Em 17/03/2005, a leitora Ana deixou um comentário que dizia o seguinte: "Aproveitando o "gancho" da oração, da fé, da religião, etc... gostaria de levantar a seguinte questão (que talvez sirva pra você "filosofar" sobre): quando Deus decidiu criar o homem, uma característica básica que o diferenciaria dos outros animais seria a substituição do instinto pelo grandioso conceito de livre arbítrio. Você concorda que seria uma noção desastrosa, já que se oferecermos uma escolha, nove entre dez pessoas vão fazer a errada? Se não tivéssemos essa maravilhosa característica, teríamos nos voltado contra o nosso "Criador"? Me responde essa com seu ponto de vista.".
Bom, para responder às perguntas dela, antes de mais nada tenho que ter em mente que devo levar em consideração apenas a interpretação bíblica da criação. Não estou dizendo que acredito ou não, digo só que vou tentar seguir a linha de pensamento da Ana.
Aí vocês têm que levar em consideração que eu não sei muito sobre a criação sob o ponto de vista bíblico. Na verdade, eu não sei muito sobre a criação do mundo sob nenhum ponto de vista, e vamos em frente. Portanto, não venham me xingar se eu falar alguma coisa que soe herética ou que esteja errada. Falo aqui na posição de leigo, com o chutômetro ligado no máximo.
Deus acha que o livre arbítrio foi um erro?
Pois bem, estava lá Deus, em seu estado de ser incriado, existente desde não se sabe quando, desde o infinito negativo do tempo, e, cansado de estar tão só com a sua onipresença, resolveu criar um planetinha, botar uns bichos nele e se divertir um pouco com a sua criação.
Depois de alguns dias, viu que não tinha muita graça só ficar vendo os animais correndo pra lá e pra cá, comendo uns aos outros, mantendo a cadeia alimentar funcionando, e resolveu criar um bicho novo, o bicho homem. Mas esse bicho seria diferente: pra começar, ele seria capaz de bater uns papos cabeça com Deus. Mas, além disso, ele poderia escolher o que fazer da vida, poderia tomar decisões, não apenas seguir seus instintos animais. O resto da história a gente sabe, pagamos por isso até hoje, diz a Bíblia.
Teria sido o livre arbítrio uma má idéia de Deus? A primeira resposta é não, pois afinal Deus é perfeito e alguém perfeito não pode criar algo errado. Mas não é isso que Ana quer saber de mim.
Pois bem, já por uma vez Deus não gostou dos rumos que as coisas tinham tomado, resolveu então salvar só alguns e mandar tudo por água abaixo, literalmente. Lá veio o dilúvio e começou tudo de novo, com a correção de alguns erros. Mas o livre arbítrio foi mantido. Logo, pode-se concluir que o próprio Deus não achou que a criação desta faculdade humana tinha sido um erro. Ele estava gostando disso e quis manter a brincadeira.
A seguir: considerações sobre a maldade humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário