center;"><i>Frank e Duke. Você sabe dizer quem é quem?</i><br /></div></div></div><div><br /></div><div> </div><div>Ao
que parece, as brincadeiras de primeiro de abril eram algo comum. O
jornal Correio da Manhã, ao contar a história do Frank Sinatra falso
da Record, <a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=004120&pagfis=49974" target="_blank">relembra que em ano anterior</a> houve uma transmissão falsa de
um jogo do São Paulo na Itália. De qualquer maneira, a brincadeira não
foi muito bem recebida. O que não faltou foi <a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=386030&pagfis=87865" target="_blank">nota</a> nos jornais
<a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=089842_07&pagfis=38613" target="_blank">destacando</a> a insatisfação dos paulistas com a <a href="http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=221961_04&pagfis=19610" target="_blank">brincadeira</a>.<br /></div><div><br /></div>Frank
Sinatra só foi pisar em terras tupiniquins em 1980, pra apresentações no Rio de Janeiro, incluindo uma noite histórica no <a href="https://youtu.be/bv9nxkb0m4Q" target="_blank">Maracanã</a> pra mais de 170 mil pessoas. Hoje, aliás, essa apresentação faz 41 anos.Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-2871684668226738872021-01-15T21:16:00.000-03:002021-01-15T21:16:05.896-03:00Sobre Mangas e Hipóteses<p>Imagine que você fale que vai chupar uma manga e uma pessoa comece a rir de você, questionando sua sanidade mental. </p><p></p><blockquote><i>Como assim chupar uma manga?! Vai ficar lambendo a camisa, vai? Prefere algodão ou cetim? ha ha ha ha</i></blockquote><p></p><p>Se fosse um estrangeiro que não tenha um vocabulário muito bom de português, vá lá, dá pra entender a confusão. Você ensina que manga tem dois significados e tudo bem. Mas e se fosse um brasileiro? Com boa vontade, dá pra entender a confusão ou a vontade de fazer piada de tiozão do pavê. Mas a partir do momento em que você explica que quando fala de manga você está falando da fruta, não tem mais sentido a pessoa ficar rindo de você. </p><p>Continuar falando que você é uma pessoa doida, que quer comer pano, e se negar a aceitar o sentido que você está usando, é, no mínimo, demonstração de má vontade e também de uma boa dose de mau-caratismo. </p><p>Concordamos com isso? Beleza. </p><p>Se a gente fosse ficar puxando exemplos de outros palavras, podíamos ficar aqui até amanhã de manhã. Pinto, verão, caixa, bala. A carteira, sentada na carteira com a carteira no bolso. </p><p>Mas o objetivo aqui é chegamos a um acordo de que é mau caratismo a pessoa forçar o uso de um significado quando é outro que está sendo empregado. </p><p>Se chegamos a um acordo, vamos falar de outra palavra, então. </p><p>Teoria. </p><p>Teoria é uma palavra que tem dois sentidos bem distintos. </p><p>O primeiro deles é sinônimo de hipótese. Acontece um acidente, um avião cai, mas ninguém sabe o motivo. Surgem diversas hipóteses: falta de combustível, falha no motor, o piloto passou mal. Várias hipóteses, várias teorias. </p><p>Mas há o segundo sentido pra palavra teoria, que é o sentido de corpo de conhecimento sobre um determinado assunto. Um exemplo fácil é quando falamos em teoria musical. Quando falamos em teoria musical, não estamos falando que música é uma hipótese, que pode ou não ser verdade, que pode ou não ser comprovada, mas sim de todo o conhecimento que temos sobre música. Escalas, notas, intervalos, partitura, contagem de tempo, formação de acordes. </p><p>Lembro muito da época da escola, quando nas aulas de educação física a gente ficou em sala de aula durante uma hora e meia estudando as regras do vôlei. No final a turma já estava indócil, perguntando ao professor quando é que a gente ia sair da teoria e ir pra prática. Ou seja, quando que a gente iria parar de estudar os conceitos e regras do vôlei e iríamos pra quadra efetivamente jogar o jogo. </p><p>Tudo certo até aqui? Ok.
