Eu não como nada que vem da água.
Só como cascudo, que não come gente e só chupa pedra.
(meu primo tentando explicar porque não come bacalhau)
Coisas que as pessoas confundem: Entender e Concordar
Isso acontece muitas vezes comigo: uma pessoa chega brava, reclamando sobre as atitudes de um cliente, ou sobre o jeito de pensar da namorada, ou sobre as regras de uma loja, ou sobre as normas da Corregedoria, me pergunta porque é que as coisas são assim e, após ouvir a minha explicação, dada com toda a boa vontade, ela passa a ficar puta comigo, como se eu tivesse alguma culpa ou se pensasse da mesma forma!!
O que me parece é que a maioria das pessoas confunde entender o pensamento do outro com concordar com o pensamento do outro.
Entender os motivos que levam uma testemunha de Jeová a não doar sangue para salvar a vida do próprio filho não significa que eu ache isso certo.
Entender o método de avaliação da faculdade não significa que o ache justo.
Entender porque Paula traiu Carlos não significa que eu avalize a atitude dela.
Seria muito bom se estas pessoas pudessem entender que entender o outro é um grande passo para uma convivência pacífica, pois desta forma você é capaz de dialogar com ele de forma mais humana, sem preconceitos.
O que me parece é que a maioria das pessoas confunde entender o pensamento do outro com concordar com o pensamento do outro.
Entender os motivos que levam uma testemunha de Jeová a não doar sangue para salvar a vida do próprio filho não significa que eu ache isso certo.
Entender o método de avaliação da faculdade não significa que o ache justo.
Entender porque Paula traiu Carlos não significa que eu avalize a atitude dela.
Seria muito bom se estas pessoas pudessem entender que entender o outro é um grande passo para uma convivência pacífica, pois desta forma você é capaz de dialogar com ele de forma mais humana, sem preconceitos.
El dia de hablar portuñol y la banda Megarex
Como hoy es el dia internacional de hablarse portuñol, aprovecho esta oportunidad muy especial para poder compartillar con todos ustedes las informaciones sobre una banda muy interesante y divertida de escuchar quando estás en sua casa sin nada para hacer.
Yo coñeci este grupo musicale cuando fue com mi amigo Thiago Berde y su namoradia hasta el Río de Raneiro hace unas duas o tres semañas, en el Circo Volador, para vermos una apresentación de un otro grupo, tambien muy bueno, en mi pequenita opinión: el Teatro Mágico. Pero yo no estoy aquí para hablar de este grupo, pero si de lo primeiro que hablé antes: Megarex.
Antes de el espectáculo del Teatro Mágico comenzar realmente, la banda Megarex fez su apresentación, y yo puedo hablar-les a todas ustedes que elles son muy ecielentes y competientes en lo que hacen en cima del palco. Elles passan parte de su tiempo hablando bobájenes y piaditas mucho engraciadas, y las lietras de sus canciones también están cheas de cosas engraciadas.
Aínda así, elles saben tocar y cantar muy bien, y alién de esto saben mucho bien como hacer para que las personas guesten e participen activamiente de su apresentación. En el site de elles, usted puede copiar las músicas de el primero disco completamiente de gracia, sin tener que pagar uno reale que sea. Bale mucho la peña tomar un poquito de tu tiempo para hacer las copias de los arquivos e después escotchar-los en el aconchuego de su caza.
Entonces, querida leitora de mio blog, no esperes más nada para escutchar-los. Báje-los todos ahora mismo y divirta-te mucho.
Para tierminar este artículo, voy a contar a ustedes porqué estoy a usar la banda Megarex cómo assunto para hablar del día internacional de hablarse portuñol: es que elles tienen una canción en que la lietra es escritcha en portuñol. Ella está disponíbile en el site de elles, pero yo voy a copiar-la aqui mismo, para que ustedes puedan ya saber como la banda es engraciada.
Ah, sí, una pequeña coisita antes de dejar-les con la lietra: ustedes pueden comprar lo disco de la banda Megarex en el site Submarino. Comprem clicando aqui en el Sarcófago que yo voy a gañar una comissión.
***
"EL FUCA VERMEJO NO MI ATROPELLARÁ JAMÁS"
El fuca vermejo no mi atropellará jamás
El fuca vermejo no mi atropellará jamás
El fuca vermejo no mi atropellará jamás
El fuca vermejo no mi atropellará
En San Januario, en Basco y Olaria
Tomei un saco de miho nas cuestas, fiquei muy estresado
Los bastardos perderán el jogo, estava desolado
Y al salir del estadio quase fui atropellado
El fuca vermejo no mi atropellará jamás
El fuca vermejo (con él son alto pra caraho)
El fuca vermejo (de onde diablos saliu este carro?)
El fuca vermejo no mi atropellará
La maquina assassina tentou matar me la notche intera
Otros transeúntes foran perseguidos da miesma manera
En la "Plaza De Los Toros", encontrei mi con Helena
Estava muy vistosa poren faltava lhe una pierna
El fuca vermejo no mi atropellará jamás
El fuca vermejo (con él son alto pra caraho)
El fuca vermejo (de onde diablos saliu este carro?)
El fuca vermejo no mi atropellará
Suspensiones rebajadas e bancos de cuero "recaro",
Faroles de miha importados y el motor turbinado
Con su ruedas de mahenesia y él son alto pra caraho,
de onde diablos saliu este carro?
Su placa es final ziero, no puede rodar na sexta
Al menos un día estoy a salvo desta peligrosa biesta
El fuca vermejo no mi atropellará jamás
El fuca vermejo (con él son alto pra caraho)
El fuca vermejo (de onde diablos saliu este carro?)
El fuca vermejo no mi atropellará...
Dúvida sobre desigualdade Social
Minha vizinha estava feliz por ter comprado o piso de sua casa, mas reclamou por ele ter sido tão caro: R$ 13,00 o metro quadrado.
Qual é o nome do sentimento que se abateu sobre mim quando lembrei que um dos pisos da minha casa custou R$ 90,00?
Qual é o nome do sentimento que se abateu sobre mim quando lembrei que um dos pisos da minha casa custou R$ 90,00?
