Cidade pequena é assim: você conhece três quartos da cidade, e três quartos da cidade te conhecem. Anda-se na rua falando 'olá' a torto e a direito. Só que quando você é como eu a coisa funciona assim: você conhece um quarto da cidade, e três quartos da cidade te conhecem. Ou seja, gente que você nem imaginava que existia te conhece, sabe o que faz, onde mora, onde estuda... às vezes é legal, mas às vezes pode ser um problema.
Tem uma loja de xerox aqui da minha cidade onde muita gente vai para perguntar se eles fazem serviços de digitação. Como não fazem, sempre me indicavam. Aí que esta semana, encontrando com a dona de lá, conversávamos sobre o fato de eu estar parando de trabalhar em casa, quando ela me conta o seguinte caso: "esses dias atrás alguém chegou lá na loja e me perguntou se eu sabia quem digitava trabalhos de faculdade, e te indiquei. Então a pessoa disse que não faria trabalhos com você, pois te achava metido, muito nariz empinado". É uma pena que ela não tenha me dito o nome do sujeito. Só liberou a informação de que era um homem, me deixando a morrer de curiosidade.
Mas será que sou assim mesmo? Não me acho metido. Sério mesmo. Tudo bem, com amigos eu costumo brincar, dizendo que sou o melhor, o bam-bam, mas nunca agi assim com pessoas que não me conhecem, e que eu não conheça, pois a impressão pode realmente ser péssima. E será que essa pessoa me conhece tão bem assim, a ponto de me julgar? Acho que talvez ela esteja me achando metido porque quando ando na rua sempre estou meio desligado, e às vezes nem vejo as pessoas.
Ao ver uma atitude como a desse cara, paro para pensar nas minhas próprias. E lembro que já agi assim algumas vezes. Mas depois de despir da roupa de juiz e me aproximar das pessoas a quem julguei, vi que na maioria das vezes estava errado. Não podemos permitir que a primeira impressão deixada por alguém seja algo unilateral, onde apenas vemos e julgamos. Os outros têm que ter a oportunidade de mostrar quem são, como são. Aí sim poderemos formar uma opinião sobre quem quer que seja, seja ela uma opinião boa ou má.
Este camarada deveria aprender isso, e me dar uma chance de mostrá-lo como sou. Ele está agindo em relação a mim do mesmo modo que eu ajo com certos livros: "a capa é feia, não li e não gostei". Se eu pudesse ter a oportunidade de falar com este indivíduo, diria que apesar de feio, não sou tão mau como ele pensa. Afinal, sei muito bem que o mundo não gira em torno do meu umbigo.
Fico aqui então remoendo-me. Será que conheço o cara? Será que volta e meia falo com ele? O que já fiz pra ele, de modo a leva-lo a pensar assim? O que ele me viu fazer? Aff... quantas perguntas sem respostas.
Nota: logo logo eu começo a brincadeira, tá?
Nota 2: Não dá pra deixar de comentar: a Samara Felippo tá ar-re-ben-tan-do em todas as cenas.
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