Música: Aqua Harp

Quando ouvi Aqua Harp pela primeira vez, há muitos anos, tive uma certeza: um dia seria capaz de tocá-la no piano. Tá aí, então.



Os criadores e a versão original.

Maioria Oprimida

Se você assiste este vídeo aí embaixo e acha que o que há de errado nele é que os papéis estão invertidos, você acabou de ter uma lição de como você vê o mundo pelos olhos do machismo.

Infelizmente, as cenas mais comuns são, realmente, com os papéis invertidos: são nossas irmãs que são assediadas, são nossas esposas que são agredidas, são nossas amigas de trabalho que são desacreditadas quando falam que sofreram abuso.

Mas isso não acontece porque a vida é assim mesmo. Isso acontece porque os homens acham que podem mandar, que podem abusar, que podem acuar as mulheres.

Veja bem, não estou apontando o dedo e dizendo que você é machista, nada disso. Só estou querendo mostrar que seus olhos já foram ensinados a ver o mundo com uma ótica de que o certo é a mulher sofrer abuso e de que isso é normal e de que a vida é assim mesmo.

Eu sei que você não faz por mal. Afinal, você cresceu e aprendeu que a vida é assim.

Mas dá pra desaprender, sabia?


Majorité Opprimée, de 2010, foi dirigido por Eleonore Pourriat.

Dicionário 2014 - III

Terceira postagem de um projeto literário para 2014: inventar uma palavra nova por dia.

12/01 - Uaziponga. Substantivo. Pessoa que tem o hábito de interromper a fala de outra, tentando adivinhar o que está pra ser dito (e normalmente errando).

13/01 - Abrasófilo. Adjetivo. Qualidade de um livro que é capaz de gerar a mudança no modo de uma pessoa ver o mundo.

14/01 - Biroscafóbico. Substantivo. Aquele que tem medo de entrar em biroscas.

15/01 - Cleptomatose. Substantivo. Transmissão hereditária de cleptomania.

16/01 - Rebimbólico. Adjetivo. Característica daquele que tem por hábito chamar a atenção quando entra em um lugar.

17/01 - Bricanoze. Substantivo. Doença que causa o crescimento de pelos nas unhas do pé.

18/01 - Pedalgrar. Verbo. Madrugar para pedalar bem cedo.

19/01 - Cabrozina. Substantivo. Pomada para curar bricanoze.

20/01 - Emblézigo. Substantivo. Homem que tem o costume de tomar café expresso depois das refeições.

21/01 - Flunbozina. Adjetivo. Característica da pessoa que costuma queimar a comida ao prepará-la.

22/01 - Xontriar. Verbo. Ato de ensinar a uma criança como tocar cai cai balão num ukulele.

23/01 - Quadrenisfose. Substantivo. Cirurgia para redução da língua.

***

Leia aqui a quarta parte da série.
Leia aqui a segunda parte da série.

Micro-contos de Terror

Não são de autoria minha.
Vi aqui e traduzi pra cá.
Tem uns lascados de bom.

Eu estava tendo um ótimo sonho quando as marteladas me acordaram. Depois daquilo, eu mal conseguia ouvir a terra caindo sobre o caixão de tanto que eu gritava.

"Não consigo dormir", ela sussurrou, subindo na minha cama. Eu acordei suando frio, agarrada ao vestido com o qual ela foi enterrada.

Eu estava lendo uma história para ela quando ela disse que havia monstros embaixo da cama. Quando olhei, havia uma outra ela embaixo da cama, olhando pra mim e falando que havia alguém em cima da cama dela.

Você chega em casa, cansada depois de um longo dia de trabalho e pronta para relaxar sozinha. Quando toca o interruptor, tem outra mão lá.

Não consigo me mexer, respirar, falar ou ouvir nada, e está escuro o tempo todo. Se eu soubesse que seria assim, teria pedido para ser cremada.

Ela subiu as escadas para ver seu bebê dormindo. A janela estava aberta e a cama vazia.

Nunca vou dormir. Mas vivo acordando.

Minha filha não para de chorar e gritar durante a noite. Eu visito seu túmulo e peço para ela parar, mas não funciona.

Depois de um dia duro de trabalho, chego em casa e encontro minha esposa ninando nossa filha. Não sei o que foi mais assustador: ver minha esposa e minha filha falecidas ou saber que alguém invadiu meu apartamento e as pôs lá.

No meu telefone tinha uma foto minha dormindo. Eu moro sozinha.

Acordei com batidas no vidro. Achei que era na janela, até que vi que vinha do espelho.

A última coisa que vi foi meu relógio marcando 12:07, antes dela enfiar sua mão em meu peito enquanto tapava minha boca com a outra. Acordei assustada, aliviada por ser só um sonho, mas aí vi meu relógio marcando 12:06 e ouvi a porta abrindo.

Como cresci tendo gatos e cães em casa, me acostumei a ouvir arranhões nas portas enquanto dormia. Agora que moro sozinha, não é tão legal.

Em todo o tempo em que moro sozinha nesta casa, juro por Deus que já fechei mais portas do que abri.

Uma menina ouviu sua mãe gritar por ela do andar de baixo, então levantou e foi descer as escadas. No primeiro degrau sua mãe a puxou para seu quarto e disse "também ouvi".

Ela perguntou porque eu estava respirando tão forte. Eu não estava.

Minha esposa me acordou esta noite para me dizer que havia um intruso na casa. Ela foi morta por um intruso há dois anos.

Eu acordei com o som o rádio do quarto da bebê, alguém estava ninando ela. Quando me mexi, encostei na minha esposa, dormindo ao meu lado.

Eu sempre achei que minha gata tinha um problema de visão - ela sempre parecia olhar fixo para meu rosto. Até que um dia entendi que ela estava olhando para algo atrás de mim.

Não há nada mais lindo que a gargalhada de um bebê. A não ser que seja uma da madrugada e você esteja sozinha em casa.