Autodidatismo
Esta semana recebi um email de um leitor do Vovó Viu a Rede, meu blog onde escrevo sobre as coisas que aprendo de redes de computadores.
"Olá Mário, admiro muito essa capacidade que poucas pessoas têm de conseguir assimilar coisas complexas "sozinhas" ou seja baseando-se em materiais de estudo, sem necessidade de ir à escola ou algum curso. Ultimamente venho lutando contra a minha preguiça e tento pouco a pouco conseguir desenvolver essa capacidade de ser autodidata, estou desanimado para fazer uma faculdade, pois as instituições pagas são verdadeiras fábricas de dinheiro que oferecem um serviço caro e sem qualidade, e nas instituições públicas além de ter que estudar muitas coisas das quais não gosto para poder entrar, também já ouvi dizer que para sobreviver dentro de uma vc tem de ser praticamente um autodidata. gostaria de saber que tipo de sentimento, estima própria devemos ter para desenvolver a capacidade de ser autodidata? quem sabe vc pode me dar umas dicas para quebrar conceitos e principalmente a preguiça, pois sinto enorme vontade de estudar mas quando começo, logo durmo ou me desconcentro com o pessoal lá em casa. e parabéns pelo blog da vovó venho estudando redes por conta própria desde maio desse ano, e foi aí que me empolguei com esse negócio de autodidata pois sabia menos que nada do assunto se é que isso é possível e hoje já estou brincando com roteadores e programas de simulação de redes em tempo real e acredito que seu blog ou alguma opinião sua possa me ajudar a quebrar alguns daqueles conceitos que atrasam a vida"
Antes de entrar no assunto autodidatismo, devo lembrar ao meu leitor que ele não deve desanimar de fazer uma faculdade, pois esta é uma experiência muito importante para sua vida profissional e educacional. Sim, eu sei que há instituições mercenárias e outras que deixam o aluno à deriva, mas a quantidade de coisas com as quais se tem contato lá dentro são de extremo valor, tanto em relação a disciplinas quanto em relação a pessoas que você conhece. Não desista.
***
As Palavras-Chave
Quanto a como ser um autodidata, seria fácil pra mim apenas enumerar uma série de palavras-chave sobre o assunto: disciplina, força de vontade, método, organização, planejamento, compromisso, etc., etc., mas creio que vale a pena entrar em detalhes.
***
Disciplina
O ponto chave de tudo é a disciplina. Não adianta nada você encasquetar que vai estudar redes, ou culinária, ou história, ou mágica, se não tem disciplina. Ainda mais quando você resolve estudar por conta própria, sem ninguém para ficar te cobrando. Quando você está fazendo um curso de espanhol no CCAA, você tem obrigação de estudar para a prova, você tem aquele livro enorme cheio de exercícios em branco esperando para serem feitos antes da próxima aula, senão o professor pode chamar a sua atenção e, pior, você pode ser reprovado e jogar fora todo o dinheiro que gastou naquele semestre. Nestas condições é claro que você vai estudar. Pelo contrário, ser autodidata requer que você pense como professor. Você tem que se dividir em dois, aluno e mentor, e se sujeitar a prazos auto-impostos.
E, não vou enganar ninguém, isso é extremamente difícil de se fazer. Não pense você que eu sou assim com facilidade, não. Eu tenho que exigir muito de mim para não me distrair com sites de piadas ou programas de TV. E muitas vezes perco a luta. O exemplo do espanhol aí de cima não é à toa não.
Eu já cursei espanhol no CCAA e me formei no final de 2003, mas desde então eu nunca mais tive oportunidade de praticar ou estudar mais, o que, claro, fez com que meu domínio sobre a língua fosse definhando. No início deste ano eu me propus a estudar mais e até ensaiei um ânimo: baixei vários arquivos MP3 com áudio em espanhol feitos especialmente para quem está aprendendo e consegui um jeito de ganhar livros em espanhol de graça. Em nove meses só ouvi dois arquivos e li um livro. É bonito isso? Claro que não.
Por que eu não ouvi os arquivos MP3 se eu sempre estou andando com o meu MP3 player nos ouvidos pra cima e pra baixo, sentado no ônibus? Por que eu não li o livro em espanhol que ganhei ao invés de passar horas lendo blogs bobos e sem conteúdo? Porque não tive disciplina. Porque não estabeleci para mim mesmo regras e um método de estudo.
Outro exemplo de estudo que faço na base do autodidatismo e que não tenho tido disciplina é o de teclado. Comprei meu teclado em 2001 e hoje estou no mesmo patamar de cinco anos atrás. Tudo bem que houve o problema das obras da minha casa, o que fez com que eu tivesse que guardar o teclado e esquecer quase tudo do que tinha aprendido, mas, como diz o ditado, desculpa de aleijado é muleta. Recentemente consegui uma maneira de colocá-lo novamente para funcionar, relembrei uma música, mas estou novamente caindo no desânimo. Tudo por falta de disciplina.
Entramos então em uma questão fundamental, que transcende o fato de ser autodidata e se aplica a toda e qualquer situação de nossa vida: como fazer para ter disciplina? O blog Vovó Viu a Rede foi o modo que encontrei para manter o foco nos estudos de rede. Desde o início eu sabia que se eu apenas pegasse o livro para ler talvez eu não fosse muito longe com ele. Fiz então o blog como forma de ter um compromisso: eram ele e suas leitoras que iriam me cobrar de pegar novamente no livro, ler, entender e então escrever um artigo sobre o assunto.
Você precisa, então, encontrar o seu jeito de ser disciplinado. Talvez você deva começar reservando meia hora por dia, e ir aumentando este tempo um pouco a cada semana ou a cada mês. Talvez você deva criar um blog para falar do assunto. Ou então você deva estabelecer metas: vou ouvir um arquivo MP3 toda terça feira; vou ler meia hora por dia daquele livro que está encostado na estante; até o fim do mês eu bordo uma toalha com o nome do meu marido. Melhor ainda, anuncie estas metas para as pessoas e peça para que elas te cobrem. Sabendo que alguém vai te fiscalizar, talvez você realmente estude o que tem que estudar.
