50 Semanas de Rock - Kiss

Pra começo de conversa, o Kiss é uma banda muito mais descontraída do que eu imaginava. A idéia que eu tinha deles é que estavam mais para um AC/DC ou Iron Maiden, quando na verdade estão mais para um Queen ou Aerosmith. Não que eu esteja comparando a qualidade das bandas, mas sim a postura e o estilo de rock que eles fazem. O Kiss tem baladas lentinhas, sô!

Baixei quatro discos deles: Destroyer, Creatures of the Night, Greatest Kiss e Unplugged MTV, e gostei muito do que ouvi.

Destroyer começa muito bem com Detroit Rock City e segue bombando com King of the Night Time World e God of Thunder, todas bons exemplos de rock de qualidade. Tem também uma que eu tenho a impressão de já ter ouvido antes: Shout it Out Loud. Três músicas deste disco falam da relação entre um músico e suas esposas/namoradas/famílias, só não sei se falavam deles mesmos: Flaming Youth ("meus pais acham que tô doido e odeiam o que faço"), Beth ("Eu tô ouvindo você chamar, mas não posso ir agora, eu e os meus amigos estamos ensaiando") e Do You Love Me ("você curte os shows, os estúdios e o dinheiro, mas, será que você me ama?"). Deste disco, Beth é, de longe, a que eu mais curti. Ela parece uma música da primeira fase do Elton John misturada com uma típica canção de Rod Stewart. Boa mesmo.

Creatures of the Night é bem mais rock que o primeiro. E tem apenas uma música mais devagar, I Still Love You, que tem uma pegada blues fodona. O resto é tudo rockão pra bater cabeça. Rock and Roll Hell e Danger são imperdíveis. E não posso deixar de comentar o fuderoso solo de guitarra em War Machine.

Greatest Kiss, por ser uma coletânea, é, por definição, um ótimo disco. Traz algumas das boas do primeiro disco (Beth e Detroit Rock City, por exemplo) e duas que eu já conhecia, coisa que aconteceu poucas vezes nestas 50 semanas: Rock and Roll All Nite e I Was Made For Loving You. Esta segunda, na verdade, eu só conhecia um pedaço do refrão, que foi usado no Elephant Love Medley do filme Moulin Rouge. Shout it Out Loud aparece aqui numa versão ao vivo frenética.

Já o Unplugged MTV, por sua vez, não inova muito. Ele traz algumas músicas dos outros discos (novamente Beth e também I Still Love You, Rock and Roll All Nite e Do You Love Me), é um disco muito bom porque Kiss é uma banda muito boa, mas não é um disco espetacular. O melhor momento do disco é na música I Still Love You, com uma paradinha de enlouquecer. Neste disco, recheado de baladas como Every Time I Look at You e A World Without Heroes, eles chegaram bem perto ser apenas uma banda pop.

Enfim, Kiss é uma banda que adorei conhecer, tornando-se uma das melhores de toda a viagem, que nesta semana que começa está chegando à sua metade. Com certeza vou querer ouvir mais coisas deles com o tempo. Recomendo sem pestanejar.

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Veja a lista das bandas que fazem parte das 50 Semanas.

Retirando a Opção Enviar Para do Menu do Windows

Você aí, querida leitora, que está acostumada a clicar em tudo no computador usando o botão direito do mouse, para poder usar aqueles menus cheios de atalhos para as funções mais usadas dos programas, talvez se aborreça com a mesma coisa que eu me aborrecia até um tempo atrás: o menu Enviar para, que é parte do menu que aparece quando você clica em algum arquivo.

Eu sempre me aporrinhava com ele, pois sempre que simplesmente passava o mouse por cima da opção o computador congelava durante coisa de dois segundos só para exibir as opções - que eu não queria usar.

Como eu nunca usei este recurso, parti para procurar alguma maneira de tirá-lo de lá. E, graças a Deus e ao Google, achei no blog TipMonkies uma explicação, que traduzo aqui para vocês.

Lembro que ao seguir este passo a passo, cuidado para não apagar nenhuma outra coisa além do que está descrito aqui, sob pena de zonear com o seu computador.

***


Clique no menu Iniciar e na opção Executar.
Na tela que aparece, digite regedit e aperte enter.
Navegue pelas opções à esquerda para encontrar a seguinte chave:

HKEY_CLASSES_ROOT\AllFilesystemObjects\shellex\ContextMenuHandlers\
Send To.