Pois bem, tudo isso até aqui foi uma enorme introdução pra falarmos de teoria da evolução. </p><p>Muita gente desdenha e desfaz da evolução das espécies por conta de se falar em teoria da evolução, alegando que <i>"ah, é só uma teoria, não vou acreditar nisso"</i>, como se teoria, aqui, tivesse o sentido de hipótese. </p><p>Mas não. </p><p>Quando se fala em teoria da evolução, a acepção da palavra aqui é a de corpo de conhecimento. Ou seja, não é "hipótese da evolução", mas sim "tudo e que já sabemos, o corpo de conhecimento que temos sobre a evolução". </p><p>Portanto, se você concordou comigo lá em cima que é mau caratismo insistir num sentido de uma palavra depois de saber que o que está sendo usado é outro sentido, e se você é daqueles que fala que evolução <i>"é só uma teoria"</i>, já sabe que precisa mudar seus argumentos.</p>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5823485210032952738.post-50136616889052358102021-01-07T11:29:00.002-03:002021-01-07T11:29:48.157-03:00Canção da Inspiração que Não VemEm 27 de março de 1965 estreava na TV Excelsior o I Festival da Música Popular Brasileira, iniciando a febre dos festivais que deram origem à <a href="https://osarcofago.blogspot.com/2012/05/o-que-e-mpb.html">empebê</a> e que duraram até o início dos anos 80. Alguns dias depois, na revista Uh, do jornal Última Hora, Stanislaw Ponte Preta <a href="http://memoria.bn.br/DocReader/386030/108467">usou sua coluna</a> para criticar a atração. Curioso ver que um de seus destaques negativos acabou levando o primeiro lugar no festival: Elis Regina com Arrastão.<p>
Taí o texto da coluna, que foi publicada com o título Canção da Inspiração que Não Vem.<p>
<i>Como eu quase entrei nessa fria de pertencer ao júri que está selecionando as canções para o "I Festival da Música Popular Brasileira", andei me interessando pelo concurso que se iniciou em Guarujá, prosseguiu em São Paulo, continuou no Quitandinha e terminará no Teatro Excelsior (ex-Cine Astória), casa que Tia Zulmira apelidou de Universidade da Sandice.<p>
Guerreiros, eu vi... Fiquei sentado numa poltrona cômoda, tomando refresco de maracujá para não ter um troço e fui ouvindo as músicas selecionadas para concorrer a um prêmio de 10 milhões de cabrais - o maior prêmio que se conferiu até hoje a uma canção, neste País - num concurso pomposo e cheio de lantejoulas.<p>
Dizem que os nossos melhores compositores populares se inscreveram (anonimamente, como manda o regulamento) para apanhar essa erva e se isso é verdade, o caso é mais lamentável ainda. Faz muito tempo que eu não vejo tanta musiquinha ruim desfilando no vídeo lá de casa. E não se diga que estavam sendo mal interpretadas. De jeito nenhum. Embora a orquestra sob a direção de Sílvio Mazzuca chateie um pouco a gente pela pomposidade vã das orquestrações, os cantores eram o fino dos intérpretes nacionais. Tirante Dona Elis Regina, que imita o Lennie Dale e fica só berrando e mexendo com os braços, os outros cantores fizeram misérias para safar a onça com aquelas canções que lhes deram para cantar. Alaíde Costa, por exemplo, cantou maravilhosamente uma dessas canções de "avant garde" da bobagem, cuja letra não quer dizer nada e a melodia é uma introdução longa. Dessas que quando a gente pensa que vai entrar na melodia, a coisa acabou. Aliás, 99% das canções do concurso são assim. Mas - eu dizia - Alaíde cantou maravilhosamente. Elisete também, Marisa idem e vários outros (Altemar Dutra, Hugo Santana, Márcia, etc.) fizeram força para classificar os números sob sua interpretação, mas era muito difícil, para a maioria. O júri, coitadinho, cumpriu o seu dever e escolheu as menos ruins, mas tenho certeza de que todos os jurados que entraram nessa fria devem estar achando chatíssimo ter que aguentar a xaropada até o fim. O cantor Hugo Santana chegou a encher as bochechas e exclamar "Uf" quando acabou de cantar o que (salvo engano) é uma das menos inspiradas composições de um dos nossos melhores compositores populares: Joubert de Carvalho.<p>
Enfim, o I Festival da Música Popular Brasileira parece ter sofrido influência do Festival da Besteira que assola o País.<p>
P.S. - Dorival Caimi ouviu comigo e também achou o fim.</i>Mário Marinatohttp://www.blogger.com/profile/16140659448436511069noreply@blogger.com0