Não é de hoje que leio sobre como estamos cada vez mais viciados no uso do celular, e quando falo estamos é porque me incluo nisso aí. Já li muitos artigos que tratam de como nossa atenção passou a ser moeda de troca e como os programas e sites são feitos para roubar nossa atenção, tudo com ajuda de profissionais da psicologia.
Motivado por essas leituras e reflexões, desde o meio do ano comecei um movimento de mudar certas coisas em como uso o celular. Movimento que agora em dezembro assumiu o papel de resolução de ano novo que botei em prática sem esperar o ano novo.
Comecei configurando meu celular para entrar em modo silencioso em determinados horários. Durante a semana, das onze da noite às seis e meia da manhã ele não apita pra nada. Já nos finais de semana esse tempo aumenta, das dez da noite para as oito e meia da manhã. Depois parti para reduzir a quantidade de ícones que deixo na tela inicial do meu celular. Passaram a ficar apenas os apps que mais usava. Junto com isso, troquei o papel de parede por um mais simples, minimalista.
Agora no início do mês removi a maioria dos atalhos, deixando apenas os dois que mais uso: o Deezer para ouvir música e o Keep para fazer anotações. Adotei para o meu celular o mesmo raciocínio que uso para a minha cozinha e minha mesa de trabalho: as coisas que uso ficam guardadas em seus devidos lugares, eu não preciso deixá-las à mostra. Como diz Eric Brown neste artigo no HighExistence, isso me força a refletir sobre o que quero realmente fazer quando pego o telefone, e evita que eu seja atraído pelos buracos negros de atenção das redes sociais, dos joguinhos, ou de qualquer outro ícone que chame a minha atenção primeiro.
Isso é ainda mais importante quando se fala do celular. Muitas vezes eu abria o celular para olhar uma informação importante no app do meu banco e quando me dava conta lá estava eu rolando no feed do Facebook. Falando nele, o app do Facebook foi devidamente desinstalado, junto com alguns outros que estavam lá só por conveniência e pra sugar minha produtividade. Depois de um par de dias e uma leve crise de abstinência, já não fazem a menor falta.
Ao lado disso, e motivado pelo ambiente cada vez mais sujo das redes sociais, parei de vez de abrir sites de notícias para simplesmente saber o que está acontecendo. Eu já não acompanhava o noticiário geral antes, mas agora parei até mesmo com as notícias de assuntos políticos e regionais, que seguia acompanhando. Porque dar aos outros o poder de decidir o que é relevante pra mim? Quando quero saber de um assunto, vou lá ativamente e procuro sobre ele. Cada vez mais, o que tenho visto é que o noticiário e as redes sociais são apenas doses a conta gotas de tentativas de nos deixar estarrecidos e revoltados com isso ou com aquilo.
Por fim, o que estou fazendo nos últimos dias é desativar todos os tipos de notificações. Quanto menos eu ficar refém dos apitos do telefone, melhor. Quando quero saber se alguém mandou uma mensagem, se chegou um email, se teve atualização, eu vou lá e olho. O objetivo é deixar ativos os apitos apenas para as coisas realmente importantes, como as mensagens de WhatsApp das pessoas mais próximas e que dependam de mim. Porque, no final das contas, tecnologia tem que ser auxiliar a vida, não determinar como ela deve se desenrolar.