Dê um duplo clique no item (Padrão), do lado direito da tela.
Apague o valor.
Clique em OK.
Feche o Regedit.

Voilá.

***


Se quiser colocar o menu de volta, vá até o item (Padrão) citado acima e coloque como valor dele o texto {7BA4C740-9E81-11CF-99D3-00AA004AE837}, incluindo as chaves.

***


Leia outros artigos meus com dicas de informática.

Faz-me Rir, Google

Uma das coisas mais divertidas em se ter blogs é poder ver o que as pessoas digitaram nos sites buscadores para logo em seguida cair em seus domínios. Ultimamente tenho colecionado algumas destas buscas e as trago para que vocês também se divirtam, assim como o Branco Leone e o Rafael Galvão costumam fazer. E, assim como eles, não resisto e respondo.

Primeiro, uma coleção interessante de como as pessoas escrevem Elton John:

Elton Jonh
Elton Johon
Elton Jones
Elton Dion
Elton Dione
Elton Jhon
Enton


Depois, pesquisas que levaram leitores ao Vovó Viu a Rede:

Antes da carta o que eles usavam para entregar correspondências?
Pombos-correio, oras. De onde você acha que veio o nome dos Correios?

Como escrever vóvo
É quase assim, você só precisa puxar aquele tracinho em cima do primeiro "o" para cima do segundo.

Como divede uma rede entre dois pc
Fácir, pega o cabo, discobre ondi é a metadi i córta eli bem ali cuma tezoura. Pronto: tá devedido.

resultado do exercicio
Pronto, agora o Google é adivinho. E o cara ainda reclama se o Google dá o resultado de um exercício sobre redes: "eu queria o resultado do exercício de biologia da tia Zucreide!"

existe microondas em braili
Sim, existe. Algumas empresas, e a Brastemp é uma delas, fabricam fornos microondas com bolinhas no menu pros ceguinhos descobrirem os comandos.


Agora algumas que trouxeram leitores ao Sarcófago:

um analista de sistemas usa calculadora?
Não, ele usa Excel ou outro programa do gênero. Mas eu, pessoalmente, uso um ábaco.

Para inserir o símbolo ! (exclamação)
Aperte shift e a tecla do número um ao mesmo tempo. Esse um não, burro! É aquele que está perto da letra "Q"!!!

musicas de filcoli
Só conheço o trabalho do primo dele, o Phil Collins.

inserir caracteres no perfil orkut
Filho, sabe o teclado? Não é ali não.

ouvir musica celini jhon
Imagine um grupo formado por Enton Dion, Celini Jhon e Filcoli! Só ia faltar o Maicon Géquiçon.

o que é dormir no computador
É descansar a cabeça no teclado, babando nas teclas, às quatro da manhã, depois de tentar encontrar as coisas no Google, mas não conseguir por não saber procurar direito.

maçetes de sinbolos do teclado
Antes de aprender a fazer mágica, que tal aprender um pouco de português, hein?

como namorar com melhor amiga
Primeiro você tem que mandar uma cantada das boas, tipo "e aí, amiga, tamo nessas carne?". Essa é infalível.

como ganhar um concurso de contos? Dica
Ah, rapaz, se você souber me conta que eu também quero.

musica seduces me canta celine dion
Olha só que coisa, agora é a música que canta a cantora. Onde é que o mundo vai parar?

como fazer para colocar as mão no teclado
Como colocar as patas você já descobriu sozinho, não é?

como faz pra deixar a letra no orkut sublinhada em baixo
Ih, rapaz, eu só sei como deixar a letra sublinhada em cima.

como usar o teclado sem utilização do mouse
Sabe como você escreveu esta pesquisa? É bem parecido.

O Pecado de Todos Nós - Capítulo Dois - Parte Quatro

(capítulo dois, parte três)

Dirigimo-nos para o trigal de inverno, mas ao nos aproximarmos vimos que ele perdera grande parte de seu verde e ao chegarmos ao meio do trigal percebemos que estava morrendo.

Quando voltamos para casa, eu estava tremendo. Meu pai foi ao telefone e ligou para a Cooperativa Agropecuária de Arbourville. Falou pouco e fez algumas perguntas. Depois desligou e virou-se para mim.

