Quando, em meados de 2010, anunciaram que Paul McCartney vivia ao Brasil para alguns shows, vislumbrei ali uma oportunidade única de ver um dos maiores ícones da história da música. Um Beatle, meu Deus, um Beatle.
A sensação de desamparo total veio quando anunciaram os shows em Porto Alegre e São Paulo. Só. Tão perto, e tão longe. Muito desapontado, me contentei em assistir ao
DVD da mesma turnê, que eu tinha comprado pouco tempo antes.
Para minha surpresa, no início deste ano começaram a surgir boatos sobre um possível retorno, exclusivamente para o Rio de Janeiro. Imaginamos que seria o Rock in Rio, mas a verdade era de que ele estaria entre nós ainda em maio. E pra melhorar, seria no dia seguinte ao meu aniversário: difícil pedir presente melhor. Ingressos e bilhetes do trem comprados, só nos restava esperar pelo dia da apresentação.
No dia 22 de maio, lá estávamos nós - eu, Sueli, Kildary e Roberto Herói - na gigantesca fila para entrar no Engenhão. Se há algo a reclamar deste dia, é isso: a desorganização da Organização. Ficamos mais de hora na fila para poder entrar. Porque não abrir os portões mais cedo, sabendo que ia dar gente pra cacete? O show começou atrasado porque ainda tinha gente entrando na hora marcada.
Fora isso, tudo era satisfação: nós quatro em um Engenhão lotado, à espera de Sir Paul. E ele chegou e arrebentou. Quando ele e sua banda subiram ao palco, a explosão da plateia foi arrasadora. No primeiro sucesso dos Beatles, tivemos a certeza: não era um show qualquer. Foram quase três horas de momentos fantásticos, que fica difícil escolher o mais emocionante.
Teve Obladi Oblada, o Ilariê dos Beatles, que fez de todo mundo uma criança. Teve Mrs. Vanderbilt, momento que eu esperava ansioso, por ser minha música favorita do disco. Teve os fogos de Live and Let Die. Teve Sir Paul falando em português. Teve o oceano de placas com “NA” escrito, na hora do na na na de Hey Jude. Teve o baterista figuraça dançando como um louco. Teve o bis duplo que muita gente não esperava e teve que voltar correndo. Teve a emoção de ouvir Yesterday ao vivo. Teve a catarse coletiva de Helter Skelter. Teve até o sabor agridoce na boca quando eles começaram a tocar The End, que anunciava o fim do espetáculo.
Muita coisa eu já esperava ver, porque tem muita coisa ensaiada e eu já vi o DVD desta turnê algumas vezes. Algumas coisas que eles fizeram e falaram no palco foram exatamente iguais ao que está no DVD, sem tirar nem pôr. Mas foi um show único: não acho que Paul McCartney estivesse mentindo quando disse que as placas com os “NA” o deixaram emocionado.
No final, a alegria de ter posto no currículo um show de um Beatle. O terceiro grande show do ano. Que venha agora Elton John.