Depois de tanto tempo juntos, e tão bem, seria até um pecado dizer que Douglas não confiava na Beatriz. Ah, disso ninguém poderia duvidar, ninguém poderia, em momento algum, dizer que sua confiança era menor que 100%
Mas ainda assim Douglas estava apresentando sinais de medo. Tudo bem que só ele sabia da existência desses sinais, mas por isso mesmo ele tinha a mais pura convicção de que seria ele próprio o responsável pelo crescimento ou desaparecimento deste medo.
Vamos deixar claro que ele não tinha medo da Beatriz, mas sim medo de Murphy. Murphy, aquele cara que disse que se alguma coisa pudesse dar errado, daria. Era isso que estava começando a ameaçar a paz de Douglas, fazendo-o pensar que todo aquele amor que estava vivendo poderia se acabar de uma hora pra outra.
Parou então para pensar e viu que tinha duas escolhas. A primeira, que de início lhe pareceu mais sensata, era passar a viver com um pé atrás, sempre pronto para se segurar em caso de um desastre. Continuaria amando Beatriz sim, mas talvez não com toda a força que poderia ser capaz de amar, e assim estaria a salvo de ter um coração partido.
Vislumbrou então a segunda possibilidade. Se entregar de vez, por completo, de corpo e alma, sem restrições, àquele amor que nos últimos meses só sabia crescer. Seria como fazer rapel sem corda de segurança, pular de um avião sem um pára-quedas sobressalente.
Viu que, se vivesse com um pé atrás e as coisas dessem certo, ele iria ter certeza de que vivera um amor meia-boca, que poderia ter sido perfeito mas que não passou do comum. E caso se entregasse por completo, viveria o amor da forma mais intensa possível, o que o faria morrer feliz.
E então, quando teve que escolher entre se arrepender por não ter corrido riscos e sofrer a dor de uma separação, chegou à conclusão de que preferia quebrar a cara mil vezes do que apenas existir e não viver. E amou. Cada vez mais.
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