- Sim, é em todo o Estado. Nenhuma das árvores apresenta botões, e há notícias de que o trigo está morrendo do Pacífico ao Atlântico. A safra da Flórida foi quase nula. Não há trigo, nem alface, nem qualquer outro tipo de verdura suficiente para a exportação, e embora tenham tido uma boa safra de laranjas, as árvores não estão mais florindo.

- Precisamos de irrigação - disse eu.

Estávamos no hall, e, de repente, precisei sentar-me em uma das cadeiras encostadas à parede. Lembrei-me das notícias de que os rios estavam morrendo e também recordei-me de que o nosso poço estava mais vazio, com a bomba trabalhando quase que ininterruptamente.

- Nunca precisamos de irrigação - disse meu pai, e sua voz perdera toda a sua força. - Sempre tivemos chuva bastante. Não estamos preparados para irrigar, nem nossos vizinhos o estão. - Ele acrescentou, como se falasse para si mesmo: - De qualquer forma, não adiantaria.

- Por que não? - perguntei, desesperançadamente.

Mas meu pai não respondeu. Reparei que fitava curiosamente o relógio, mas como ele ainda não nos dissera o que vira - ou sonhara - não compreendi aquele estranho olhar.

Ele tornou a sair de casa e eu o acompanhei como uma criança. Encontramos Edward no estábulo, mexendo com o motor de um dos arados. Ele nos ouviu entrar e ergueu a cabeça, atento. Meu pai aproximou-se e pôs a mão no ombro do meu irmão.

- Você está sendo vingado, Ed - disse ele. - O mundo inteiro esqueceu-o, mas Deus lembrou-se de você.

***


Continua...
O início

50 Semanas de Rock - Judas Priest

Quando tudo isso começou eu comentei que muitos momentos da minha infância tiveram rock como fundo musical, e aí está um dos grupos que mais me levaram de volta àquele tempo, mesmo eu não tivesse lembrado de nenhuma música específica. Acho que a única foi A Touch of Evil.

Do Judas Priest eu baixei três discos: British Steel, Painkiller e Living After Midnight, este último um do tipo best of e os dois primeiros considerados clássicos e seminais na carreira do grupo.

Eu esperava ouvir alguma coisa conhecida no Living After Midnight, mas não conheci reconhecer nenhuma das músicas. Com certeza eles têm algumas pérolas escondidas em seus discos, mas a seleção deste é mais do que ótima. Desde a primeira, Better By You Better Than Me, com seu belo solo de abertura, passando pela fuderosa Freewheel Burning, por uma versão hard rock de Johnny B. Good, que só reconheci quando conferi a letra, e indo até a ótima A Touch of Evil, todas são excelentes músicas - fora, claro, a bomba United.

Painkiller, por sua vez, é um discaço, recheado de música boa. De cara ele tem A Touch of Evil, o que o já faz ser um disco bom, pouco importando o que vem depois. Mas o resto do disco também é muito bom: o que dizer de Between the Hammer and the Anvil, Hell Patrol, Leather Rebel, Metal MMeltdown e Painkiller? É simplesmente espetacular. O solo de One Shot at Glory, então, é de fazer qualquer um viajar.

E tem British Steel, que só não é perfeito porque traz United, uma We Will Rock You sem Toddy. De resto, o disco é foda foda foda, e é ele que me levou de volta à infância, quando meus primos tentavam me ensinar a gostar de rock. Rapid Fire, a música de abertura, já é excepcional. Ela é seguida por Metal Gods, outra porrada. E o que dizer do resto? Breaking the Law é ótima, Grinder tem um solo de arrepiar, You Don't Have to Be Old to Be Wise é fodona e Steeler é pra animar até domingo de chuva. Simplesmente fodão.

Judas Priest é o tipo de rock que me anima, o tipo de rock que me arrepia, o tipo de rock que eu Gosto, com g maiúsculo. Com certeza vou querer conhecer tudo o mais deles. Acho que virei fã e é claro que eu recomendo.

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Veja a lista das bandas que fazem parte das 50 Semanas.

Breve História Ilustrada

Atrás deste link aí de baixo está uma figura, de 1,2 megas, que faz um resumo da história da humanidade. É indecente às vezes, assim como a própria história. Divirtam-se.