***
Estabelecer Metas
Este conceito de definir metas já rende pano pra manga para um artigo inteiro, mas vou dedicar dois parágrafos a ele: é extremamente importante que você defina metas realistas, possíveis, e que tenham um certo quê de desafio para você. Metas impossíveis te fazem desistir: dizer que vai ler um livro por semana quando você mal tem tempo para ler a primeira página do jornal vai te fazer desistir no primeiro dia. Ao contrário, metas muito fáceis te deixam preguiçoso e desleixado: dizer que aprenderá uma música nova a cada seis meses vai te dar aquela sensação de "deixa pra depois que eu tenho tempo de sobra", e no final o tempo acaba e você não fez nada. Repito: estabeleça metas possíveis e levemente desafiadoras, e comemore quando atingi-las. Dê a si mesmo uma gratificação por ter chegado lá, e talvez uma penalidade por não ter conseguido.
Outra coisa importante a se fazer ao definir metas é criá-las de forma que seja possível medir o seu andamento, pois assim você consegue medir o seu desempenho. Se você atingiu a meta e foi além, será que a meta estava frouxa demais? Ou será que você se esforçou de verdade? Se não atingiu a meta, quanto faltou? Por que você não chegou lá? Será que a meta estava além da sua capacidade? Talvez seja o caso de você, no início, estabelecer metas simples, apenas para criar o hábito e impor a disciplina. Com o tempo e seu próprio desenvolvimento estas metas podem se tornar mais ambiciosas. Por fim, aproveito para compartilhar um ditado que sempre me faz lembrar que é preciso ter metas na vida: para um barco que não tem destino, todo vento é a favor.
***
Força de Vontade
De mãos dadas com a disciplina anda a força de vontade. Se você não tem vontade de estudar, nem adianta começar. Por que eu comecei a estudar redes? Porque eu prestei alguns concursos e me ferrei feio nas questões de rede, então eu passei a ter vontade de me dar bem nos concursos. Por que eu comecei a estudar teclado? Porque eu sempre achei o som de piano um som bonito e porque eu quero ser capaz de tocar uma centésima parte do que o Elton John toca, então eu passei a ter vontade de saber tocar teclado tão bem quanto eu digito. E, claro, não basta apenas ter a vontade, é preciso que haja uma força interior que seja capaz de mantê-la viva.
***
Sentimentos, Família e Sono
Quanto a sentimentos, sim, há sentimentos que ajudam a manter o ritmo, que ajudam a seguir a disciplina. Um deles é o orgulho. Orgulho de ser capaz de dizer que, sim, é possível aprender alguma coisa quando não se tem tempo ou dinheiro para freqüentar um curso ou uma faculdade. Quando você almeja este orgulho de poder dizer que é capaz de realizar alguma coisa, o caminho até lá fica mais fácil.
E quanto à família que me distrai? - você pergunta. Sim, há este empecilho, com o qual eu também às vezes sofro. E não é só família: é o telefone, é o vizinho, o cachorro, a obra. Certas coisas não dá pra controlar e é preciso acostumar-se com elas, mas com a família é possível haver diálogo. Basta você deixar claro que aquilo ali é realmente importante e que você não pode e não quer ser interrompido. E é preciso mostrar que você realmente está falando sério: mandar todo mundo ficar quieto enquanto você estuda para quinze minutos depois começar a jogar video game não é uma boa.
Por fim, meu leitor cita também que logo que começa a estudar bate aquele sono. Como combater isso? Enfim, temos algo fácil de se resolver. Como já deve ter ficado claro, estudar por conta própria não significa estudar de forma desleixada. É preciso criar um ambiente de estudo. Nada de pegar o livro e deitar na cama para ler. Arrume a mesa, deixe lápis, caneta e papéis de rascunho à mão e leia o seu material de estudo com atenção, sem parar a toda hora para beliscar alguma coisa. Se você vai estudar pela manhã, não acorde, tome café e vá direto para os livros. Antes, tome um banho e se arrume do mesmo modo que se arrumaria se fosse para um curso. Eu faço isso, e ao fazê-lo tem-se uma maior sensação de compromisso. Isso também mostra aos outros que você realmente está envolvido com alguma coisa importante e que não deve ser interrompido por bobagem. Se não te incomodar, uma música tocando também é permitida. Eu só desaconselho televisões e dvds ligados.
***
Conclusão
O importante é você saber que, no instante em que decidir começar a estudar por conta própria, você vai começar uma batalha difícil contra seus piores inimigos: os seus próprios defeitos. Mas eles podem ser vencidos: basta querer.
***
Compre no Submarino e ajude a manter o Sarcófago:
Livros: redes, culinária, espanhol, música
Instrumentos musicais
Video games e jogos
"Olá Mário, admiro muito essa capacidade que poucas pessoas têm de conseguir assimilar coisas complexas "sozinhas" ou seja baseando-se em materiais de estudo, sem necessidade de ir à escola ou algum curso. Ultimamente venho lutando contra a minha preguiça e tento pouco a pouco conseguir desenvolver essa capacidade de ser autodidata, estou desanimado para fazer uma faculdade, pois as instituições pagas são verdadeiras fábricas de dinheiro que oferecem um serviço caro e sem qualidade, e nas instituições públicas além de ter que estudar muitas coisas das quais não gosto para poder entrar, também já ouvi dizer que para sobreviver dentro de uma vc tem de ser praticamente um autodidata. gostaria de saber que tipo de sentimento, estima própria devemos ter para desenvolver a capacidade de ser autodidata? quem sabe vc pode me dar umas dicas para quebrar conceitos e principalmente a preguiça, pois sinto enorme vontade de estudar mas quando começo, logo durmo ou me desconcentro com o pessoal lá em casa. e parabéns pelo blog da vovó venho estudando redes por conta própria desde maio desse ano, e foi aí que me empolguei com esse negócio de autodidata pois sabia menos que nada do assunto se é que isso é possível e hoje já estou brincando com roteadores e programas de simulação de redes em tempo real e acredito que seu blog ou alguma opinião sua possa me ajudar a quebrar alguns daqueles conceitos que atrasam a vida"
Antes de entrar no assunto autodidatismo, devo lembrar ao meu leitor que ele não deve desanimar de fazer uma faculdade, pois esta é uma experiência muito importante para sua vida profissional e educacional. Sim, eu sei que há instituições mercenárias e outras que deixam o aluno à deriva, mas a quantidade de coisas com as quais se tem contato lá dentro são de extremo valor, tanto em relação a disciplinas quanto em relação a pessoas que você conhece. Não desista.
