Em 2007 publiquei meu primeiro livro, Trabalho em Cartório mas Sou Escritor. Agora, quase uma década depois, sua versão digital está disponível na Amazon. Além dos trinta e quatro contos e crônicas da edição original em papel, o ebook tem um conto bônus, que tinha sido publicado antes em Entrelinhas, a antologia da qual fiz parte.
Ele pode ser lido em qualquer dispositivo Kindle ou em qualquer celular e tablet que tenha o aplicativo Kindle. Pode também ser lido pela internet, direto no site da Amazon.
E, aproveitando pra fazer um bota-fora e abrir espaço na casa, a edição em papel sai pelo mesmo preço da digital: só seis Reais. Além disso, o Entrelinhas sai por quinze.
Micro-Conto: Planos na Cafeteria
Frequentavam a cafeteria da Rua Gal Buarque. Era tão barulhenta que ninguém nunca desconfiou que planejavam assassinatos.
Da Vida no Modo Easy
No meio de uma situação bem complicada, uma amiga sugeriu: bota a vida no modo easy, ninguém aqui vai te julgar.
Mas, caramba, olha só a minha vida como é:
Nasci homem: as pessoas dão atenção ao que eu falo, as pessoas não me interrompem, as pessoas assumem que faço coisas importantes, não tenho medo de ser estuprado, não tenho medo de ser encoxado num ônibus lotado, as pessoas dão ouvido às minhas reclamações, meu salário não é menor por causa disso, não preciso me maquiar para sair de casa, não preciso me preocupar com a cor do meu cabelo ou com a roupa que vou usar, se eu fizer algo errado ao dirigir ninguém vai gritar que só podia ser homem.
Nasci branco: as pessoas não fazem piada com minha cor, os guardas não dificultam minhas entradas nos bancos, corro menos risco de ser parado pela polícia, não corro o risco de ser assassinado por causa da minha cor, as pessoas não acham que vou fazer um serviço ruim por causa da minha cor, não sou confundido com bandido, porteiro, segurança ou motorista por causa da minha cor.
Nasci hetero: eu tenho o direito de casar e de adotar crianças sem que as pessoas tentem impedir isso, não há livros sagrados dizendo que eu sou imundo, eu tenho o direito de beijar minha esposa em público, eu posso andar na rua sem medo de que alguém me acerte com uma lâmpada fluorescente, nunca precisei esconder minha sexualidade da minha família e de meus amigos.
Já está no modo easy, não está?
Mas, caramba, olha só a minha vida como é:
Nasci homem: as pessoas dão atenção ao que eu falo, as pessoas não me interrompem, as pessoas assumem que faço coisas importantes, não tenho medo de ser estuprado, não tenho medo de ser encoxado num ônibus lotado, as pessoas dão ouvido às minhas reclamações, meu salário não é menor por causa disso, não preciso me maquiar para sair de casa, não preciso me preocupar com a cor do meu cabelo ou com a roupa que vou usar, se eu fizer algo errado ao dirigir ninguém vai gritar que só podia ser homem.
Nasci branco: as pessoas não fazem piada com minha cor, os guardas não dificultam minhas entradas nos bancos, corro menos risco de ser parado pela polícia, não corro o risco de ser assassinado por causa da minha cor, as pessoas não acham que vou fazer um serviço ruim por causa da minha cor, não sou confundido com bandido, porteiro, segurança ou motorista por causa da minha cor.
Nasci hetero: eu tenho o direito de casar e de adotar crianças sem que as pessoas tentem impedir isso, não há livros sagrados dizendo que eu sou imundo, eu tenho o direito de beijar minha esposa em público, eu posso andar na rua sem medo de que alguém me acerte com uma lâmpada fluorescente, nunca precisei esconder minha sexualidade da minha família e de meus amigos.
Já está no modo easy, não está?
Micro-Conto: A Plantação de Elisa
Assim que o ônibus, sempre lotado, passava do pedágio da Ponte Rio-Niterói, Elisa, sentada, tirava os fones de ouvido e guardava na bolsa. Mas não saltava no ponto do Mocanguê. Gostava de semear falsas esperanças.
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