Breve História Ilustrada

Dica do Cat

Reforma de Casa: Entrega de Material

Se você vai começar a reformar ou construir a sua tão sonhada casa e acha que é uma pessoa extremamente paciente, prepare-se para rever os seus conceitos, pois a entrega dos materiais no seu canteiro de obras é caso para deixar brancos os cabelos que os carecas nem têm mais.

Um par de semanas antes de começar as obras de reforma da minha casa, eu tirei umas semanas de férias e corri todas as lojas de material de construção daqui de Cachoeiras de Macacu para pesquisar preços. Cimento, tijolos de diferentes tamanhos, areia, pedra... pesquisei tudo. E, claro, a primeira compra foi na loja mais barata, que marcou para entregar parte do material em um determinado dia, pela manhã.

Chegado o dia, chegou a tarde, o pedreiro quase que à toa, e nada do material. Liguei para a loja e eles disseram que o caminhão tinha acabado de sair. Às oito da noite eu cheguei à conclusão de que o caminhão tinha saído da loja e ido para a garagem.

No outro dia de manhã, logo cedo, às oito, já liguei para a loja. O cara pediu desculpas, disse que tinha ocorrido um imprevisto, que o caminhão já estava sendo carregado e que eu seria o primeiro a receber o material. Às dez, liguei de novo, para saber que o caminhão tinha acabado de sair de lá, e que já estava vindo direto para minha casa, um percurso de cerca de cinco minutos. Chegou às onze, depois de mais duas ligações.

Desnecessário dizer que desisti desta loja logo no início. Só consegui receber o resto do material no dia certo depois que ameacei arranjar uma confusão na loja e pedir o meu dinheiro de volta.

O nome da loja: Abel Materiais de Construção. CORRAM DESTE LUGAR!!

Depois desta experiência horrível, parti para outra loja: Construsousa, do Renan. Apesar de também me enrolar um pouco com as entregas de vez em quando, Renan é mais responsável e na maioria das vezes as coisas chegam no dia e horário marcados. É lá que compro a maioria dos materiais desde então.

A Madeireira Macacu, onde comprei os caixonetes das portas também me enrolou um bocado: um caixonete extra, que pedi há coisa de dois meses, ficou de ser entregue em quatro dias levou cerca de vinte. A Sanitária Cachoeirense me aprontou uma das maiores lambanças que já vi e a Marmoraria Rangel me deixou bobo com algumas explicações das mais estapafúrdias que já vi, e merecem artigos à parte, que publicarei em pouco tempo.

Duas lojas trabalharam muito bem: quando fui fazer o telhado comprei as madeiras e as telhas na Herfaltz Madeiras, e a entrega foi uma beleza. Tudo certinho e no dia marcado. E, alguns meses mais tarde, quando comprei os pisos, a Amoedo de Niterói me fez sonhar em morar em um lugar onde as lojas sejam mais responsáveis: o material bateu aqui em casa às sete da manhã do dia marcado. Não há como ser mais pontual.

Em todo este tempo, tive que ser muito paciente e por várias vezes fui obrigado a falar mais grosso e mais alto para ver se as pessoas que me atendiam tinham noção de que eu não estava ali para brincadeiras e que queria ter os meus direitos de consumidor respeitados.

Então, repito meu conselho lá do início: quando for lidar com obras, prepare-se para desafiar muitas e muitas vezes os limites da sua paciência.

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Leia outros artigos da série Reforma de Casa

50 Semanas de Rock - Joe Satriani

Eu já tinha visto o quanto Joe Satriani é fera quando assisti um DVD do G3, o famoso encontro de guitarristas fodões. Só por este vídeo já deu pra ter certeza de que o cara era bom mesmo no que fazia, que tinha uma profunda intimidade com a guitarra, e só me faltava ver como eram seus discos.

Baixei três: Surfing With the Alien, The Extremist e Crystal Planet. A conclusão é a mesma de alguns meses atrás: o cara é bom e ponto final. Não é à toa que meu camarada Rodolfo, no longínquo ano de 1995, lá no nosso segundo grau (que ainda era chamado de segundo grau), já era fã assumido do cara.