As Palavras-Chave
Quanto a como ser um autodidata, seria fácil pra mim apenas enumerar uma série de palavras-chave sobre o assunto: disciplina, força de vontade, método, organização, planejamento, compromisso, etc., etc., mas creio que vale a pena entrar em detalhes.
Disciplina
O ponto chave de tudo é a disciplina. Não adianta nada você encasquetar que vai estudar redes, ou culinária, ou história, ou mágica, se não tem disciplina. Ainda mais quando você resolve estudar por conta própria, sem ninguém para ficar te cobrando. Quando você está fazendo um curso de espanhol no CCAA, você tem obrigação de estudar para a prova, você tem aquele livro enorme cheio de exercícios em branco esperando para serem feitos antes da próxima aula, senão o professor pode chamar a sua atenção e, pior, você pode ser reprovado e jogar fora todo o dinheiro que gastou naquele semestre. Nestas condições é claro que você vai estudar. Pelo contrário, ser autodidata requer que você pense como professor. Você tem que se dividir em dois, aluno e mentor, e se sujeitar a prazos auto-impostos.
E, não vou enganar ninguém, isso é extremamente difícil de se fazer. Não pense você que eu sou assim com facilidade, não. Eu tenho que exigir muito de mim para não me distrair com sites de piadas ou programas de TV. E muitas vezes perco a luta. O exemplo do espanhol aí de cima não é à toa não.
Eu já cursei espanhol no CCAA e me formei no final de 2003, mas desde então eu nunca mais tive oportunidade de praticar ou estudar mais, o que, claro, fez com que meu domínio sobre a língua fosse definhando. No início deste ano eu me propus a estudar mais e até ensaiei um ânimo: baixei vários arquivos MP3 com áudio em espanhol feitos especialmente para quem está aprendendo e consegui um jeito de ganhar livros em espanhol de graça. Em nove meses só ouvi dois arquivos e li um livro. É bonito isso? Claro que não.
Por que eu não ouvi os arquivos MP3 se eu sempre estou andando com o meu MP3 player nos ouvidos pra cima e pra baixo, sentado no ônibus? Por que eu não li o livro em espanhol que ganhei ao invés de passar horas lendo blogs bobos e sem conteúdo? Porque não tive disciplina. Porque não estabeleci para mim mesmo regras e um método de estudo.
Outro exemplo de estudo que faço na base do autodidatismo e que não tenho tido disciplina é o de teclado. Comprei meu teclado em 2001 e hoje estou no mesmo patamar de cinco anos atrás. Tudo bem que houve o problema das obras da minha casa, o que fez com que eu tivesse que guardar o teclado e esquecer quase tudo do que tinha aprendido, mas, como diz o ditado, desculpa de aleijado é muleta. Recentemente consegui uma maneira de colocá-lo novamente para funcionar, relembrei uma música, mas estou novamente caindo no desânimo. Tudo por falta de disciplina.
Entramos então em uma questão fundamental, que transcende o fato de ser autodidata e se aplica a toda e qualquer situação de nossa vida: como fazer para ter disciplina? O blog Vovó Viu a Rede foi o modo que encontrei para manter o foco nos estudos de rede. Desde o início eu sabia que se eu apenas pegasse o livro para ler talvez eu não fosse muito longe com ele. Fiz então o blog como forma de ter um compromisso: eram ele e suas leitoras que iriam me cobrar de pegar novamente no livro, ler, entender e então escrever um artigo sobre o assunto.
Você precisa, então, encontrar o seu jeito de ser disciplinado. Talvez você deva começar reservando meia hora por dia, e ir aumentando este tempo um pouco a cada semana ou a cada mês. Talvez você deva criar um blog para falar do assunto. Ou então você deva estabelecer metas: vou ouvir um arquivo MP3 toda terça feira; vou ler meia hora por dia daquele livro que está encostado na estante; até o fim do mês eu bordo uma toalha com o nome do meu marido. Melhor ainda, anuncie estas metas para as pessoas e peça para que elas te cobrem. Sabendo que alguém vai te fiscalizar, talvez você realmente estude o que tem que estudar.
Estabelecer Metas
Este conceito de definir metas já rende pano pra manga para um artigo inteiro, mas vou dedicar dois parágrafos a ele: é extremamente importante que você defina metas realistas, possíveis, e que tenham um certo quê de desafio para você. Metas impossíveis te fazem desistir: dizer que vai ler um livro por semana quando você mal tem tempo para ler a primeira página do jornal vai te fazer desistir no primeiro dia. Ao contrário, metas muito fáceis te deixam preguiçoso e desleixado: dizer que aprenderá uma música nova a cada seis meses vai te dar aquela sensação de "deixa pra depois que eu tenho tempo de sobra", e no final o tempo acaba e você não fez nada. Repito: estabeleça metas possíveis e levemente desafiadoras, e comemore quando atingi-las. Dê a si mesmo uma gratificação por ter chegado lá, e talvez uma penalidade por não ter conseguido.
Outra coisa importante a se fazer ao definir metas é criá-las de forma que seja possível medir o seu andamento, pois assim você consegue medir o seu desempenho. Se você atingiu a meta e foi além, será que a meta estava frouxa demais? Ou será que você se esforçou de verdade? Se não atingiu a meta, quanto faltou? Por que você não chegou lá? Será que a meta estava além da sua capacidade? Talvez seja o caso de você, no início, estabelecer metas simples, apenas para criar o hábito e impor a disciplina. Com o tempo e seu próprio desenvolvimento estas metas podem se tornar mais ambiciosas. Por fim, aproveito para compartilhar um ditado que sempre me faz lembrar que é preciso ter metas na vida: para um barco que não tem destino, todo vento é a favor.
