Jó 1:21

Nu saí do ventre de minha mãe
Nu para lá hei de voltar
O Senhor deu, o Senhor tirou
Bendito seja o nome do Senhor

Orar e Rezar

O texto sobre a oração do Pai Nosso já rendeu poucas e boas. Teve gente que concordou com muita coisa e gostou. Teve gente que me chamou de indeciso. Outros falaram que eu não saía de cima do muro. E também que minhas opiniões são heréticas. Uma então gesticulou que queria me dar um soco nas fuças, como quem diz "seu imbecil, deixe de falar merda". E teve uns que, para meu alívio, entenderam o espírito da coisa e deram até risada.

Nas muitas conversas sobre o texto, passei por gente preocupada em entender meu ponto de vista e gente que não quis enxergar além de suas próprias crenças. Uma das conversas gerou este papo aqui agora, querida leitora.

Conversando com a Isabela, reexplicando o que eu quis dizer com o texto, chegamos a um desacordo que nada tinha a ver com o Pai Nosso: orar é o mesmo que rezar?

Discussão vai, argumentos vêm, chegamos ao acordo de procurar o significado no dicionário. Foi o que fiz no final de semana e encontrei o seguinte, entre outros significados não importantes para o momento:

Orar: dirigir oração a Deus ou aos santos; rezar; suplicar em oração; pedir, suplicar, rogar.

Rezar: proferir, dizer orações ou súplicas religiosas; fazer oração a Deus ou aos santos; orar.

Trocando em miúdos, orar e rezar são sinônimos. Sei que nos últimos tempos há muita gente fazendo força para dar conotações diferentes a estas palavras, talvez com a intenção de marcar território, definir identidade, separar o "nós" do "eles", sejam lá quem forem o "eles" ou o "nós".

Mas, para ninguém dizer que sou cabeça dura, sei sim que dá pra achar uma diferença entre elas se a gente for procurar em suas origens gregas, latinas, hebraicas ou até tupi-guaranienses. Rezar tende mais para uma prece repetida, e orar tende para uma prece espontânea. Algo assim.

Mas discutir sobre isso é pura bobagem. Mais bobagem ainda é escrever um texto sobre o assunto. Pior que isso é escrever o texto e sair mostrando pra todo mundo, inclusive publicando na internet.

O mais importante é o objetivo de ambas as palavras: falar com Deus com fé. No fim, é isso que importa. Duvido que Ele esteja preocupado com que nomes damos aos bois.

Operação Cavalo de Tróia

Como eu já havia dito há coisa de dois meses atrás, andei lendo o livro Jerusalém, que faz parte da coleção Operação Cavalo de Tróia. Quando escrevi, tinha lido até pouco antes da metade do livro, faltando eu comentar sobre o que faltava pra ler. Antão aqui estamos nós.

A partir daquele ponto do livro muita coisa acontece, mas podemos resumir em dois fatos principais: Jesus é preso. Jesus é crucificado. E em todo o texto, em todos as páginas, tudo é de um detalhismo tão grande que tem hora que chega a enjoar. O autor perde tanto, mas tanto tempo descrevendo a roupa do guarda que às vezes dá até pra esquecer o andamento da história.

Mas este detalhismo, em outros momentos, ajuda a deixar a história mais interessante. As cenas da perseguição para a prisão de Jesus são dignas de filme e levam a imaginação nas alturas. Agora, depois que Jesus é preso e começa a ser açoitado, e até o seu sepultamento, o detalhismo dá náuseas. É como se eu estivesse lendo A Paixão de Cristo de Mel Gibson, talvez até com mais detalhes. Não páginas e páginas e páginas de sangue.

O narrador do livro, o tal major que viajou no tempo, por ser médico, descreve muitos dados ¿técnicos¿ do flagelo de Jesus, coisas que fariam sentido para um médico experiente, mas para mim, que não curto anatomia, é maçante.