Joe Satriani, apesar de fazer música instrumental, faz uma coisa diferente em algumas de suas músicas, coisa esta que faltou em bandas como Focus e Jethro Tull: ele coloca uma linha melódica que vai do início ao fim das músicas, que pode ser interpretada como o "canto" da guitarra, como se ela, a guitarra, estivesse substituindo a letra da música. Não é apenas um solo fuderoso o tempo todo, mas toda uma "história" seqüencial e coerente. Dois bons exemplos disso são as músicas Friends e Summer Song.

Um ponto contra é que achei tudo parecido. Talvez seja um pouco de falta de atenção minha, mas se trocassem as músicas entre os discos, pra mim não faria diferença nenhuma, porque o estilo do cara não muda, e isso pode ficar um pouco cansativo.

Não é o tipo de música que eu consiga passar horas e horas ouvindo, mas é ótimo para ficar de fundo musical enquanto você está estudando ou trabalhando, e ainda melhor para trilha sonora de programas de esportes radicais. Eu tenho certeza de que já ouvi Summer Song antes, em algum quadro do Esporte Espetacular.

Enfim, Joe Satriani é um ótimo nome pra quem gosta de rock, e não faz feio em nenhuma playlist. Na minha ele veio pra ficar.

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Conheça a lista de bandas que fazem parte das 50 semanas de rock

Crônica: Cinco de Fevereiro

Em maio deste ano a revista Enfoque Gospel fez uma promoção para o dia das mães, chamada Minha Mãe Vale Uma História. Os leitores deveriam enviar redações contando alguma história sobre suas mães. Para participar, reescrevi a crônica Cinco de Fevereiro, que abre o meu primeiro livro, Trabalho em Cartório Mas Sou Escritor, mas acabei não ganhando. Trago pra vocês a nova versão.

***


Em 1988 descobriram que minha mãe estava com câncer. O pior momento dessa época sofrida de nossa trajetória foi há pouco mais de 17 anos. No dia cinco de fevereiro de 1991 pensávamos que ela iria morrer. Muito mais por ação de Deus do que por solução de remédios e tratamentos, ela não nos deixou. Ao invés disso, ela passou a melhorar dia após dia. Em pouco menos de um ano, nossa vida havia voltado praticamente ao normal, e mamãe estava quase pronta para voltar ao trabalho no colégio onde dava aulas.

Graças ao seu bom salário de funcionária do Estado, eu pude trabalhar pouco e estudar muito. Aos 18 já tinha concluído um curso de inglês, estava fazendo espanhol e cursando o segundo período da faculdade de análise de sistemas na UFF. Entretanto, estava dando entrada para trancar a faculdade por um ano para fazer intercâmbio na Inglaterra.

No final de 1999, voltando da Europa, nos mudamos para outra casa, bem maior e melhor do que a casa onde vivíamos até então. Pouco tempo depois retornei para a faculdade, a qual terminei no final de 2002, estando já empregado em uma grande empresa, trabalhando no que sempre gostei. As coisas a partir dali tinham tudo para correr sem preocupações, mas tudo teve um fim súbito e inesperado quando o maldito despertador berrou na cabeceira de minha cama hoje de manhã. Acordei atordoado, para descobrir que tudo não passava de um sonho.

Ao contrário de o sonho ter contado uma história diferente, não há como mudar o fato de que naquele cinco de fevereiro de 1991 minha mãe perdeu a luta contra o câncer e morreu. Este foi um daqueles momentos que definem o futuro de alguém. Se ela ainda estivesse aqui entre nós, a minha vida hoje, e também meus últimos 17 anos, seriam bem diferentes.

Claro que é triste tê-la perdido tão cedo, mas não fico me lamentando, pensando sobre o assunto. Já passei mais da metade da minha vida sem ela e me acostumei com isso há tempos. Mas o que não posso deixar de fazer é admitir que ela ainda vive entre nós. Não fisicamente, claro, muito menos temos uma alma penada perambulando pela casa. Nada disso! O que vive dela entre nós é a sua memória, que permanece intocada.

Ao perder minha mãe, ganhei muitas outras: como ela era professora de nível fundamental, tinha muitas e muitas amigas chegadas, e como vivemos em uma cidade pequena, do interior, todo mundo soube do ocorrido na época e, tendo eu apenas onze anos de idade, todas elas, as amigas, se prontificaram a ajudar o meu pai a cuidar de mim, filho único.

