O Pecado de Todos Nós - Capítulo Três - Parte Cinco

(capítulo três, parte cinco)

Quando chegamos em casa naquele primeiro dia da chuva, Jean correu para mim e disse:

- Pete, os pássaros voltaram!

Nós, homens, não havíamos reparado que os pássaros tinham desaparecido, pois estávamos por demais aflitos. Mas quando olhei pela janela da sala, vi que a terra marrom estava cheia de pardais e melros e outras aves migradoras. Estavam muito ocupados, arrancando minhocas da terra e gritando ao crepúsculo úmido e saltitando por ali numa espécie de atividade febril. Não sei por que, só ao vê-los eu me animei e meu terror particular diminuiu.

Os olhos-d'água tinham reaparecido, mas não podíamos deixar o gado ir beber neles. Como se impostas por alguma força malévola as pragas continuavam a crescer, exibindo flores estranhas, vermelhas e amarelas, e imensos espinhos. Abundavam nos olhos-d'água, envenenando-os. Naquela noite, levamos o gado até ao riacho turbulento e deixamos que bebessem até se fartarem, vigiando-o com cajados pesados, com medo de que quisessem comer as ervas. Mas não foi preciso afastá-los. Eles olhavam para as ervas com o mesmo medo que nós, e se amontoavam para evitar pisar nelas.

As chuvas continuaram. Quando cessavam, por uma ou mais horas, sentia-se um cheiro estranho na terra. Pairava no ar como uma neblina mortal. Saímos para procurar a origem. Eram as ervas que o desprendiam, e quando nos aproximamos mais - elas agora estavam invadindo os nossos gramados, além dos campos - o cheiro nos sufocava, obrigando-nos a tapar o nariz. Era a própria essência da corrupção. Víamos o colorido daquelas flores monstruosas e de suas folhas espinhentas e de um verde escuro até onde a vista alcançava. Quando, depois de uma semana mais ou menos, as gavinhas compridas e esfiapadas alcançaram as nossas janelas, balançando-se como tentáculos, Jean soltou um grito de horror e ela e minha mãe e Lucy juntaram as crianças em volta de si, protegendo-as com seus corpos.

Dez de nossas melhores vacas morreram em uma só noite, quando as ervas alcançaram as paredes de nossa casa e os nossos estábulos. A metade de nossas galinhas morreu, sem motivo aparente. Depois cavalos adoeceram, e morreram antes do amanhecer. Os porcos olhavam para seus cochos e davam as costas. Podia-se ver as costelas em seus corpos esqueléticos.

Os jornais mencionaram, de passagem, que houvera uma infestação de pragas "naquela região".

Não sabíamos então que essas ervas daninhas tinham aparecido em todos os países, no mundo inteiro. "No entanto", disse um porta-voz, "os arados e um cultivo vigoroso as destruirão. Os botânicos estão intrigados. Amostras estão sendo enviadas às pressas para Washington. Mas isso aconteceu apenas nesta região".

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Continua...
O início

Piada: Obama e McCain na Barbearia

De algum jeito, John McCain e Barack Obama foram parar na mesma barbearia.

Lá sentados, com um barbeiro atendendo a cada candidato, não se falou palavra. Os barbeiros temiam iniciar qualquer conversa pois poderia descambar para discussão política.

Terminaram a barba de seus clientes mais ou mesmo ao mesmo tempo. O barbeiro que tinha McCain em sua cadeira estendeu o braço para pegar a loção pós-barba, no que foi interrompido rapidamente por seu cliente.

— Não obrigado, minha esposa Cindy vai sentir o cheiro e pensar que eu estava num puteiro — disse McCain.

O segundo barbeiro virou-se para Obama.

— E o senhor? — indagou.

E Obama respondeu:

— Vá em frente, minha esposa Michelle não sabe como é o cheiro dentro de um puteiro.

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Recebi do C@T

Elton John

Como tem gente que não acredita que eu tenho muita coisa do Elton John, e até mesmo que eu não seja realmente fã do cara, bem... aí está:





Vinis: Duets, Greatest Hits, Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy, Too Low for Zero, Leather Jackets, Ice on Fire, Sleeping With the Past, Reg Strikes Back, Rock of the Westies, Live in Australia

DVDs: Goodbye Yellow Brick Road, Dream Ticket, One Night Only, Watford 2006, Two Rooms, Elton in 2002, To Russia With Elton, Barcelona, Elton 60