Como eu havia falado no outro post, haviam algumas coisas no livro que eu achava que não estavam batendo, e achei até que tinha encontrado mais uma destas falhas, mas me enganei. Explico: num certo ponto, o major entra na sala onde ocorreria a última ceia de Jesus com os discípulos e coloca lá dentro um microfone. Páginas se vão e em nenhum momento ele comenta sobre a retirada do microfone. ¿Aí está um furo¿, pensei, mas ledo engano. Perto, bem perto do final, acho que já depois da morte de Jesus, ele volta ao local para pegar de volta o microfone. O que acontece nessa hora deixo como surpresa para vocês, só pra lhes dar vontade de ler o livro.

O final do livro não é o que eu pensei que fosse, pois tudo passa a ser uma grande deixa para o segundo volume. As coisas acontecem num ritmo vertiginoso, mas muita coisa fica sem explicação. A explicação está nos outros volumes. É, sem dúvida, uma ótima jogada de marketing, porque eu quero ler a continuação, com certeza.

No geral, apesar dessas faltas, é um ótimo livro, que em muitos momentos empolga e nos faz ficar com os olhos grudados em suas linhas sem que dê vontade de parar. Tenho certeza de que agradaria muitos cristãos, pois mostra um Jesus amável, sábio, inteligente, amigo, como ele realmente era, e nos traz cenas que, mesmo que fictícias, ajudam a formar nossa imagem deste grande homem.

Digo que agradaria porque tenho certeza de que muitos cristão torceriam o nariz para a história. Qualquer um sabe que tem gente que é cabeça dura, que não aceita uma distorçãozinha que seja na história que eles conhecem, mesmo que seja por brincadeira ou por pura ficção. As passagens mais que mais iriam chocar um cristão seriam as aparições de uma nave alienígena e a explicação de certos fenômenos que aconteceram no decorrer desta história toda. Muita gente está acostumada a pensar em milagres e negam quando alguém tenta dar uma explicação científica.

Foi a mesma coisa quando disseram que a terra era redonda e que ela não era o centro do universo. Até hoje tem gente que não acredita nisso.

Enfim, é um ótimo livro, recomendadíssimo para quem gosta de uma ficção daquelas e para cristãos que aceitam ler coisas que brincam com a Verdade.

Prisioneiro de Mim

Sou prisioneiro do meu passado
Lembranças ruins
Memórias boas
Cada lágrima que rolou
Cada gargalhada que soou
Tudo vive dentro em mim
Num turbilhão que não tem fim
O ontem que nunca morre
A história que nunca finda
O choro preso que nunca corre
Esquecer de tudo, quero ainda

Sou prisioneiro do meu presente
Viver agora
Saciar o desejo
É a fome que faz andar
É a sede que faz seguir
A necessidade faz trabalhar
A hora marcada faz partir
O agora que nunca passa
A história que segue em frente
Parar, não há o que me faça
E eu sigo a corrente

Sou prisioneiro do meu futuro
Pra onde eu vou?
O que vou fazer?
A esperança mostra o caminho
A fé afasta o desalinho
Eu tenho que aprender
Eu tenho que estudar
Amanhã posso até morrer
Amanhã posso até matar
O amanhã é uma porta
Que leva a qualquer lugar

Prisioneiro de mim mesmo eu sou
De onde vim, onde estou, pr'onde vou
São as coisas que estão a me moldar
São a liberdade que me faz voar

Aventura Solo - Parte II

Bom, vocês escolheram não deixar o sujeito ir embora. Vamos ver no que dá.

- Algum problema, irmão? - você pergunta, pousando a mão sobre o ombro de Heitor.
- Vou sair daqui, John. Este lugar está me dando calafrios.
- Está louco? E sua carreira no clero? Além disso, uma tempestade está se formando lá fora. Por quanto tempo você acha que vai sobreviver?
- Deus me protegerá, irmão. É mais seguro sob os relâmpagos que aqui. Você não percebeu a maldade neste lugar, as sombras movendo-se de maneira macabra? Tenho a sensação de que estamos vigiados o tempo todo. Não confio em Malcolm, e muito menos em nossos "irmãos". Vou sair daqui.
- Você está cansado, Heitor. Vamos discutir esse assunto pela manhã, está bem?
- Não pretendo passar a noite aqui. As lendas...
- Que lendas?
- Sobre este lugar. Sobre os inquisidores daqui. Dizem que os fantasmas de todos os hereges mortos neste castelo voltam para assombrar os padres durante a noite.