Eu só fui descobrindo estas ajudantes com o tempo, já adulto, quando as pessoas vinham conversar comigo sobre minha mãe e contavam que reparavam o que eu fazia pelas ruas, prontas para me delatar caso aprontasse alguma traquinagem. Até mesmo de completas estranhas eu já recebi esta notícia. Certa vez, aguardando no cabeleireiro, uma mulher virou pra mim e disse:

- Eu ajudei seu pai a te criar!

Meu Deus, uma desconhecida falando um negócio desses, imagina! Aí ela explicou que tinha trabalhado com minha mãe e que me conhecia desde que tinha nascido. Só eu, com minha memória falha, é que não fazia a mínima idéia de quem ela era.

Mas isso não aconteceu só com gente de fora da família. Um primo meu certa vez me contou que, a poucos dias de sua morte, minha mãe chamou-o para sentar ao seu lado e fez um de seus últimos pedidos: que ele tomasse conta de mim, que zelasse pela minha educação, que não deixasse eu me meter com pessoas ruins.

E não são apenas as pessoas que ajudam a manter viva a sua memória. O que dizer dos objetos? Hoje estou noivo, me preparando para casar, e uma pequena parcela do nosso enxoval são coisas que foram dela, muito bem conservadas. E não é uma questão apenas de coisas que ela tenha comprado, mas também de coisas que ela mesma fez: costurando, pintando ou bordando. Ou tudo ao mesmo tempo.

Em uma estante estão também os livros. Livros que ela leu e manuseou: as anotações às margens, com a sua letra desenhada inconfundível, estão lá para provar. Se enquanto ela vivia eu era muito criança para entender os pensamentos de um adulto, hoje, ao ler os livros que ela lia, consigo compor na mente um retrato de seu jeito de ser e de pensar. As frases sublinhadas me mostram as coisas nas quais ela acreditava, com o que concordava, ou até mesmo quais eram os seus questionamentos em relação às coisas da vida. Num outro canto estão velhos discos de vinil. Músicas que, mesmo que eu passe anos sem ouvir, ainda moram no meu subconsciente, pois são aquelas com as quais ela me ninava.

Sim, eu sei que esta não é a história de uma pessoa, mas sim de sua memória. Se minha mãe já se foi e não pode mais criar assuntos para serem contados mais tarde, sua memória, sim, tem este poder, pois esta ainda está sendo construída, dia após dia, através dos fragmentos deixados aqui e ali, encontrados ao acaso em um canto de guarda-roupas ou no fundo de uma gaveta.

Sua memória é uma história em forma de quebra-cabeças que é remontado a cada dia, e que me ajuda a escrever as páginas da minha própria vida e a determinar meu próprio caminho. Por tudo isso, no dia do aniversário de sua morte, me pego desejando que ela estivesse aqui comigo, pois sei que ela adoraria me ver tocando meu teclado, sendo dono de minha vida, sendo quem sou, me vendo chegar onde eu cheguei, e contando sua história.

Pérolas dos Meus Amiguinhos de Classe na Estácio de Niterói

No meu último semestre na faculdade, tive que estudar uma matéria no campus da Estácio de Sá de Niterói por falta de turma lá em Nova Friburgo. Lá, tive a alegria de reencontrar um grande amigo que tinha começado a faculdade comigo e depois mudado de cidade, o Rone. Quando no primeiro dia de aula ele me falou que o pessoal de Niterói não sabia muita coisa, eu fiquei pasmo, mas hoje tive a comprovação. Calma que eu conto.

Estava na sala de Tópicos Especiais II, lendo um livro de empreendedorismo para a aula de Bené, esperando o professor chegar (o corno que, a propósito, NÃO chegou), quando entra o meu coleguinha. E ele puxa assunto. Conversa vai, conversa vem, o assunto descambou para projeto final. Ele dizendo que estava começando mas estava com dúvidas de como fazer. Quando eu falei em C++ ele ficou assustado.

- Puts, isso aí é difícil.

Daí ele comentou que viu o projeto de um cara e mandou a primeira pérola.

- Pô, meu, o projeto do cara ficou show! Ele fez UML em Java!

[silêncio constrangedor]

- Ah, tá.

Tentei continuar com o livro mas ele persistia. Falou muito mal-faladamente de como seria o projeto dele e pediu sugestões.

