Suicídio

Na semana do Natal, duas mulheres se mataram aqui na nossa cidade. Uma se jogou do viaduto no dia 22 e morreu horas depois no hospital. No dia 23 a outra, pelo que ouvi dizer, tomou veneno. Fiquei a pensar. O que leva uma pessoa a tirar a própria vida? Definitivamente, o suicídio é um ato de extremos.

Coragem extrema. Tirar a própria vida é um ato de muita coragem porque é o passo definitivo para sofrer. O quanto não sofreu a mulher que se jogou do viaduto, entre o momento em que começou a cair ao momento em que finalmente sucumbiu? Qual não deve ser a sensação de estar caindo em direção ao chão? Eu jamais teria tanta coragem. Não consigo imaginar a coragem necessária para deitar no parapeito de um viaduto a trinta metros de altura e, conscientemente, se deixar cair. É sangue frio ao extremo.

Covardia extrema. Suicidar-se é sinal de muita covardia porque é assumir não ser capaz de suportar fardo nenhum, de não ser capaz de reagir e buscar algo melhor. O que passa pela cabeça de uma pessoa que imagina não ter mais forças para viver, para enfrentar seus problemas. Posso, sim, ter uma fração da idéia da dor da mãe que perdeu a filha num acidente, mas não consigo conceber tamanha falta de amor próprio a ponto de desistir de viver.

Extrema falta de fé. Deus, ó Deus, será que estas pessoas se esquecem que estás aí? Será que são incapazes de lembrar da história de Jó, que tanto sofreu mas não perdeu sua fé? Qualquer pessoa com um mínimo de fé em Deus sabe que esta fé é capaz de mover montanhas e trazer luz a uma vida ruim.

Desespero extremo. Normalmente, tomamos atitudes que julgamos eficazes para resolver os nossos problemas, e, volta e meia, somos levados a tomar algumas atitudes drásticas para tentar virar a mesa, mas matar-se é o cúmulo de desespero, como se a morte fosse resolver problemas ao invés de criar mais um para os que ficam.

O que poderia ser feito para evitar isso? Uma conversa, um ombro amigo, uma companhia. Sabe-se lá o que. Mas acredito que apoio não faz mal a ninguém. Mesmo que não aparentem, as pessoas precisam dele.

Pode ser que uma presença mais constante evite um passeio ao viaduto.

Pode ser que um convite para um café evite o preparo de uma dose de veneno.

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