Analisando Maya Deren

Em uma das aulas de Teoria da Linguagem Cinematográfica, na faculdade Cinema, assistimos ao curta Meshes of the Afternoon, de 1943, dirigido por Maya Deren. Ao fim de duas exibições seguidas, o professor pediu para escrevêssemos nossas impressões sobre o filme. Ele achou minha redação tão curiosa que pediu para que eu lesse para a turma.

Aproveitei e trouxe o texto pra cá. Ele está depois do vídeo.


Um filme assim chama a atenção pelo inteiro, pelo que é, não pelos detalhes. Um filme que não explica nada, a não ser aquilo que você quer que ele explique.

Fiz o ENEM querendo fazer turismo. Mas turismo é só integral. Das opções que tinha, o cinema chamou a atenção.

Sempre achei que entendia o cinema errado. Não sabia porque as pessoas achavam ótimos filmes que eu achava horríveis. Me matriculei por causa disso. Me chama a atenção gente que vira tudo de pernas pro ar e descarta as três primeiras impressões.

Me matriculei porque tenho começado a me interessar em editar vídeos sobre natureza. Já fiz um. Achei que seria útil.

E vim. Aí vem esse filme. Chama a atenção porque mostra que não sei por onde ir. É rasteiro porque me dá uma rasteira. Mostra que não sei andar com as proprias pernas. Faz parecer que nem tenho pernas.

Mas a dúvida não é uma parede intransponível. É uma sala escura onde tateio para achar o interruptor.

Escrever algo assim é a razão da minha matrícula. Ser capaz de explicar, de tentar explicar, o que ainda não sei o que é.

Achei uma porcaria, porque estou acostumado com filmes que me dão explicações de mão beijada.

Mas é como os filmes de natureza, que quero fazer. Não é pra explicar. É pra contemplar.

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