[ironia]
Coitadinho, estava cheio de dúvidas.
[/ironia]

Quando falei que ele poderia fazer uma intranet, ele perguntou com aquele ar de "puts, o cara aí manda bem, deixa eu tirar minhas dúvidas":

- Ah, me explica isso de intranet... isso é um sistema separado que você faz ou é um negócio que você usa direto no internet explorer?

Aí eu comecei me controlar mais para não perder a paciência. Um cara que está quase formando em Sistemas de Informação e fala "negócio" e "internet explorer" ao invés de "sistema" e "navegador" não merece muito respeito. Se ele pelo menos falasse Firefox, mas não! E o pior é que ele é da Estácio, ou seja, é gente assim que leva o valor do meu diploma lá pro buraco. (Mas, empregadores, não se enganem! Eu estudei no campus que obteve a terceira melhor nota do estado no Enade de 2005, tá?).

Mas bem, voltando a falar do meu coleguinha de classe, eu caridosamente expliquei que intranet é um site, só que protegido, e tals... e que, portanto, você usa no navegador. Ele fez cara de quem não sabe o que é um navegador.

Quando ele perguntou que linguagens poderia usar, eu falei que ele poderia partir para as mais comuns, como PHP, Java e Asp, ou tentar algo mais novo, como Ajax. Como eu já deveria esperar, ele nunca tinha ouvido falar em Ajax, e, logo em seguida, mandou A Grande Pérola (assim mesmo, com maiúsculas):

- Se eu usar ASP vai ser bom porque vou poder usar SQL.

[silêncio constrangedor]

Dei graças a Deus quando um conhecido dele entrou na sala. Caí de cara no livro.

***


Este texto, com algumas leves diferenças, foi publicado originalmente no antigo Sarcófago em 26/08/2006. Eu o trouxe pra cá por tê-lo apagado no velho blog. Ele é um belo exemplo da diferença entre amadores e profissionais. Recentemente descobri que SQL, pra ele, significava o programa SQL Server, e não a linguagem em si, confusão que muito profiçional faz. Mas ainda hoje, dois anos depois, eu ainda me pergunto o que ele quis dizer com fazer UML em Java.

Artigos sobre informática

Como sempre escrevo vários artigos com dicas de informática, resolvi fazer um post para servir de índice para todos eles, assim como fiz com a série Reforma de Casa. Sempre que eu escrever algo novo eu vou colocar o link aqui, e este post será linkado ali na barra lateral. Espero que seja do agrado de vocês, queridas leitoras.

***


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Dica de Word: Apagando Vários Caracteres Indesejados de Uma Vez Só

Livro do qual participo: Entrelinhas


Foi lançado há pouco mais de uma semana o livro Entrelinhas, publicado pela Editora Andross, que contém uma crônica que escrevi. Esta editora trabalha com a publicação de antologias, reunindo em seus livros editores de vários cantos do Brasil.

Ele tem 283 páginas, conta com 91 textos de 82 autores e é muito bem feito. Pra dizer a verdade, o livro é lindo. Mas isso é elogio de pai coruja. Quem já teve oportunidade de ler minha crônica gostou.

Tenho 21 exemplares aqui comigo para serem vendidos, e está saindo por R$ 25,00 mais o frete de R$ 5,00 para qualquer lugar do Brasil. Mas se você comprar meu primeiro livro no mesmo pacote, paga mais R$ 15,00, num total de R$ 40,00 e o frete sai de graça. Se você, minha querida leitora, quiser comprar, é só deixar um comentário ou mandar um email. Depois que estes que tenho comigo acabarem, só pelo site da Andross, e por lá sai mais caro.

50 Semanas de Rock - Jimi Hendrix

Finalmente, depois de várias semanas de bandas que não me agradaram, com uma outra coisa que interessaram, surge alguma coisa que me deu prazer de ouvir. Jimi Hendrix é exatamente o que eu pensei que fosse: um cara que toca guitarra com prazer. Dá pra sentir que o que existe ali é muito mais do uma relação músico-instrumento, mas sim uma relação homem e sua amada. Jimi quando tocava parecia esta acariciando uma mulher, buscando fazê-la sentir prazer, e esse tesão, na música, é tudo que há de melhor.

