Nunca uma idéia foi tão difícil de colocar no papel. Geralmente, quando escrevo um texto, seja ele um conto ou uma elucubração qualquer sobre a vida, eu parto de um conceito que já havia se formado na minha mente e escrevo.
Quando estou com a caneta na mão e o caderno a postos, parece que os textos são escritos via psicografia, de tão rápido que as idéias fluem e as palavras são escritas. Não é nenhuma possessão, mas é quase uma espécie de transe: eu só paro quando o texto acaba, duas páginas depois, cheio de rasuras e quase incompreensível. A partir daí, é questão de digitar, acertar e corrigir. Tudo não me toma mais que meia hora do tempo.
Mas hoje isso não aconteceu. Peguei a caneta e o caderno e comecei a escrever. Uma linha. Duas. Três. Ponto e pausa. Longa pausa, fora do comum. Tentei continuar: outro parágrafo, mais rasuras e outra longa pausa. Novo reinício, a idéia fervendo na cabeça e a caneta se recusando a escrever.
Resolvi escrever isto aqui agora. Não está sendo rápido, mas está fluindo. Está sendo incomum porque estou escrevendo com minha letra normal, não terminei a primeira página e minha mão já dói. Pensei em tentar escrever outro dia, mas está idéia está fazendo o maior rebuliço em meus miolos há umas duas semanas ou mais e preciso colocar isso pra fora. Talvez seja melhor rabiscar qualquer coisa e então ir lapidando, porque tenho a sensação de que este pode vir a se tornar um de meus melhores textos.
(Engraçado, enquanto escrevo isto já vou tendo uma idéia para um outro texto. Reproduzir no Sarcófago um texto em forma bruta, tal qual estiver no caderno. Tenho alguns originais guardados. Será que seria interessante ver os trechos retirados, trocados, errados, corrigidos, assim como estavam antes de serem digitados?)
Bem, acho que o texto não era pra sair hoje, então vou deixar a idéia de lado pelo menos até amanhã. Aí eu tento de novo e vejo se sai alguma coisa, porque hoje o santo não tá baixando mesmo.
Desculpe se a fiz chegar até aqui para não ler nada de útil, mas nem sempre eu consigo fazer algo que preste. Só que hoje eu pus este "não conseguir" no papel. Pelo menos surgiu a idéia do "texto bruto".
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