Vinganças Malignas (ou... Para o Delírio de Lis)

Era uma vez um desconhecido escritor cachoeirense que resolveu pregar uma peça nos seus leitores. Ele escreveu um texto que descrevia em minúcias nervosas e emocionantes um assalto ao cartório em que trabalhava. As pessoas que queriam o seu bem ficaram muito preocupadas com ele, até que, depois de alguns dias, revelou a brincadeira.

"Ufa", suspiraram alguns, "Safado sem-vergonha, filho de uma égua", bradaram outros.

Houve, inclusive, o caso de uma menina, também cachoeirense, que contou ao tal escritor que tinha passado a história pra frente, no consultório do dentista!

"Mas como vocês não souberam do tiroteio?! Meu amigo tá em casa baleado, ele contou tudinho no site dele!"

E, claro, não podemos deixar de citar a atitude do seu grande amigo, que foi visitá-lo em casa!

Farsa desfeita, era hora do feitiço virar contra o feiticeiro. Eis então que um colega de faculdade desse escritor, sabendo da história da menina que tinha passado a mentira adiante, resolveu dar uma lição no rapaz, vingando a vergonha dela. Aproveitando-se do fato de que volta e meia ele, o escritor, publica no site os emails engraçados que recebe, ele, o colega, passou a enviá-lo, sob pseudônimos, algumas mensagens bem idiotas.

Daí que, para o deleite do colega, o escritor publicou duas destas mensagens. Uma do cara que escreveu só "oi" e outra que ele, o escritor, chamou de "o melhor email dos últimos tempos". E, pior, ou melhor, depende do ponto de vista, o escritor repassava as mensagens recebidas para o colega que as estava escrevendo.

"Puts, olha só o que me mandaram!"

Passados alguns dias o tal colega revelou a farsa. E tinha provas disso: os nomes que usava para mandar as mensagens para o escritor tinham as mesmas iniciais que o seu próprio nome. Não havia como o escritor negar que tinha sido sacaneado.

Hoje, apesar de ter jurado de pés juntos que nunca mais vai mentir no site, o escritor está sofrendo para reconstruir a confiança que tinha de seus leitores, que agora desconfiam até de piada de Joãozinho.

"Dois mais dois é quatro mesmo? Olha lá, hein, sei não... calcula isso de novo!"

E, além disso, o escritor não confia mais nos emails que recebe. Quando chega um daqueles idiotas, logo repassa para o amigo que o sacaneou: "isso é coisa sua?".

A única coisa que não sabemos desta história é se, algum dia, o escritor vai ter coragem de contar para os seus leitores que alguém se vingou por eles.

Histórias de Cartório: As Maravilhas da Burocracia

Todos nós sabemos muito bem que o Brasil é um país extremamente burocrático. Trabalhando no cartório convivo com isso numa freqüência avassaladora. Semana passada aconteceu algo que ilustra o quanto a burocracia pode se transformar em burrocracia.

Nos Cartórios de Notas (aqueles onde se reconhece firma, autentica documento e faz escritura e procuração), os tabeliães podem ter vários escreventes autorizados a lavrar escrituras e procurações. Nestes casos, cada um dos escreventes fica responsável por um livro, todos numerados. Não é preciso ser gênio para saber que é preciso ter um controle para saber qual livro está com quem. Daí que a Corregedoria manda os cartórios terem um livro de protocolo de livros, onde é anotado quando cada livro foi aberto, com quem ficou e quando foi encerrado.

Olhando para um cartório pequeno, tal qual o que trabalho, onde só há um livro aberto por vez, tampouco é preciso ter QI elevado para ver que o tal controle não é necessário. Por isso mesmo meu chefe nunca adotou o tal do protocolo de livros.

Aí vem uma inspeção da Corregedoria, pede o livro, a gente diz que não tem, argumentando que é uma coisa que não tem necessidade em um cartório tão pequeno. Acontece que para os fiscais vale é o que está no Código de Normas, o bom senso que se foda, e lá entra uma anotação negativa no relatório de inspeção.

Alguns meses depois, o que chega na caixa do correio do cartório? Uma suave multa de R$ 1.600,00 por não ter o tal livro. E não adianta discutir, porque o valor consta do Código Tributário Estadual.

Adotamos, então o livro. E é aí que entra uma das melhores piadas dos últimos tempos. Meu chefe comprou um livro que tem 200 páginas, cada uma delas com 32 linhas. Vamos então fazer as contas: o livro tem, no total, 6.400 linhas disponíveis. Dado o tamanho do nosso cartório, usaremos, em média 4 linhas POR ANO, o que fará o livro servir para infinitos 1.600 anos.