CDs, primeira fila: Empty Sky, Elton John, Tumbleweed Connection, 17/11/1970, Madman Across the Water, Honky Chateau, Don't Shoot Me I'm Only the Piano Player, Goodbye Yellow Brick Road, Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy, Rock of the Westies, Here and There, Greatest Hits Volume 2, A Single Man, The Complete Thom Bell Sessions, Victim of Love, 21 at 33

CDs, segunda fila: Too Low for Zero, Ice on Fire, Live in Australia, Reg Strikes Back, Sleeping With the Past, The Very Best of Elton John, The One, Rare Masters, Two Rooms, Duets, The Lion King, The Lion King on Bradway, Made in England, Love Songs, Tributo a Elton John

CDs, terceira fila: The Big Picture, single Candle in the Wind 1997, Aida, Aida Demo, The Muse, The Road to El Dorado, One Night Only, Songs From the West Coast, single I Want Love, Greatest Hits 1970-2002, Peachtree Road, The Captain and the Kid, Live from Rose Theater, Rocket Man, Elton 60.

Não estão aí a camisa, dois pôsteres e o mouse pad.

Os Trapalhões Profetas

Vi esta no blog do Virunduns. Em um programa de 25 anos atrás Os Trapalhões fizeram uma brincadeira no tempo, numa esquete que mostrava como seria a vida deles em 2008.

O "repórter" que apresenta o vídeo é um pouco sensacionalista mas, ainda assim, o vídeo é impressionante. Confiram:

Pérolas dos Meus Colegas de Trabalho Geniais

- Mário, minha impressora deu problema e parou de imprimir.
- Tá com papel?
- Ih, não.

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Leia mais histórias dos meus colegas de trabalho geniais

Mosaico Textual do Sarcófago

A convite do meu camarada Tiago Frossard, fui lá no site Wordle, chapei o endereço aqui do Sarcófago e tive à minha frente um mosaico com as palavras que mais usei recentemente. É este aqui ó:



O tamanho da palavra indica a quantidade de vezes em que ela aparece. Com isso, qualquer um vê que as 50 semanas de rock são o assunto mais recorrente aqui dos últimos dias.

Interessante, não?

Dúvida

Por que as pessoas não entendem que saber fazer bem uma coisa não significa ser obrigado a fazê-la?

50 Semanas de Rock - Rainbow

Eu nunca tinha ouvido falar de Rainbow até inventar essa história de 50 Semanas de Rock. Se não fosse pela valiosa opinião de amigos e desconhecidos da comunidade de rock no Orkut, ela passaria longe da lista. Graças a Deus ela entrou, porque é o tipo de som que eu gosto de ouvir.

Rainbow não tem músicas, digamos, espetaculares e históricas (como Stairway to Heaven, Sultans of Swing ou Smells Like Teen Spirit), mas ainda assim não faz feio. É o tipo de banda que desce muito bem.

Como de costume, baixei três discos. O primeiro deles foi Long Live Rock'n'Roll, que tem bons momentos: Gates of Babylon e Kill the King têm solos maneiros e L.A. Connection tem até umas porradinhas de piano, o que a faz ganhar pontos fáceis comigo.

O segundo disco, Rising, também é muito bom. Sturstruck, por exemplo, tem um solo comparável aos melhores momentos de Eric Clapton, e a frenética A Light in the Black tem um ritmo alucinate. O único problema do disco é ser muito curto: apenas seis músicas e trinta e três minutos de duração.

O terceiro e último é um greatest hits, que tem algumas músicas dos dois outros discos, e mais uma batelada de outras. Algumas boas pra caceta, como I Surrender e Catch the Rainbow. Stone Cold, então, tem um solo maravilhoso.

Como eu disse, Rainbow não tem músicas no nível de espetaculares, mas é o tipo de banda que merece ser escutada por quem curte rock. Os caras eram bons, e recomendo sem medo.

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Veja a lista de bandas que fazem parte das 50 semanas

Estilos Musicais e Idiomas

Você já reparou que certos estilos musicais só prestam se forem cantados em uma determinada língua, e que todas as tentativas de gravá-los de outra forma sempre resulta em músicas fracas, feias e, em certos casos, até mesmo ridículas?

Samba só em português brasileiro, fado só em português de Portugal, ópera só em italiano, tango só em espanhol, ritmos africanos só em línguas africanas, cantos indígenas só em tupi guarani, e por aí vai.

50 Semanas de Rock - Raimundos

Nos idos dos meus quinze anos, aproximadamente, eu conheci os Raimundos. Seu primeiro disco, mais especificamente. E simplesmente viciei: sabia praticamente todas as letras de cabo a rabo (e ainda lembrava de muitas delas até recentemente), fiz uma cópia em fita K7 para ouvir do walkman (sim, naquele tempo ainda não haviam inventado os mp3 players, crianças), e achava tudo o máximo, principalmente por causa da quantidade de merda que eles falavam.