Jimi foi um artista que finalmente consegui baixar os três discos previstos para a semana e pude realmente ouvi-los bastante, chegando à conclusão de que todos são muito bons.

O primeiro deles, Axis: Bold as Love, começa de um jeito muito estranho: a primeira faixa, EXP, é uma suposta transmissão de uma entrevista num rádio, e as pessoas são alienígenas, com vozes estranhas, e a guitarra faz sons de estática e de sintonização, variando o som entre um ouvido e outro, chegando ao ponto de me deixar zonzo. Muito esquisito. Mas aí começa a música e a coisa fica muito boa de se ouvir. Todas as músicas são boas, mesmo não havendo nenhum destaque espetacular. Talvez If 6 Was 9, que eu já conhecia na voz de Cássia Eller.

O segundo disco foi Electric Ladyland, também fodão. Ele segue a linha do Axis: Bold as Love, com a guitarra esganiçada no Jimi em todos os cantos. Os destaques aqui ficam por conta de Come On, Long Hot Summer Night e as duas versões de Voodoo Child, uma de 15 minutos e outra de cinco, sendo a menor a melhor delas.

O terceiro disco foi o ótimo Blues. Ele já começa muito bem com Hear My Train a Comin' em versão acústica e já cai na excelente Born Under a Bad Sign. No meio do caminho tem uma versão blues de Voodoo Child e a rasgadíssima Bleeding Heart. Lá estão também a nervosa Jelly 292 e uma outra versão de Hear My Train a Comin'. Simplesmente imperdível. Se você quiser ouvir um deles, que seja este.

Jimi Hendrix é, enfim, foda demais. Apesar de não ter exatamente uma música que tenha marcado em especial, e que eu ponha várias vezes para ouvir, é o tipo de som que gosto de botar pra tocar, o tipo de cara que quero conhecer mais e o tipo de música que vai passar a fazer parte da trilha sonora da minha vida.

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Veja a lista de bandas que fazem parte das 50 semanas de rock

Tirinhas das Boas

Para as minhas leitoras que se divertem com humor vindo da África, passem o fim de semana se divertindo com Cyanide & Happiness Traduzidos:


O Ubuntu não sabe contar

Que o Orkut é péssimo na hora de contar isso todo mundo já sabe. Aí esta semana o Alexandre Custódio mostrou que o Avast! também não sabe contar. Agora vem a minha vez de mostrar o que me aconteceu há coisa de duas semanas.

Fui eu então atualizar o Ubuntu e ele me mostra esta singela tela:



654 megas em 26 minutos? Isso dá cerca de 430 k por segundo! Isso é 40 vezes a capacidade da minha conexão, quando está boa.

Na verdade, a coisa toda durou 18 horas, mais ou menos.

50 Semanas de Rock - Jethro Tull

Eu sempre imaginei que Jethro Tull fazia um som parecido com Aerosmith ou Guns'n'Roses, tudo por causa de Zeca Baleiro. Mas como assim Zeca Baleiro? Sim, por causa da música dele chamada Samba do Approach, que diz "já fui fã do Jethro Tull, hoje me amarro no Slash".

Mas, infelizmente, Jethro Tull não é como Aerosmith ou o Guns'n'Roses.

Tudo começou bem quando meu mp3 player botou o cd Aqualung pra tocar na ordem inversa, a partir da última faixa, Wind Up. Suas guitarras e seu piano me fizeram achar que estava vindo pela frente uma semana de rock à Elton John. Quando Locomotive Breath começou a tocar, então, ali eu vi que teria uma ótima semana pela frente. Só que aos três minutos desta segunda música comecei a ouvir aquela flautinha, e então senti que algo não ia bem.

Mas ainda havia esperança: Slipstream veio muito bem, só com voz e violão, curta e boa de se ouvir. E continuou assim com o início de Hymn 43, mas esta trouxe novamente a flautinha. Finalmente, a partir de My God, a coisa desandou, e vi que Jethro Tull se tratava de uma banda no estilo de Focus. A partir daí, nada mais prestou.

Nenhum dos dois discos que baixei (Aqualung e Thick as a Brick) conseguiu me empolgar, e a opinião que formei sobre eles é a mesmo que formei sobre o Focus: os caras são fodas com seus instrumentos, mas não fazem música boa. É chato demais de ouvir, muito chato.


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