Série Operação Cavalo de Tróia - Final

Claro que tudo isso que falei é um resumo bem impróprio de tudo o que se passa em todos aqueles quilos de páginas. Só mesmo lendo para entender o que na verdade é a Operação Cavalo de Tróia.

Apesar de contradizer muita coisa que está na Bíblia, Benítez acrescenta muito mais. Digamos que, de todos os acontecimentos narrados, apenas 5% estejam de acordo com a Bíblia; uns 35% são contradições e todo o resto são fatos novos inexistentes na Bíblia, como, por exemplo, a infância e adolescência de Jesus.

Todos estes acréscimos têm sua base no que diz o evangelho de João, em seu último versículo: "Jesus fez ainda muitas outras coisas: se as escrevessem uma a uma, o mundo inteiro não poderia, penso eu, conter os livros que se escreveriam". Este versículo, aliás, é a primeira coisa que se lê no primeiro volume da série.

Só pra repetir algo que eu já tinha dito quando li o primeiro livro: os livros são interessantíssimos, pois nos mostram um Jesus humano, sábio e amável. Mesmo sabendo que o livro é ficção, dá pra sentir que muita coisa dita sobre Ele pode, sim, ser verdade, e ajuda a formar melhor a sua imagem em nossas mentes.

Como já falei antes, o sétimo volume acabou de ser lançado na Espanha. Imagino que este último volume narre todo o período de pregação de Jesus e o retorno de Jasão e Eliseu ao presente. Talvez até mesmo venha por aí um oitavo volume, chuto eu, para mostrar o desenrolar das coisas depois do retorno, fechando, imagine só, com Jasão entrando em contato com o Benítez, o que fecharia um ciclo nos livros. Seria a maior sacanagem do século: todos os livros da série te fazem querer ler o próximo, e o último remete ao primeiro. Seria uma história cíclica.

De qualquer maneira, se no sétimo volume os aventureiros não voltarem ao presente, podem ter certeza de que o oitavo vai sair alguns anos depois. Benítez é, com certeza, um grande contador de histórias.

Série Operação Cavalo de Tróia - Parte IV

Volume 4 - Nazaré

Publicada em 1989, é uma continuação da segunda parte do diário de Jasão. É basicamente uma longuíssima sucessão de conversas entre ele e família de Jesus, intercaladas com o desenrolar dos eventos que ocorreram em Nazaré no período que vai da aparição no Monte das Bem-Aventuranças à ascensão de Jesus. São mais de 350 páginas onde conhecemos em detalhes a infância e adolescência de Jesus.

Este volume traz, na minha opinião, o trecho mais belo de toda a narrativa de toda a coleção: o momento em que Jasão explica a Maria quem ele é e de onde ele veio. Ficção ou realidade, é uma das mais bonitas alusões à mensagem de Jesus.

A diagramação segue o esquema dos outros livros, mas a revisão é péssima. O número de erros que encontrei chega a lembrar os jornalecos da minha cidade, que têm a média de 5 erros por página. Realmente triste ver tantos. As notas explicativas continuam sendo notas de rodapé.


Volume 5 - Cesaréia

O quinto volume da série só saiu em 1996, depois de anos que silêncio. No próprio livro, em sua introdução, Benítez diz que demorou tanto assim porque tinha medo, porque cada vez que iria retomar a obra, alguma coisa o afastava. Mas, oras, se o diário já estava pronto, qual seria o esforço de Benítez? Traduzir, no máximo. Daí tira-se mais uma prova de que tudo não passa de ficção, ao contrário do que tanto ele tenta provar.

Neste volume, Jasão viaja até a Cesaréia de Pilatos e traça um perfil completo do governante. E fica praticamente nisso. Como "extras", apenas alguma ação ainda em Nazaré, no início do livro, uma espécie de adendo aos acontecimentos do quarto volume; e também alguns lances no final, com a preparação para uma terceira e ilegal viagem no tempo. Explico: quebrando os planos da Operação, Jasão e Eliseu decidem retroceder ainda mais no tempo, de volta à época de pregação de Jesus, para tentar acompanhá-lo durante todos os três anos de sua vida pública.

Sobre a diagramação, a fonte muda bastante em relação aos outros, ficando mais clara, e a revisão continua péssima, deixando o livro com um excesso de erros de digitação. Nova mudança nas notas explicativas: nem no rodapé nem no final do livro: elas ficam no fim dos capítulos, o que as deixa ainda mais chatas de serem lidas, porque é preciso ficar procurando onde é o fim do capítulo para descobrir onde estão.


Volume 6 - Hermon

O último volume da caixa chegou às livrarias em 1999. Desde o início eu já sabia que o livro não iria terminar como eu esperava no início da leitura do primeiro volume. É aquilo que eu já disse: Jasão faz muitas referências ao período de pregação de Jesus, o qual ele e Eliseu teriam acompanhado. Se no início do livro eles ainda não tinham viajado para este período, com certeza, suas 453 páginas nunca iriam conter estes três anos de histórias.

O livro se divide então em três etapas. A primeira, que ocupa cerca de 1/4 do livro, descreve todos os preparativos de Jasão e Eliseu para terceira viagem no tempo. Feita a viagem, a segunda parte do livro narra a busca deles dois por Jesus, que estaria isolado no monte Hermon. Finalmente, a terceira parte, com míseras 100 páginas, conta tudo o que aconteceu no Hermon, onde os aventureiros conviveram com Jesus durante quatro semanas.

Digo míseras porque, para um cara que tem uma imaginação tão grande, a ponto de escrever mais de duas mil páginas só pra contar UMA história, bem que ele poderia ter estendido todos os diálogos que Jasão e Eliseu travaram com Jesus.

A qualidade editorial deste livro é bem melhor que os dois anteriores. A fonte aumenta e se torna mais legível, os erros somem e as notas voltam para os rodapés das páginas, de onde nunca deveriam ter saído.

A seguir: considerações finais