No primeiro semestre de 2021, fiz uma disciplina de animação no curso de cinema da UFF. Durante o curso, assistimos alguns filmes para discussão em aula, e tivemos que escrever textos sobre eles.
Este aqui é o que escrevi sobre o filme A Ganha-Pão, de Nora Twomey.
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Sobre os Círculos no filme A Ganha-Pão
Como cheguei a comentar em aula, uma coisa que chamou bastante minha atenção no filme foi a presença de imagens circulares, especialmente durante as sequências de história-dentro-da-história. Revi o filme para poder contar quantas vezes esse tipo de imagem aparece: são quinze vezes na narrativa normal e vinte vezes na narrativa interna. Inclusive, a primeira imagem do filme, já na abertura, é uma imagem circular, que se repete mais tarde no decorrer do filme. Na parte narrativa normal, além disso, mais da metade das vezes essa circularidade está relacionada à alimentação: ou é a panela, ou é o prato, ou é o poço.
Fiquei imaginando se haveria alguma relação dessas formas com a arte afegã, islâmica ou do oriente médio, ou se haveria alguma relação de sentido com o que elas representam dentro do filme. E por isso fui pesquisar.
Já em um artigo no site Digital Arts, onde Neil Bennett escreve sobre uma entrevista que fez com a diretora Nora Twomey, ele me entrega a resposta que eu procurava: "certos motifs aparecem nas sequências místicas, especialmente redemoinhos. (...) Eram uma metáfora visual para as fases da lua, ciclos de guerra e paz no país, e as emoções e experiências das personagens femininas."
Apesar dela citar os redemoinhos, não vejo razão para não estender essa significação metafórica também para os círculos. Até mesmo a primeira imagem do filme, que citei no início, lembra muito a imagem de um feto no útero, o que remete claramente às experiências das personagens femininas destacadas pela diretora.
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