Você sabe que Malcolm tem a fama de ser um grande inquisidor, um inigualável caçador de feiticeiros. Enviou muitos para a fogueira. Na verdade ele é quase um ídolo para você. Mas a idéia de que os espíritos hereges possam voltar para assombrá-lo é por demais assustadora.

- Heitor, espíritos hereges nunca poderiam ficar aqui. Esta é a casa de Deus.
- Faça como quiser. Eu vou sair daqui.

E daí? Heitor vai embora. Vocês vão com ele, para enfrentar a tempestade que está armando, ou ficam no mosteiro, a salvo da fúria da natureza?

Histórias em Quadrinhos

No final de 1994 duas coisas que aconteceram me levaram a gostar de ler gibis de super heróis, mais especificamente os do Super Homem: primeiro foi o lançamento da mini série O Retorno do Super Homem, lançada alguns meses após a sua morte. Me amarrei tanto que comecei a comprar os gibis para acompanhar. A outra coisa foi ter começado a trabalhar junto com um primo meu, que é fã de histórias em quadrinhos de super heróis, seja lá quais forem. O vício dele alimentou o meu.

A partir dali, sempre comprei muita revistinha em bancas. Às vezes eram quatro ou cinco por mês. Tenho dezenas delas. Só deixei de comprar no início de 2002, ou 2003, não lembro direito. Parei de comprar porque as histórias do Super estavam muito fantasiosas. Sim, eu sei que uma história do Super Homem já é fantasiosa por natureza, mas é que antes as histórias tinham um pouco de humanidade, os coadjuvantes tinham dramas pessoais que eram interessante de acompanhar.

Tinha a Mila que cuidava do orfanato, que ficava no Beco do Suicídio, o bairro pobre de Metrópolis, onde morava o Keith, que tinha uma mãe com AIDS, e quando ela morreu, o garoto foi adotado pelo Perry White, chefe do Clark Kent. A esposa do Perry já tinha vivido com Lex Luthor, com quem tinha tido um filho, que havia morrido por um erro do Perry. Daí a adoção do Keith pelo Perry, na tentativa de corrigir um erro. Tinha a Cat Grant, que trabalhava com a Lois e o Clark, uma repórter alcoólatra que não dava muita atenção ao filho, e que teve a sua vida modificada quando o moleque foi seqüestrado e assassinado. Na Liga da Justiça, então, era uma festa: várias pessoas com personalidades diferentes tendo que se entender para poder trabalhar em paz.

Eram histórias interessantes, não era só um super vilão sendo espancado pelo super herói. Havia um pano psicológico, dramático, por trás de tudo, que tornava as coisas muito mais interessantes. Mas aí o tempo passou, os personagens coadjuvantes sumiram e o Super passou a enfrentar apenas ameaças cósmicas. Ficou chato. Então eu parei de comprar. Daquela época boa, três revistas me trazem ótimas lembranças. Eram revistas onde era mostrado o lado humano dos heróis, e dá pra até tentar imaginar como seria viver num mundo com eles.

A primeira revista é uma edição especial chamada Super Homem: Paz na Terra. Magistralmente desenhada pelo Alex Ross, que tem um traço maravilhoso, esta revista traz uma história diferente das que estamos acostumados a ver do Super Homem. Nela, angustiado com o problema da fome no mundo, ele resolve juntar toda a produção excedente de alimentos no mundo e distribuir para países que têm problemas de fome. Na distribuição, ele visita vários países, inclusive o Brasil, que tem quatro páginas dedicadas exclusivamente a ele, inclusive um super poster do Super voando sobre o Rio de Janeiro, bem perto do Cristo Redentor, com o Pão de Açúcar à distância.

Em suas viagens, é mostrado o drama de países que sofrem muito mais que o nosso, como os africanos e outros em que os governantes não querem a ajuda de fora para poder continuar governando o povo com mão de ferro. No final, o Super não consegue fazer tudo o que queria, desistindo no meio do caminho. Parte-se então para o drama dele, pensando se fez de menos ou se tentou fazer de mais. É uma história lindíssima, com uma mensagem muito bonita no final.