Força de Vontade
De mãos dadas com a disciplina anda a força de vontade. Se você não tem vontade de estudar, nem adianta começar. Por que eu comecei a estudar redes? Porque eu prestei alguns concursos e me ferrei feio nas questões de rede, então eu passei a ter vontade de me dar bem nos concursos. Por que eu comecei a estudar teclado? Porque eu sempre achei o som de piano um som bonito e porque eu quero ser capaz de tocar uma centésima parte do que o Elton John toca, então eu passei a ter vontade de saber tocar teclado tão bem quanto eu digito. E, claro, não basta apenas ter a vontade, é preciso que haja uma força interior que seja capaz de mantê-la viva.
Sentimentos, Família e Sono
Quanto a sentimentos, sim, há sentimentos que ajudam a manter o ritmo, que ajudam a seguir a disciplina. Um deles é o orgulho. Orgulho de ser capaz de dizer que, sim, é possível aprender alguma coisa quando não se tem tempo ou dinheiro para freqüentar um curso ou uma faculdade. Quando você almeja este orgulho de poder dizer que é capaz de realizar alguma coisa, o caminho até lá fica mais fácil.
E quanto à família que me distrai? - você pergunta. Sim, há este empecilho, com o qual eu também às vezes sofro. E não é só família: é o telefone, é o vizinho, o cachorro, a obra. Certas coisas não dá pra controlar e é preciso acostumar-se com elas, mas com a família é possível haver diálogo. Basta você deixar claro que aquilo ali é realmente importante e que você não pode e não quer ser interrompido. E é preciso mostrar que você realmente está falando sério: mandar todo mundo ficar quieto enquanto você estuda para quinze minutos depois começar a jogar video game não é uma boa.
Por fim, meu leitor cita também que logo que começa a estudar bate aquele sono. Como combater isso? Enfim, temos algo fácil de se resolver. Como já deve ter ficado claro, estudar por conta própria não significa estudar de forma desleixada. É preciso criar um ambiente de estudo. Nada de pegar o livro e deitar na cama para ler. Arrume a mesa, deixe lápis, caneta e papéis de rascunho à mão e leia o seu material de estudo com atenção, sem parar a toda hora para beliscar alguma coisa. Se você vai estudar pela manhã, não acorde, tome café e vá direto para os livros. Antes, tome um banho e se arrume do mesmo modo que se arrumaria se fosse para um curso. Eu faço isso, e ao fazê-lo tem-se uma maior sensação de compromisso. Isso também mostra aos outros que você realmente está envolvido com alguma coisa importante e que não deve ser interrompido por bobagem. Se não te incomodar, uma música tocando também é permitida. Eu só desaconselho televisões e dvds ligados.
Conclusão
O importante é você saber que, no instante em que decidir começar a estudar por conta própria, você vai começar uma batalha difícil contra seus piores inimigos: os seus próprios defeitos. Mas eles podem ser vencidos: basta querer.
Compre no Submarino e ajude a manter o Sarcófago:
Livros: redes, culinária, espanhol, música
Instrumentos musicais
Video games e jogos
Sobre o nome do meu livro
Sobre o nome do meu livro
Recentemente recebi um comentário aqui no Sarcófago onde o sujeito criticou a escolha do nome do meu livro, Trabalho em Cartório Mas Sou Escritor:
"acho q vc podia ter sido mais criativo ao dar o nome do seu livro, chupinhar coisa dos oturos não é legal, temq ue ser genuino...
André"
Como o André não disse de quem eu estava chupinhando, sou levado a especular, e acredito que ele seja um dos poucos que sabem que esta frase faz parte da letra da música Metrô Linha 743, de Raul Seixas. O que talvez o André não saiba é que eu não escolhi este nome por acaso: batizei o livro assim porque eu realmente trabalho em cartório.
Há cerca de dez anos, muito antes de eu começar a escrever crônicas ou trabalhar em cartório, eu já tinha ouvido esta música em um cd da Cássia Eller e, acredite se quiser, a frase já tinha chamado minha atenção. Quando, anos mais tarde, eu finalmente fui convencido de que deveria publicar um livro com as minhas crônicas, a frase caiu como uma luva.
Não foi uma questão de chupinhar coisa dos outros, foi apenas de usar a melhor frase possível para a situação.
***
Compre cds e dvds de Raul Seixas
Compre cds e dvds de Cássia Eller
Recentemente recebi um comentário aqui no Sarcófago onde o sujeito criticou a escolha do nome do meu livro, Trabalho em Cartório Mas Sou Escritor:
"acho q vc podia ter sido mais criativo ao dar o nome do seu livro, chupinhar coisa dos oturos não é legal, temq ue ser genuino...
André"
Como o André não disse de quem eu estava chupinhando, sou levado a especular, e acredito que ele seja um dos poucos que sabem que esta frase faz parte da letra da música Metrô Linha 743, de Raul Seixas. O que talvez o André não saiba é que eu não escolhi este nome por acaso: batizei o livro assim porque eu realmente trabalho em cartório.
Há cerca de dez anos, muito antes de eu começar a escrever crônicas ou trabalhar em cartório, eu já tinha ouvido esta música em um cd da Cássia Eller e, acredite se quiser, a frase já tinha chamado minha atenção. Quando, anos mais tarde, eu finalmente fui convencido de que deveria publicar um livro com as minhas crônicas, a frase caiu como uma luva.
Não foi uma questão de chupinhar coisa dos outros, foi apenas de usar a melhor frase possível para a situação.
Compre cds e dvds de Raul Seixas
Compre cds e dvds de Cássia Eller
A diferença que uma palavra faz
O caçador atirou no pato e acertou na mosca
O caçador atirou no pato mas acertou na mosca
O caçador atirou no pato mas acertou na mosca
Crônica: Uma Hora e Meia
O que você consegue fazer em uma hora e meia? Saindo de Cachoeiras de Macacu, onde moro, dá pra chegar em Niterói de carro. Ou então, de bicicleta, alguém com boa condição física vai de Cachoeiras a Japuíba e volta.
Lendo devagar, qualquer um consegue ir do início ao fim do meu primeiro livro, Trabalho em Cartório Mas Sou Escritor. Falando nele, você já comprou o seu exemplar?
Lá no cartório, o Thiago, em uma hora e meia, faz o levantamento dos serviços do dia anterior, bate a GRERJ, imprime as folhas do Livro Adicional e faz o envio do arquivo XML para os computadores da Corregedoria.
