Como eu já havia dito há coisa de dois meses atrás, andei lendo o livro Jerusalém, que faz parte da coleção Operação Cavalo de Tróia. Quando escrevi, tinha lido até pouco antes da metade do livro, faltando eu comentar sobre o que faltava pra ler. Antão aqui estamos nós.
A partir daquele ponto do livro muita coisa acontece, mas podemos resumir em dois fatos principais: Jesus é preso. Jesus é crucificado. E em todo o texto, em todos as páginas, tudo é de um detalhismo tão grande que tem hora que chega a enjoar. O autor perde tanto, mas tanto tempo descrevendo a roupa do guarda que às vezes dá até pra esquecer o andamento da história.
Mas este detalhismo, em outros momentos, ajuda a deixar a história mais interessante. As cenas da perseguição para a prisão de Jesus são dignas de filme e levam a imaginação nas alturas. Agora, depois que Jesus é preso e começa a ser açoitado, e até o seu sepultamento, o detalhismo dá náuseas. É como se eu estivesse lendo A Paixão de Cristo de Mel Gibson, talvez até com mais detalhes. Não páginas e páginas e páginas de sangue.
O narrador do livro, o tal major que viajou no tempo, por ser médico, descreve muitos dados ¿técnicos¿ do flagelo de Jesus, coisas que fariam sentido para um médico experiente, mas para mim, que não curto anatomia, é maçante.
Como eu havia falado no outro post, haviam algumas coisas no livro que eu achava que não estavam batendo, e achei até que tinha encontrado mais uma destas falhas, mas me enganei. Explico: num certo ponto, o major entra na sala onde ocorreria a última ceia de Jesus com os discípulos e coloca lá dentro um microfone. Páginas se vão e em nenhum momento ele comenta sobre a retirada do microfone. ¿Aí está um furo¿, pensei, mas ledo engano. Perto, bem perto do final, acho que já depois da morte de Jesus, ele volta ao local para pegar de volta o microfone. O que acontece nessa hora deixo como surpresa para vocês, só pra lhes dar vontade de ler o livro.
O final do livro não é o que eu pensei que fosse, pois tudo passa a ser uma grande deixa para o segundo volume. As coisas acontecem num ritmo vertiginoso, mas muita coisa fica sem explicação. A explicação está nos outros volumes. É, sem dúvida, uma ótima jogada de marketing, porque eu quero ler a continuação, com certeza.
No geral, apesar dessas faltas, é um ótimo livro, que em muitos momentos empolga e nos faz ficar com os olhos grudados em suas linhas sem que dê vontade de parar. Tenho certeza de que agradaria muitos cristãos, pois mostra um Jesus amável, sábio, inteligente, amigo, como ele realmente era, e nos traz cenas que, mesmo que fictícias, ajudam a formar nossa imagem deste grande homem.
Digo que agradaria porque tenho certeza de que muitos cristão torceriam o nariz para a história. Qualquer um sabe que tem gente que é cabeça dura, que não aceita uma distorçãozinha que seja na história que eles conhecem, mesmo que seja por brincadeira ou por pura ficção. As passagens mais que mais iriam chocar um cristão seriam as aparições de uma nave alienígena e a explicação de certos fenômenos que aconteceram no decorrer desta história toda. Muita gente está acostumada a pensar em milagres e negam quando alguém tenta dar uma explicação científica.
Foi a mesma coisa quando disseram que a terra era redonda e que ela não era o centro do universo. Até hoje tem gente que não acredita nisso.
Enfim, é um ótimo livro, recomendadíssimo para quem gosta de uma ficção daquelas e para cristãos que aceitam ler coisas que brincam com a Verdade.
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