Não sou disso, mas tomem lá um pouco do meu passado:
Em 1997, virei professor de informática por acaso. Eu trabalhava em um curso de inglês e o dono resolveu investir em algo mais. Junto com mais dois colegas, criamos algumas apostilas: introdução à informática, Windows (3.11!), Word e Excel. De início eram apenas aulas para alunos do próprio curso de inglês, mas em pouco tempo o curso cresceu e passou a aceitar matrículas de outros alunos.
A primeira aula foi um grande choque para mim, pois eu achei que iria lidar com adolescentes e jovens, e quase entrei em pânico quando vi que a primeira turma era feita de oito a nove crianças de cinco/seis anos. Tudo o que havia planejado foi por água abaixo. Dá pra imaginar o desastre que foi: eu, sem experiência nenhuma em dar aulas, tendo que ensinar crianças, que requerem uma didática toda especial. Mas, claro, haviam as turmas que eram como eu pensava, e aí as coisas foram mais fáceis.
Com o tempo o curso cresceu, mudou de instalações e ganhou novas salas, fizemos novas apostilas, adotamos livros... e as coisas foram mudando. Chegaram novos colegas de trabalho e com o tempo fui aprendendo a dar aulas. Como o Zack lembrou bem, era hilário a gente ter que trabalhar de gravata e roupa social. "Imagem é importante", diziam os bobos de plantão. Quando saí, teve gente até que chorou.
Hoje, quase quatro anos depois de minha saída de lá, restam as lembranças. Tem alunos que passam na rua e nem lembram mais de mim, ou, caso lembrem, não se interessam mais em falar. Tudo bem, não fazem falta. O importante são os que se lembram. Muitos dos alunos se tornaram bons colegas meus, e volta e meia paramos para conversar e lembrar dos causos. O curso me rendeu bons amigos e até mesmo uma namorada.
Às vezes bate saudade de estar com aquele pessoal de novo, mas não dá pra voltar atrás. Resta só rever as fotos e lembrar.
P.S.: Só pra constar: visitem os arquivos e leiam o texto Cinco de Fevereiro, por favor.
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