Eu sou Mário Jorge de nascença. Não tenho esse nome porque meu pai se chamava Jorge ou porque o cara que fez meu parto também era Mário Jorge. Fui batizado assim porque minha mãe gostava deste nome e pronto, estava decidido. E assim cresci. Para praticamente todos os meus colegas e amigos de infância, e para todos os meus parentes, meu nome é duplo. Dos meus tempos infanto-juvenis, raros me chamam só de Mário. Acho que só Jonathan.
Uma parcela ainda menor da humanidade me chama de Jorge: são os amigos de meu pai, que me chamam assim mais porque o nome dele era Jorge do que por eu ser, também, Jorge.
Fui conhecido assim até 2002, quando comecei a trabalhar com Tovar na MM Gramados. Como lá eu atendia o telefone toda hora, sempre perguntavam quem é que estava falando, e quase sempre perguntavam de novo depois de ouvirem-me dizer que meu nome era "Mari-jógi". (diga Mário Jorge rápido para ver se não soa assim)
Um belo dia resolvi mudar. Virei Mário, só Mário. E a vida no telefone ficou mais fácil. Além de abrir grande espaço para piadas, afinal não sobrava gente perguntando "que Mário?".
Daí pra frente todos os que me conheceram me tratam apenas como Mário. No trabalho, na faculdade, nos cursos, na rua. O grande problema foi com a família. Tirar o "Jorge" do cartão de visitas era heresia das graves, passível de pena de morte na fogueira. Acreditem se quiser, sempre que alguém me chama só de Mário na frente de um dos parentes mais chegados, recebe de cara uma repreensão. Nem Sueli escapa.
- Eu falei pro Mário que...
- Hein? Quem?
- Mário!
- Mário JORGE, você quis dizer, não?
E haja paciência.
O que não falta é gente que se espanta quando descobre minha dupla denominação. Tenho que certeza de que algumas das minhas cinco leitoras devem estar se sentindo assim neste exato instante. Até mesmo a Sueli só foi descobrir isso duas ou três semanas depois do namoro começar.
Aí alguém levanta um dedo na platéia e pergunta: e de onde veio o Marinato? É seu sobrenome? Não, não é. Marinato é © da Sueli, que é a real detentora dele. Foi um despachante que está sempre lá no cartório que me chamou de Mário Marinato pela primeira vez e acabei incorporando-o de brincadeira.
Com o passar do tempo minha veia artística começou a falar mais alto e esta foi uma escolha natural. E agora que mandei o livro para ser registrado o nome é esse, pronto e acabou. Claro, a reação dos parentes não foi lá estas coisas, tanto é que quando um primo viu pela primeira vez mandou um sonoro "mas que porra é essa?". Mas, desavenças à parte, assumi o nome e vamos em frente.
Uma coisa que eu tinha vontade de fazer era me apresentar em algum lugar só como Jorge, mas como o livro está pra sair não posso me dar ao luxo de deixar escapar a oportunidade de reconhecerem meu nome de longe.
Na verdade, no fundo, pouco me importa com que nome as pessoas me chamam. Se alguém virar pra mim e falar que, dali pra frente, vai me chamar de Waldenio, amém. Grite Waldenio e eu respondo no ato. Afinal de contas, o que sou não está no nome pelo qual me chamam.
Ninguém quer pedir ajuda a um nome, ninguém conversar com um nome, as pessoas querem é falar comigo, brigar comigo, e o nome é apenas o modo mais fácil de como chamar minha atenção, seja ele Jorge, Mário Marinato ou Ariosvaldo.
Por trás do nome é que está o que realmente importa. Muito prazer, eu.
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