Elton John: 50 anos da decolagem

Troubadour / Elton, Nigel e Dee / 17-11-70

 

Se você viu o filme Rocketman, cinebiografia do Elton John, deve lembrar da cena que retrata sua estreia da casa de shows Troubadour, na Califórnia. Ao som de Crocodile Rock, ele e a plateia flutuam, numa representação visual bem literal de que sua carreira começava, ali, a decolar. 

Hoje, 25 de agosto, é o aniversário de cinquenta anos daquela primeira apresentação. 

E se a cena do filme tem algumas diferenças em relação do que aconteceu naquele dia (a banda ainda não contava com um guitarrista e Crocodile Rock só seria composta dali a dois anos), uma coisa ela acerta em cheio: realmente, foi ali que a carreira do Elton John engatou.

Uma plateia recheada de gente famosa, alguns ídolos do próprio Elton, como o Leon Russell, e críticas animadas no dia seguinte (Rejoice!) foram o suficiente pra que ele entrasse definitivamente na rota do estrelato.

Para ter uma noção do que foi aquela apresentação, fica a dica para escutar o disco 17-11-70, que é o registro de uma apresentação ao vivo, a partir do estúdio de uma rádio. Essa gravação mostra como eram os shows do Elton John até então, quando sua banda era apenas um trio piano-baixo-bateria. Tem músicas dos seus três primeiros discos e alguns covers, e mostra o quão incendiários eles eram em cima do palco. 

Se for pra escutar apenas uma música do disco, vá de Sixty Years On, que mistura rock'n'roll e virtuosismo em doses generosas.

Definitivamente, um power trio.

Relembrando o Português

Como o dia começou eu não tenho lembranças. Minhas memórias de quando eu tinha dez anos costumam ser bem nebulosas. Mas deve ter acontecido mais ou menos assim: acordei, tomei um café e logo depois papai me levou pra casa dos coleguinhas, pronde eu tava indo quase todos os dias.

Isso já vinha acontecendo há algumas semanas, quase todo dia eu ia pra casa desses coleguinhas e passava o dia inteiro lá. E papai me buscava à tardinha. Mas nesse dia ele me buscou perto da hora do almoço.

A partir daí eu lembro de tudo.

Entramos no fusca, ele pediu para eu esperar ali, voltou na casa dos meus coleguinhas, conversou com a mãe deles e voltou. Naquele trajeto de três minutos tivemos a nossa conversa. Enquanto a gente passava embaixo do viaduto ele me perguntou se eu sabia o que era morrer. Já passando sobre a antiga ponte do trem, eu respondi.

Eu sei, pai. Eu sabia que isso ia acontecer.
Chegando ao nosso destino, quando saímos do carro, papai me avisou.

Não se assuste com o jeito que sua mãe está deitada.
Era o velório dela.

Perdeu a esposa e teve que contar pro filho. Homão da porra, esse.

À tarde, voltei pra casa dos amiguinhos.