Eu não gostava porque o som era bom ou porque haviam solos fuderosos. Eu nem me lembrava de nada disso. Eu gostava porque eu nunca havia ouvido uma banda cantar loucuras como "do meu pau eu faço a manivela, que toca na buceta dela e tira o carro do sertão" ou refrões poéticos como "não, não é assim que se fode, não". Era pura rebeldia.

Reencontrar o primeiro disco deles - simplesmente chamado Raimundos - foi uma deliciosa viagem no tempo. Só que desta vez com ouvidos maduros, que sabem prestar atenção no que há por trás de tantos palavrões. E, rapaz, que disco Foda, assim mesmo, com f maiúsculo. Escondido sob uma montanha de putarias e besteiras está, talvez, o melhor heavy metal que já foi feito no Brasil. Aliás, com tanta baixaria o Raimundos conseguiu sintetizar com precisão a velha máxima de "sexo, drogas e rock'n'roll".

Incrível, mas consegui gostar do mesmo disco duas vezes por motivos diferentes. A mistura de rock com música nordestina ficou fenomenal. Talvez seu único pecado seja ter músicas repetidas.

O segundo disco, Lavô Tá Novo, também é muito bom, apesar de ter alguns momentos que parecem ter sido mais planejados, visando agradar a um público maior e se tornar mais comercialmente viáveis. É o caso, por exemplo, I saw you saying (That you say that you saw). Ainda assim, ele é recheado de bons rockões pesados e com letras divertidas. A que mais gostei deste disco foi Tá Querendo Desquitar. Talvez seja a minha favorita deles.

Se o segundo disco mostrava uma busca de formatos mais comerciais, o último da banda com a formação original, Só no Forevis, soou pra mim um trabalho vendido, sem um cheiro daquela coisa porra-louca do primeiro. Pra mim é um disco praticamente descartável e insosso.

Como eu gostei para caralho da banda, depois vou baixar os outros discos para ver se eles lançaram outras coisas boas como primeiro e o segundo, ou se a qualidade foi diminuindo. Mas uma coisa é certa: se você quer ouvir rock de primeira linha, ouça pelo menos os dois primeiros. Afinal de contas, se tirar deles as letras que parecem ter sido feitas para chocar, você terá a melhor banda de rock do Brasil.

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Veja a lista das bandas que fazem parte das 50 semanas

Clipes e mais Clipes

Eu não curto muito clipes, mas tenho certeza de que minhas leitoras que gostam de clipes e músicas dos anos 80 vão adorar conhecer o site 80's Music Vids

50 Semanas de Rock - Rage Against the Machine

A semana do Rage Against the Machine começou tendo um péssimo ponto contra: era minha primeira semana de vida nova no Rio de Janeiro, com casa nova, emprego novo, rotina nova, etc. e tal. No meio de tanto corre-corre, afobação e cansaço, acabei não dando muita atenção para a banda.

Apesar de ter pego seis discos da banda com meu amigo Thiago, eu só ouvi três deles, que, pra falar a verdade, nem lembro mais quais são. Acho que foram o The Battle of Los Angeles, o auto-entitulado Rage Against the Machine e o Renegades.

De qualquer maneira, o som dos caras é interessante pra caceta. É uma mistura de rock com funk americano que eu nunca tinha ouvido antes. Muito foda mesmo.

Só que, não sei se foi a correria e a tensão dos primeiros dias, ou se houve algum problema no meu mp3 player, mas o fato é que parece que passei a semana inteira ouvindo as mesmas oito ou nove músicas. E daí eu enjoei rápido. No final das contas, eu já nem queria mais ouvir nada, pois tinha a impressão que a cada esquina eu ouvia "all of which are american dreams", parte da letra de uma das músicas.

Se você nunca ouviu, recomendo com força que você procure alguma coisa deles para ouvir, porque é bom pacas. Eu mesmo, daqui a um tempo, vou ouvir de novo, para poder realmente saber quais são as músicas boas e ouvir os discos que ficaram jogados num canto do meu HD.

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Veja a relação de músicas que fazem parte das 50 semanas.

O Pecado de Todos Nós - Capítulo Três - Parte Cinco

(capítulo três, parte quatro)

Como um possante coro fazendo eco a suas palavras, ouviu-se o ruído do trovão da primavera e, de repente, o Sol desapareceu e a luz na sala tornou-se acizentada. Os fazendeiros levantaram-se e olharam para as janelas.