Em noventa minutos cabem uma partida de futebol, uma prova de maratona aquática dos Jogos Panamerianos e até mesmo a cerimônia de abertura dos Jogos.
Uma hora e meia é o tempo que dura uma aula do CCAA e normalmente é este o tempo que duram as palestras na Estácio. E também é a duração mínima de um culto em igrejas evangélicas.
Noventa minutos é a duração do filme Efeito Borboleta 2, que é, a propósito, uma merda, e também do DVD To Russia with Elton, este sim muito bom. O almoço de domingo lá em casa dura isso, da entrada à sobremesa.
Por fim, uma hora e meia é o tempo que eu consigo ficar esperando para sair do local da prova de um concurso e assim poder levar a prova comigo. É isso que estou fazendo agora.
E ainda dá tempo de escrever uma crônica.
...
E um micro-conto.
...
Aliás, dois.
Lendo devagar, qualquer um consegue ir do início ao fim do meu primeiro livro, Trabalho em Cartório Mas Sou Escritor. Falando nele, você já comprou o seu exemplar?
Lá no cartório, o Thiago, em uma hora e meia, faz o levantamento dos serviços do dia anterior, bate a GRERJ, imprime as folhas do Livro Adicional e faz o envio do arquivo XML para os computadores da Corregedoria.
Em noventa minutos cabem uma partida de futebol, uma prova de maratona aquática dos Jogos Panamerianos e até mesmo a cerimônia de abertura dos Jogos.
Uma hora e meia é o tempo que dura uma aula do CCAA e normalmente é este o tempo que duram as palestras na Estácio. E também é a duração mínima de um culto em igrejas evangélicas.
Noventa minutos é a duração do filme Efeito Borboleta 2, que é, a propósito, uma merda, e também do DVD To Russia with Elton, este sim muito bom. O almoço de domingo lá em casa dura isso, da entrada à sobremesa.
Por fim, uma hora e meia é o tempo que eu consigo ficar esperando para sair do local da prova de um concurso e assim poder levar a prova comigo. É isso que estou fazendo agora.
E ainda dá tempo de escrever uma crônica.
...
E um micro-conto.
...
Aliás, dois.
Programar Pode Atrapalhar Sua Vida
O artigo a seguir é uma tradução autorizada do original Programming Can Ruin Your Life, publicado há cerca de um mês no site Devizen.
Ao contrário do que foi comentado por muitos no texto original, este artigo não tem a intenção de generalizar, e dizer que a vida de quem programa está fadada a se destruir. Na verdade, ele tem apenas a intenção de alertar para um perigo que pode minar a sua vida se você tiver tendências obsessivas.
***
O que não falta por aí são artigos exaltando as virtudes de se tornar uma boa programadora. Você terá uma mente afiada, habilidades de abstração e a chance de se tornar rica trabalhando poucas horas por dia. É isso que você sempre ouviu, não foi?
Infelizmente, ninguém fala sobre os malefícios que isso traz. Os efeitos físicos são óbvios: você fica a maior parte do tempo sentada, geralmente em uma cadeira desconfortável com uma postura péssima. Você se entope com comida vagabunda, geralmente cheia de açúcar ou gordura, e bebe litros de café ou refrigerantes para se manter atenta.
Mas não vou falar aqui dos riscos para a saúde, pois como já falei eles são óbvios. Então, do que estou realmente falando? Ser uma programadora muda não apenas seu corpo. Ser uma programadora muda sua maneira de pensar. Você pode ouvir uma programadora dizer: "eu gosto de Python porque é igual o meu jeito de pensar". Será que é isto mesmo ou será que ela aprendeu a pensar em Python? Não importa em qual linguagem você programa, seu jeito de pensar muda, e não há uma programadora decente que negue isso. É por isso que é tão difícil explicar para alguém como você faz alguma coisa, pois, por mais que sua explicação seja clara, você pensa de um jeito diferente. E é esta mudança de raciocínio que pode atrapalhar sua vida.
O perigo mora em aplicar ao dia-a-dia os hábitos e processos específicos da atividade de programar. As mesmas habilidades que fazem de você uma ótima programadora podem te transformar em uma sujeita chata e incompreendida.
Quando você programa, os problemas sempre são resolvidos, basta que você não desista. A solução está lá, em algum lugar, basta tentar e estudar o suficiente que você uma hora consegue. Computadores não são legais? Eles nos dão terreno aberto para descobrir soluções, e você pode tentar quantas vezes quiser. E isto te leva à crença de que uma falha nunca é o ponto final, e que qualquer obstáculo pode ser superado. Mas isso não é verdade na vida real. Você pode até ter uma segunda chance aqui e ali, mas o mundo nem sempre perdoa seus erros e o tempo segue em frente, sem parar.
Ao se deparar com um problema de programação, seu subconsciente vai ficar remoendo aquilo, mesmo quando você não está mais na frente do computador. Talvez seja um algoritmo que você precise criar, ou então dados que devem ser modelados, isso não nos importa agora, mas sua mente não vai deixar o problema de lado e a ficha vai cair durante o banho ou enquanto você vê novela. Só que esta prática pode lentamente se arrastar para o resto da sua vida: cada problema que você tiver vai ser remoído mais e mais em seu subconsciente até chegar o ponto em que você não se concentra em mais nada.
Um programa de computador é maleável: você pode fazer infinitas mudanças, começar de novo, melhorar, mudar e ver o resultado na hora. Mas a vida não é assim. As coisas que você faz geralmente não podem ser desfeitas. As mudanças que você faz podem não ter um resultado imediato. Ou seja, o que falta na vida é o retorno instantâneo dos computadores. Além disso, pode acontecer de suas mudanças serem ignoradas, você pode perder informações, pode ser que ninguém note as coisas que você melhorou.
Programadoras podem se tornar obcecadas pela perfeição. É por isso que elas estão constantemente falando em refazer as coisas, e por isso não resistem às soluções ótimas. E ser perfeita requer ignorar idéias pequenas. Uma programadora pode até mesmo deixar um problema sem solução ao invés de resolvê-lo de forma deselegante. Esta forma de pensar faz com que ela não escreva um programa de pouca utilidade e que tenha vida curta. Só que, mesmo que seja bom ser assim quando o assunto é programação, isso é um problema sério no dia-a-dia. Você não começa a agir enquanto não consegue pensar no melhor jeito de fazer as coisas. E fica paralisada.
