As partes que achei mais legais foram as que ele fala sobre o direcionamento que quer dar para sua carreira, um tipo que música que os últimos discos já vêm apontando, e dos planos de lançar um novo disco em breve.
Segue uma tradução da entrevista, com alguns comentários meus no meio do texto.
Chegando perto do fim de sua estrada de glórias, Elton John encontrou um novo guia: o produtor T-Bone Burnett. Eles trabalharam juntos pela primeira vez em The Union, o disco que Elton gravou com seu ídolo Leon Russell. Mas foi durante as gravações de The Diving Board que a parceria se fortaleceu. Elton John conversou por telefone com o jornal The Hollywood Reporter e falou de sua relação com T-Bone Burnett.
THR: The Diving Board está sendo visto como uma renascença na sua carreira, mas na verdade este caminho vinha sendo trilhado antes mesmo de você conhecer T-Bone, quando gravou The Captain and The Kid, em 2006. Há algo nele que você achou que te ajudaria a se manter neste rumo?
EJ: The Captain and The Kid foi um disco muito importante pra mim, mas ele meio que foi deixado de lado pela gravadora. É claro que eu não esperava que ele fosse vender como água, mas eu esperava que eles fizessem o melhor possível para promovê-lo, e eles não se mexeram. Me senti desestimulado a gravar novos discos. A parceria com T-Bone aconteceu por causa de Leon Russell. Eu nunca tinha falado com ele antes, mas arrisquei e liguei. Eu gostei muito dos discos que ele gravou com Elvis Costello, foi aí que seu trabalho chamou minha atenção. Começamos a gravar The Union em janeiro de 2010 e aquele foi o início de uma relação que quero que permaneça assim. Eu gostei muito de gravar com ele porque gravamos em analógico, com músicos que eu não conhecia, o que me fez muito bem. Quando eu decidi gravar um novo disco, não tinha dúvidas sobre quem queria como produtor.
THR: Recentemente, você falou que não consegue se ver trabalhando mais com outros produtores. É uma afirmação bem radical.
EJ: T-Bone é o cara. A gente se diverte muito. O processo com ele é fácil. Ele sabe escolher os músicos certos para as horas certas. E é este o tipo de música que quero fazer daqui pra frente. Acho que agora sou um artista de Americana. É esta música que eu amo e é isso que quero fazer agora. [Os últimos discos já vinham dando indicação disso, Peachtree Road e The Captain and The Kid deram dicas, e The Union deu a largada. Não dá pra esperar outra coisa pro futuro.] Recentemente eu gravei com ele um episódio de American Epic, uma série sobre o blues. Eu gravei usando um equipamento de 1934 usado por Louis Armstrong. Eu e Bernie Taupin escrevemos uma música para isso, e Jack White tocou com a gente. Foi muito bom. Muitas vezes, gravar é estressante, mas com T-Bone o processo é fácil e não me aborreço. Fico muito mais relaxado do que com qualquer outro.
THR: Que ideias no disco são de T-Bone?
EJ: Eu acho que ele não conhecia a fundo minha trajetória, embora ele tenha estado no Troubadour, em 1970. Foi ele quem sugeriu voltar para a formação piano/baixo/bateria do início da minha carreira. Eu fazia isso nos palcos mas nunca gravei um disco assim. Foi uma ideia bem óbvia, mas eu nunca iria pensar nisso sozinho. E é pra isso que você precisa de um produtor: para pinçar o que você tem de melhor. Eu não gosto de ficar muito tempo gravando. Acho que você tem que aprender a música e gravar, e é assim que ele gosta de trabalhar. No fim da minha carreira - ou no encerramento dela, como preferir - encontrei alguém que me deixa tão animado para gravar quanto eu ficava com Gus Dudgeon. [Acho triste ver ele falando em fim de carreira, mas fazer o que? Ele está ficando velho mesmo, e quer curtir os filhos. Não vai surpreender se ele se aposentar.]
THR: Foi bom ter alguém da sua idade por perto, capaz de entender o tipo de música que você quer fazer?
EJ: Este é o disco mais simples que já gravei, é o disco em que o piano aparece mais, e foi tudo ideia dele. Os discos que quero gravar agora não são novos Goodbye Yellow Brick Roads. Isso já passou, não dá pra fazer de novo. Eu era muito novo quando fiz aquilo tudo, e não sou mais aquele cara. [Muita gente fica de mimimi reclamando que ele não grava mais discos como antigamente. Acho que a explicação tá aí. Não dá pra querer que um cara na casa dos 60 anos produza como um cara na casa nos 20.] Posso até fazer coisas diferentes com outras pessoas, como o que fiz com o Queens of the Stone Age, e é legal, mas para um novo disco do Elton John, este é o caminho que vou seguir agora. Não é o caminho para o sucesso comercial, mas dane-se.
THR: Ele disse que a intenção era gravar algo que fosse durar 100 anos, que não é o interesse das gravadoras, certo?
EJ: Eu não tenho mais uma gravadora me pressionando para lançar um single de sucesso, isso já passou, e é bom que tenha passado, porque havia muita pressão por criar coisas novas, e a gente não trabalha mais assim. Já tivemos nossa cota de sucesso. Quando ouvi Modern Times, do Bob Dylan, eu vi que aquele era o tipo de disco que eu queria fazer. Não dá mais pra ficar fazendo discos pop. Estou tentando melhorar como pianista e cantor, e T-Bone é o cara que me ajuda com isso.
Tudo o que eu quero é curtir minha música. Eu ainda adoro tocar ao vivo, mas o que faço no estúdio é diferente do que faço nos palcos, porque as pessoas querem ouvir os sucessos. Enquanto eu estiver tentando escrever canções melhores, e melhorando o vocal, e melhorando minha técnica ao piano, não vou parar. E ele renovou meu prazer em gravar e escrever coisas novas. E a gente basicamente faz isso no estúdio: escrevemos as músicas bem rápido, gravamos tudo ao vivo e pronto. É assim que gosto de trabalhar, foi assim que gravei o disco Elton John. Só que agora é mais tranquilo, porque somos poucos no estúdio. E acho que vamos gravar outro disco logo logo. [Melhor notícia de todas, espero que realmente saia do papel, inclusive um outro disco com o Leon Russell seria uma ótima pedida.] Como eu disse, ele trouxe de volta meu prazer em gravar.
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