Ou seja, o termo de encerramento só será lavrado lá pelos idos de 3.600, quando o cartório já estiver fazendo escrituras de lotes no subúrbio de marte.

Histórias de Cartório

Não falei que a história do casal da procuração não tinha acabado? Ontem quem apareceu por lá foi o velho.

Começou pedindo um pedaço de papel e uma caneta e, enquanto falava coisas desconexas, ia escrevendo. Por exemplo, enquanto dizia que iria perguntar no INSSS (assim mesmo, com três 's') se poderia fazer a procuração valer por seis meses ou um ano, ele escreveu no papel "INS", "1" e "6".

Depois listou tudo o que a mulher tinha levado de casa. Sim, ela não apenas fugiu, mas também levou a mobília. Enfim, a listagem dele, por escrito, foi a seguinte: moves (móveis), fogõo (fogão), jelad. (geladeira) e são (som). Estão duvidando? Querem que eu ponha uma imagem do papel aqui?

E ainda não acabou. Semana que vem com certeza tem mais.

Histórias de Cartório

Trabalhar no cartório e lidar com público sempre rende boas histórias. Essa semana tivemos uma boa:

Na segunda, ou na terça, sei lá, chegou lá um coroa com seus 80 anos e uma mulher com seus 40. Entre uma piada idiota e outra, ele disse que queria fazer uma procuração para que ela recebesse o seu pagamento do INSS no banco. Peguei os dados, bati a procuração e fui lê-la para eles.

- "... poderes para abrir e encerrar contas..." [eu]
- Pó pará, isso não. [ele, me interrompendo]
- Mas amor... [ela]
- Que nada! Pode tirar isso. [ele, interrompendo ela]

E isso se repetiu umas sete vezes enquanto eu lia, sempre com discussões entre os dois. Ao final da leitura, com a procuração toda riscada, fui para o computador refazê-la enquanto os dois discutiam. Procuração refeita, ele assinou, pagou e foram embora.

Ontem ele apareceu por lá, fazendo sinal para eu ir ao balcão.

- A procuração tem validade?
- Não, senhor.
- Não tem que renovar?
- Bem, o INSS pede para renovar depois de um ano para ter certeza de que a pessoa está viva.
- Sabe o que é... é que quando a gente saiu daqui naquele dia, ela chegou em casa, arrumou as trouxas e sumiu.

Como eu tive que fazer força pra não rir. Ele murmurou mais um pouco, disse que iria no INSS e saiu. Voltou depois pra me contar que o INSS estava de greve. E foi embora, deixando a gente livre para rir bastante com a história. Coitado do velho, se fudeu. E achamos que tinha acabado por aí.

Hoje a mulher apareceu por lá, querendo falar comigo. E eu, sonso como só a Sueli conhece, fui atendê-la.

- Uma pessoa pode cancelar uma procuração?
- Quem deu a procuração pode.
- Ué, então pra quê que serve uma procuração?
- [explicação longa, pulemos esta parte]
- Ele veio aqui?
- Ele quem?
- O Nikola.
- Veio.
- Pra que?
- Não sei, nem lembro.
- Não deixa ele cancelar a procuração, não...
- Ah, senhora, isso é com ele. Eu não posso impedir.
- Tsc...
- ...
- [alisando minha mão] Não conta pra ele que eu estive aqui não, tá?

E foi embora. É claro que ainda não acabou. Depois eu conto o que acontecer.

Cicarelli

Tá todo mundo falando no vídeo da Cicarelli transando na praia com o pegador da vez. Gente, o problema maior não é o fato deles terem transado em local público. O problema mesmo é que ela, como figura pública, cof cof cof, tem que dar o exemplo: qualquer um vê que eles não usaram camisinha!

EJC

Neste momento, se faz urgente a criação de uma nova palavra para descrever o que foi o EJC.

As palavras que existem não servem.

Beijos pra minhas irmãs de círculo (e pro meu irmão também).

Marina e Jamília, amei conhecer vocês duas.

Um beijo pra minha mãe de círculo também.

JONE rulez.

Tudo que aqui se fala, que aqui se faz, deixe que permaneça aqui.

Jesus. Ontem. Hoje. Sempre. Amém.

E ponto final, porque eu já tô falando mais do que devia.