A obsessão pela perfeição te leva a uma atitude de sempre pensar no amanhã. A habilidade de antecipar problemas te dá uma grande vantagem pois você não perde tempo programando coisas que mais cedo ou mais tarde se mostrarão falhas, tudo por causa da sua visão curta ou falta de imaginação. Graças a isso, você fica permanentemente imaginando soluções melhores. Se você trouxer isso para o seu dia-a-dia, você vai acabar tentando criar planos mirabolantes para matar todos os coelhos com uma cajadada só, o que será agonizante, pois nem sempre estes planos são possíveis.
Quando você começa a pensar assim, cada detalhe é importante e merece toda a atenção e análise. E vai ficar frustrada quando ver que nem todo mundo pensa assim. Sua maneira de tomar decisões vai, cada vez mais, deixar de ser parecida com a de suas amigas.
O ritmo frenético da informática vai colocar em você um senso de urgência, e você achará que tem que fazer tudo agora, pois amanhã será tarde demais. O fato de trabalhar o tempo todo não vai mais parecer estranho ou ridículo, e você se sentirá culpada em suas horas de folga, pois deveria estar trabalhando. Mas você estará trabalhando: suas mãos podem não estar no teclado, mas sua mente estará.
É linda a história das jovens que constróem uma grande empresa começando a trabalhar na garagem de casa. É muito fácil convencer a si mesma que o sonho está lá fora, basta se esforçar. Mas você deve entender que há muitos fatores que estão além do seu controle. Sorte e tempo são dois deles. Não deixe passar em brancas nuvens a vida que você tem enquanto você busca outra vida diferente. Pascal colocou isso muito bem: "Nunca estamos no presente. Nós antecipamos o futuro, nós achamos que ele demora pra chegar e tentamos acelerá-lo, ou então tentamos reviver o passado pois ele se foi rápido demais. Somos tão burros que pensamos no tempo que não temos e esquecemos do que temos, sonhamos com o que será e não vemos o que já é. Por isso nunca vivemos, apenas esperamos viver. E por sempre planejarmos como ser felizes, nunca o somos."
Programar é o caminho para a ruína? Ou será que apenas aquelas com tendência ao detalhismo e à perfeição se perdem no caminho?
Claro que existem outras características que as programadoras compartilham, mas eu foquei apenas as coisas negativas. Existe sim o lado positivo da coisa. Tudo que foi dito aqui como sendo ruim pode sim ser algo bom se mantido sob controle. Perigosa é a obsessão, não importa onde ela surja. E obsessão por programação não é exceção.
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Veja outros artigos que já escrevi sobre análise de sistemas e afins
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Gosta do que eu escrevo e quer retribuir? Vá ao Submarino entrando aqui pelo Sarcófago e compre alguma coisa que eu ganho uma comissão. A casa agradece.
Ao contrário do que foi comentado por muitos no texto original, este artigo não tem a intenção de generalizar, e dizer que a vida de quem programa está fadada a se destruir. Na verdade, ele tem apenas a intenção de alertar para um perigo que pode minar a sua vida se você tiver tendências obsessivas.
O que não falta por aí são artigos exaltando as virtudes de se tornar uma boa programadora. Você terá uma mente afiada, habilidades de abstração e a chance de se tornar rica trabalhando poucas horas por dia. É isso que você sempre ouviu, não foi?
Infelizmente, ninguém fala sobre os malefícios que isso traz. Os efeitos físicos são óbvios: você fica a maior parte do tempo sentada, geralmente em uma cadeira desconfortável com uma postura péssima. Você se entope com comida vagabunda, geralmente cheia de açúcar ou gordura, e bebe litros de café ou refrigerantes para se manter atenta.
Mas não vou falar aqui dos riscos para a saúde, pois como já falei eles são óbvios. Então, do que estou realmente falando? Ser uma programadora muda não apenas seu corpo. Ser uma programadora muda sua maneira de pensar. Você pode ouvir uma programadora dizer: "eu gosto de Python porque é igual o meu jeito de pensar". Será que é isto mesmo ou será que ela aprendeu a pensar em Python? Não importa em qual linguagem você programa, seu jeito de pensar muda, e não há uma programadora decente que negue isso. É por isso que é tão difícil explicar para alguém como você faz alguma coisa, pois, por mais que sua explicação seja clara, você pensa de um jeito diferente. E é esta mudança de raciocínio que pode atrapalhar sua vida.
O perigo mora em aplicar ao dia-a-dia os hábitos e processos específicos da atividade de programar. As mesmas habilidades que fazem de você uma ótima programadora podem te transformar em uma sujeita chata e incompreendida.
Quando você programa, os problemas sempre são resolvidos, basta que você não desista. A solução está lá, em algum lugar, basta tentar e estudar o suficiente que você uma hora consegue. Computadores não são legais? Eles nos dão terreno aberto para descobrir soluções, e você pode tentar quantas vezes quiser. E isto te leva à crença de que uma falha nunca é o ponto final, e que qualquer obstáculo pode ser superado. Mas isso não é verdade na vida real. Você pode até ter uma segunda chance aqui e ali, mas o mundo nem sempre perdoa seus erros e o tempo segue em frente, sem parar.
Ao se deparar com um problema de programação, seu subconsciente vai ficar remoendo aquilo, mesmo quando você não está mais na frente do computador. Talvez seja um algoritmo que você precise criar, ou então dados que devem ser modelados, isso não nos importa agora, mas sua mente não vai deixar o problema de lado e a ficha vai cair durante o banho ou enquanto você vê novela. Só que esta prática pode lentamente se arrastar para o resto da sua vida: cada problema que você tiver vai ser remoído mais e mais em seu subconsciente até chegar o ponto em que você não se concentra em mais nada.
