Gosto muito de escrever, sabia? Tem até uns loucos por aí que dizem que eu escrevo bem... coitados. Mas o fato é que gostando de escrever, escrevo. E costumo escrever quando vem na telha. Não é em um momento apropriado, tipo "bom, agora eu vou sentar para escrever". As idéias simplesmente surgem do nada e eu fico remoendo aquelas sensações, aquelas vontades, até conseguir ter um lápis e um papel na mão ou então um teclado de computador ao meu alcance.
E então acontece de sair um texto grande em questão de minutos, como se eu já soubesse todas aquelas palavras de cor e salteado e não precisasse pensar em nada, apenas reproduzir o que já estava pronto. E até me assusto com isso às vezes. Mas escrevo. E o que escrevo geralmente é uma reprodução de um momento que estou vivendo.
Portanto, meus textos retratam o que amo. Retratam o que ouço. Retratam o que vejo. Ou, no mínimo, retratam o que sonho, ou o que eu julgo possível de acontecer. Mas que ninguém vá pensar que basta ler tudo o que já escrevi para saber quem sou hoje. Como acabei de falar, cada texto é um instantâneo de um certo ponto no tempo, e assim como meu rosto nas fotos que estão em meus álbuns de fotografias já mudou, o Mário que escreveu os textos de um ano atrás já não é mais o mesmo.
Se minhas idéias não mudaram de direção, ao menos podem ter mudado de intensidade. Tanto para mais quanto para menos.
Ou seja, que ninguém pense que um texto inflamado seja indicação de que eu sou sempre daquele jeito, às vezes ele não passa de uma válvula de escape para sensações que habitam em mim graças a um certo acontecimento.
Acontece com meus textos exatamente o que acontece nas fotos. Uma foto em que estamos chorando não indica que somos pessoas deprimidas. Uma foto em que estamos assustados não indica que somos pessoas com medo da vida. Uma foto em um momento de raiva não quer dizer que somos poços de ira prontos par revidar no primeiro que cruzar nosso caminho.
Já aconteceu de eu publicar um texto vários dias depois de tê-lo escrito. E, no momento de publicá-lo, ver que ele já nem fazia tanto sentido assim, e as sensações que me levaram a pôr aquelas palavras numa folha de papel já há muito tempo tinham se dissipado, mas mesmo assim o texto seguiu em frente e chegou às suas telas.
Depois de pensar nisso tudo, cheguei à melhor definição para o Sarcófago: por ser uma coleção tão grande de instantâneos de emoções, sensações e lembranças, ele não passa de um grande porta retratos de minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário