Muitas pessoas acreditam no poder das palavras e dizem que elas conseguem transformar a realidade. Religiões têm muito disso, livros de autoajuda também, elevando algumas palavras ao pedestal de redentoras e rebaixando outras ao fundo do poço. A cultura também está cheia delas.
Mesmo sendo uma pessoa que ignora este papel místico dado às palavras, vejo que a forma de falarmos pode revelar muito sobre como a gente vive nossas vidas. E que, com a devida atenção, podemos identificar formas sutis de autossabotagem e adotar pequenas mudanças na nossa forma de pensar que podem gerar ótimos benefícios pro nosso bem estar.
É para compartilhar uma dessas minhas descobertas que escrevi o texto que foi publicado hoje lá no Papo de Homem.
Nele, conto mais um pouco da minha saga em busca de ser uma pessoa melhor.
Mais uma vez, agradeço à equipe do Papo de Homem por terem aberto espaço para minhas histórias. Ver que elas motivam e inspiram outras pessoas a enfrentar seus problemas é muito gratificante. Valeu mesmo. Vocês são 10.
Marta e o Câncer
Sempre amei minha filhinha. Desde quando soube que ela habitava em mim. Amei ainda mais quando saiu o diagnóstico.
Naquela época, o anúncio de um câncer era ainda mais dolorido do que é hoje. Os recursos médicos eram menos desenvolvidos. Soava muito mais como sentença de morte.
Sabendo que não tínhamos muito tempo juntas, passei a apreciar ainda mais os momentos que tínhamos ao lado uma da outra.
Os pedidos para ir ao parquinho da praça eram recebidos com empolgação. Eu fazia questão de transformar todos em um evento, emendados com um piquenique no gramado da praça Jorge Passarinho. Muitas vezes tínhamos o iogurte preferido dela.
Quando o corpo começou a reclamar e ir ao parque exigia muito esforço, as tardes passaram a ser preenchidas com competições de vídeo game.
Marta não entendia muito bem o que estava acontecendo mas também nunca reclamou. Sempre muito esperta, intuía que a dor fazia parte do processo. Numa de suas brincadeiras preferidas, o teatrinho de marionetes, gostava de encenar as lutas da heroína que lutava contra o vilão Canceroso.
Dos últimos dias que passamos juntas, guardo com muito carinho a lembrança de seus olhinhos doces e de sua voz me confortando.
Na Páscoa de 2007 eu morri.
Naquela época, o anúncio de um câncer era ainda mais dolorido do que é hoje. Os recursos médicos eram menos desenvolvidos. Soava muito mais como sentença de morte.
Sabendo que não tínhamos muito tempo juntas, passei a apreciar ainda mais os momentos que tínhamos ao lado uma da outra.
Os pedidos para ir ao parquinho da praça eram recebidos com empolgação. Eu fazia questão de transformar todos em um evento, emendados com um piquenique no gramado da praça Jorge Passarinho. Muitas vezes tínhamos o iogurte preferido dela.
Quando o corpo começou a reclamar e ir ao parque exigia muito esforço, as tardes passaram a ser preenchidas com competições de vídeo game.
Marta não entendia muito bem o que estava acontecendo mas também nunca reclamou. Sempre muito esperta, intuía que a dor fazia parte do processo. Numa de suas brincadeiras preferidas, o teatrinho de marionetes, gostava de encenar as lutas da heroína que lutava contra o vilão Canceroso.
Dos últimos dias que passamos juntas, guardo com muito carinho a lembrança de seus olhinhos doces e de sua voz me confortando.
Vai ficar tudo bem mamãe.
Na Páscoa de 2007 eu morri.
Assinar:
Postagens (Atom)