Um programa de computador é maleável: você pode fazer infinitas mudanças, começar de novo, melhorar, mudar e ver o resultado na hora. Mas a vida não é assim. As coisas que você faz geralmente não podem ser desfeitas. As mudanças que você faz podem não ter um resultado imediato. Ou seja, o que falta na vida é o retorno instantâneo dos computadores. Além disso, pode acontecer de suas mudanças serem ignoradas, você pode perder informações, pode ser que ninguém note as coisas que você melhorou.
Programadoras podem se tornar obcecadas pela perfeição. É por isso que elas estão constantemente falando em refazer as coisas, e por isso não resistem às soluções ótimas. E ser perfeita requer ignorar idéias pequenas. Uma programadora pode até mesmo deixar um problema sem solução ao invés de resolvê-lo de forma deselegante. Esta forma de pensar faz com que ela não escreva um programa de pouca utilidade e que tenha vida curta. Só que, mesmo que seja bom ser assim quando o assunto é programação, isso é um problema sério no dia-a-dia. Você não começa a agir enquanto não consegue pensar no melhor jeito de fazer as coisas. E fica paralisada.
A obsessão pela perfeição te leva a uma atitude de sempre pensar no amanhã. A habilidade de antecipar problemas te dá uma grande vantagem pois você não perde tempo programando coisas que mais cedo ou mais tarde se mostrarão falhas, tudo por causa da sua visão curta ou falta de imaginação. Graças a isso, você fica permanentemente imaginando soluções melhores. Se você trouxer isso para o seu dia-a-dia, você vai acabar tentando criar planos mirabolantes para matar todos os coelhos com uma cajadada só, o que será agonizante, pois nem sempre estes planos são possíveis.
Quando você começa a pensar assim, cada detalhe é importante e merece toda a atenção e análise. E vai ficar frustrada quando ver que nem todo mundo pensa assim. Sua maneira de tomar decisões vai, cada vez mais, deixar de ser parecida com a de suas amigas.
O ritmo frenético da informática vai colocar em você um senso de urgência, e você achará que tem que fazer tudo agora, pois amanhã será tarde demais. O fato de trabalhar o tempo todo não vai mais parecer estranho ou ridículo, e você se sentirá culpada em suas horas de folga, pois deveria estar trabalhando. Mas você estará trabalhando: suas mãos podem não estar no teclado, mas sua mente estará.
É linda a história das jovens que constróem uma grande empresa começando a trabalhar na garagem de casa. É muito fácil convencer a si mesma que o sonho está lá fora, basta se esforçar. Mas você deve entender que há muitos fatores que estão além do seu controle. Sorte e tempo são dois deles. Não deixe passar em brancas nuvens a vida que você tem enquanto você busca outra vida diferente. Pascal colocou isso muito bem: "Nunca estamos no presente. Nós antecipamos o futuro, nós achamos que ele demora pra chegar e tentamos acelerá-lo, ou então tentamos reviver o passado pois ele se foi rápido demais. Somos tão burros que pensamos no tempo que não temos e esquecemos do que temos, sonhamos com o que será e não vemos o que já é. Por isso nunca vivemos, apenas esperamos viver. E por sempre planejarmos como ser felizes, nunca o somos."
Programar é o caminho para a ruína? Ou será que apenas aquelas com tendência ao detalhismo e à perfeição se perdem no caminho?
Claro que existem outras características que as programadoras compartilham, mas eu foquei apenas as coisas negativas. Existe sim o lado positivo da coisa. Tudo que foi dito aqui como sendo ruim pode sim ser algo bom se mantido sob controle. Perigosa é a obsessão, não importa onde ela surja. E obsessão por programação não é exceção.
Veja outros artigos que já escrevi sobre análise de sistemas e afins
Gosta do que eu escrevo e quer retribuir? Vá ao Submarino entrando aqui pelo Sarcófago e compre alguma coisa que eu ganho uma comissão. A casa agradece.
Tetris Pornô
Já tenho esse jogo há tanto tempo que nem me lembro mais onde consegui. Sempre esqueci de colocar aqui no Sarcófago para vocês baixarem. Até hoje. Divirtam-se, mas lembrem: não joguem perto dos seus pais.
Baixem e divirtam-se.
Baixem e divirtam-se.
Marconi Escreve, Fausto Copia, o JB Publica
Eu já falei do Marconi aqui antes. Texto bom e humor dez, simplesmente imperdível. Se vocês ainda não visitam não sabem o que estão perdendo. Escrevendo bem do jeito que ele escreve, eu sabia que não demoraria muito para que seu talento fosse reconhecido.
E adivinha só quem foi honrado com um plágio, uma das maiores formas de reconhecimento que um sujeito pode ter? Sim, ele mesmo! O Marconi.
O que aconteceu é que uma crônica dele, Assalto, ótima por sinal, foi parar nas páginas do Jornal do Brasil deste domingo, 30/09, na coluna do Fausto Wolff. Quem é Fausto Wolff? Sei lá, talvez seja só mais um desses que copiam texto dos outros. Leiam a original e depois leiam a sem-verg... digo, a outra. Vai dizer que a cara de uma não é o cu da outra!
Marconi explica tudo aqui e continua aqui. Façam o favor, peguem lá no blog dele os emails do JB e façam o favor de deixar claro que não concordam com essa putaria.
E adivinha só quem foi honrado com um plágio, uma das maiores formas de reconhecimento que um sujeito pode ter? Sim, ele mesmo! O Marconi.
O que aconteceu é que uma crônica dele, Assalto, ótima por sinal, foi parar nas páginas do Jornal do Brasil deste domingo, 30/09, na coluna do Fausto Wolff. Quem é Fausto Wolff? Sei lá, talvez seja só mais um desses que copiam texto dos outros. Leiam a original e depois leiam a sem-verg... digo, a outra. Vai dizer que a cara de uma não é o cu da outra!
Marconi explica tudo aqui e continua aqui. Façam o favor, peguem lá no blog dele os emails do JB e façam o favor de deixar claro que não concordam com essa putaria.
Os Viralata e Meu Livro
Eu estava até um pouco triste por voltar das férias nesta segunda-feira, mas esta notícia aqui já fez a semana valer a pena.
Obrigado ao Albano pela dica e ao Ricardo pela honra.
E você? Já comprou meu livro?
Obrigado ao Albano pela dica e ao Ricardo pela honra.
E você? Já comprou meu livro?
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