Lester Hartwick riu, feliz, e gritou:

- Olhem, vai chover, afinal! George, seu velho Jeremias, vai chover!

E choveu mesmo. De repente, as janelas tornaram-se cataratas prateadas e os relâmpagos faiscavam e o trovão sacudia o ar A rua lá fora desapareceu numa torrente; de alguma janela, parcialmente aberta, vinha o cheiro de terra molhada e a frescura da vida. Os fazendeiros soltaram gritos de alívio e de alegria, dando tapinhas nas costas do meu pai falando delirantemente em começar a semeadura dos campos.

A chuva caía e nós ficamos olhando, apinhando-nos nas janelas. Os riachos secos haveriam agora de correr e os rios subiriam. Olhei para o meu pai, mas ele não estava sorrindo. Ele disse:

- A terra não morrerá. A chuva salvará as árvores sem frutos, mas é tarde demais para as frutíferas. A sentença de morte ainda está conosco.

Ouvimos pelo rádio naquela noite, que a chuva caía como um dilúvio no mundo inteiro. E pela primeira vez soubemos que a seca tinha sido mundial.

Choveu durante muitos dias e os fazendeiros aravam a terra, alegres, cantando, e semeavam suas plantações e erguiam os rostos para os céus escuros e molhados. No mundo inteiro choveu e o Sol cruel desapareceu por muito tempo. As florestas se retemperaram e os rios se despejavam por toda parte.

Mas o trigo não nasceu e as árvores frutíferas, embora verdes com jade, não tinham flores, e a terra inundada não verdejou de capim. Continuou sem vida, a não ser pelos alqueires e mais alqueires cheios de ervas venenosas. As verduras não cresciam, embora as flores brotassem por toda parte - flores que nem os homens nem os animais podiam comer.

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Continua...
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Mitos da Faculdade de Análise de Sistemas: Word, Excel e Corel Draw

O que não falta por aí é gente que pensa que numa faculdade de análise de sistemas a gente aprende a mexer em Word, Excel, Corel Draw e afins. As pessoas pensam que a faculdade é um cursinho de informática mais difícil. Tem como ser mais distante da verdade do que isso?

Pois é, mas acontece.

Coisa que encontro com uma freqüência assustadora é gente - muita gente mesmo - que vem falar comigo e manda a pergunta:

- Mário, você que fez faculdade de informática, me diz aí, eu tô com um problema no meu Power Point... a animação de um slide pra outro não tá funcionando, o que pode ser?

Daí, quando eu digo que não sei mexer muito no Power Point (é sério, eu não sei mesmo), as pessoas ficam indignadas, como se minha ignorância fosse pecado:

- Pô, mas você fez faculdade e não sabe isso?

Tenho que perder um bom tempo, então, tentando explicar pro caboclo que dezenove não é vinte, que conversa de malandro não faz curva e que, em faculdade de análise de sistemas, não se estuda Power Point. E, pra piorar a situação, tem gente que sai sem entender.

Outra coisa que aconteceu foi de gente no primeiro período do curso que ficou assustada ao saber que não ia estudar este tipo de coisa. Quando fomos para o laboratório, muita gente pensou que iríamos brincar com Corel Draw ou Photoshop, e tremeram nas bases quando começamos a ver comandos de Linux.

Se você, então, pensa que faculdade de análise de sistemas é pra aprender a usar programas de escritório e de desenho, está na hora de rever seus conceitos.

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Veja outros artigos sobre a profissão e os estudos sobre análise de sistemas.

Retornando

Depois de praticamente um mês sem postar nada, hoje eu começo a voltar. Não sei se vai dar para postar todos os dias, porque como estou chupinhando a conexão de uma rede sem fio desprotegida, que sai do ar de vez em quando, às vezes passos dois ou três dias sem internet.

Além disso, tenho todo o corre-corre da vida nova, os preparativos para o meu casamento, as arrumações do apartamento em Niterói e da casa em Cachoeiras, enfim, uma pá de coisa que atrapalha o meu ritmo de postagens.

Mas espero que tudo corra bem a partir deste mês. Já tenho alguns textos prontos e muita coisa encaminhada.

E, só pra dar uma boa notícia logo de cara, há 98% de chances de rolarem dois shows do Elton John no Brasil em janeiro: um em Sampa e outro no Rio de Janeiro. Acompanhem detalhes sobre o assunto na comunidade orkutiana Elton John Forever.