Outra revista que me deixou boas lembranças é a mini série As Quatro Estações, também do Super Homem, que mostra como ele descobriu os seus poderes, como ele decidiu ajudar os outros, como foi partir para Metrópolis e como lidou com o seu primeiro fracasso. Cada uma das edições é narrada por um personagem diferente. Jonathan, o pai de Clark Kent, narra como foi impressionante descobrir o que seu filho conseguia fazer, como ficou com medo do futuro, como foi criar e moldar sua personalidade. Lois Lane conta como o Super acabou com todos os limites da imaginação das mulheres, sendo o melhor homem que já tina aparecido pela face da Terra. Lana Lang, amiga de infância, nos mostra como Clark lidou com a descoberta dos seus poderes e como ele enfrentou todos os dramas de ser quem era. E Lex Luthor narra como é a luta pelo poder. A luta entre o mal que quer dominar a cidade sob mão de ferro e o bem que quer cuidar dela. É uma história deliciosa que sempre releio.

Por fim, a terceira série é a Marvels, também desenhada pelo Alex Ross. Nesta série de quatro edições, a história é narrada por um repórter fotográfico, Phil Sheldon. A história se passa nos anos 40, perto da Segunda Guerra Mundial. Até ali, não haviam super heróis, e o repórter nos conta, sob seu ponto de vista, como foi passar a conviver com homens e mulheres com super poderes. O drama principal é que as pessoas normais mudaram seu ponto de vista sobre si mesmas. Até então, antes do aparecimento dos heróis, os homens eram os donos do planeta, os super poderosos, que tudo podiam e tudo sabiam. Controlavam o fogo, controlavam a natureza e superavam os obstáculos. E eis que surgem os super heróis, capazes de transpor prédios com um salto, de mudar o curso dos rios com as mãos, tomando o pedestal das pessoas comuns.

Como se passa no universo Marvel, lá estão o Homem Aranha, o Thor, o Quarteto Fantástico, Galacticus, Namor e os X-Man. O drama destes mutantes também não é deixado de lado na história, e a perseguição que se instaura contra eles é contada de maneira envolvente e emocionante. No final da história, Phil chega à conclusão de que os heróis chegaram para ficar, que nós teríamos de nos acostumar com eles, de nos adaptar a eles, e não eles a nós. Muito bom.

Ontem, depois de anos, comprei um gibi na banca. É mais uma mini série do Super Homem, chamada Identidade Secreta, e mostra como foi a adolescência de Clark Kent, a descoberta dos poderes e toda a aceitação da responsabilidade que veio junto com eles. Deve ser muito interessante. Vou, com certeza, falar mais sobre ela quando terminar de ler.

Enfim, são histórias que todo fã de gibi deveria ler e conhecer. São histórias que trazem os super heróis para perto de nós, e nos fazem enxergar melhor como seria tê-los entre nós. Mostram que gibi de super herói não é só pancadaria.

Para a Galera da Estácio

Salve, meu povo. Vou passar a colocar aqui no Sarcófago arquivos com coisas da faculdade. Faço as seguintes matérias: Computação Gráfica, Tópicos Especiais em Linguagens de Programação, Controle de Qualidade e Modelagem e Simulação. Na barra à direita, lá embaixo, estão links para arquivos zipados de cada uma das matérias. Para saber a data da última atualização, basta deixar o mouse parado sobre o link um curto tempo. Vou tentar atualizar várias vezes por semana.

Para quem não sabe o esquema do Sarcófago, o link chamado "A Voz do Povo", abaixo de cada quadro aqui à esquerda, é um espaço para deixar comentários; e do lado esquerdo estão links para os arquivos, para os meus melhores textos (vocês sabiam que tenho uma veia de escritor?) e outras coisitas mais. Os links das músicas estão desativados porque o servidor apagou meus arquivos recentemente.

Sintam-se à vontade e voltem sempre. Povo de casa, façam sala, por favor.