Música: Minueto, em Sol Maior

No início do ano passado coloquei no youtube um vídeo onde tocava uma música. Hoje coloquei no SoundCloud uma nova versão dela. Dá pra ouvir online ou baixar o MP3.

Dicionário 2014 - I

Primeira postagem de um projeto literário para 2014: inventar uma palavra nova por dia.

01/01 - Assê. Pronome de tratamento pessoal. Corruptela de assuncê.

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Leia aqui a segunda parte da série

Da Meditação

Aprendi muitas coisas este ano, e a melhor delas foi aprender a meditar.

O entendimento que eu tinha do que era meditar acho que é uma ideia comum a muitas pessoas: ficar sentado no chão com as pernas cruzadas, braços apoiados nos joelhos, o polegar e um outro dedo formando um círculo, e tentar esvaziar a mente enquanto cantarola ohmmm, por minutos sem fim. Tudo isso ligado a alguma forma de prática religiosa oriental ou cultura esotérica. Uma visão, claro, distante da realidade.

Com a ajuda deste vídeo e deste outro aqui, que assisti no início das minhas férias logo em janeiro, pude iniciar essa prática que está mudando aos poucos muitos aspectos da minha vida.

O principal erro dessa visão que descrevi aí em cima é o lance de querer esvaziar a mente, porque simplesmente não dá. Nossa mente é arteira e traiçoeira, e sempre dá um jeito de divagar enquanto estamos concentrados. Pode reparar: você está lendo este texto aqui mas ao mesmo tempo deve estar pensando no que vai fazer no próximo sábado à tarde. A intenção não é esvaziar a mente, mas tentar relaxá-la e focá-la em si próprio.

Outra coisa é que a prática da meditação não é, necessariamente, uma prática religiosa para entrar em transe ou se conectar com alguma divindade. Alguns até usam pra isso, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. A meditação é uma forma de exercitar a mente, assim como nós exercitamos o corpo, com o objetivo de aprender a pensar com consciência do que se está pensando.

A posição de lótus parece desconfortável mas não é. O único macete é achar a posição certa para que os ossos do pé não sejam pressionados contra o chão, o que dói pra burro, mas de resto não há problemas. Normalmente eu medito de cara pruma parede bem larga, para não ter nada no campo de visão. É um sentido a menos no caminho para a tranquilidade de pensamento. O primeiro objetivo é regularizar a respiração, percebendo como seu corpo reage a uma inspiração mais lenta, profunda e regular. Depois passar a reparar em pontos do corpo com tensão (crispados, como diz o monge do primeiro vídeo).

Sabe quando você deita pra dormir e percebe que em um momento os músculos do seu rosto parecem desligar e você sente um relaxamento? É isso que se consegue com a meditação, só que sem cair no sono depois. E depois desse ponto você começa a perceber outros músculos na mesma situação e consegue direcionar sua atenção diretamente para eles, até o momento em que eles também passam por esse desligamento súbito, com a sensação de relaxamento.

E assim, aos poucos, seu corpo e sua mente vão entrando em um estado cada vez mais tranquilo e sereno. Concentrado em relaxar o corpo, você relaxa também a mente. Se a mente vagar, não veja como uma falha, porque é natural e não há nada de errado com isso. Apenas repare que, "puxa, a mente voou pra longe, mas agora está de volta" e volte a se concentrar em seu próprio corpo.

Um dos principais benefícios da meditação pra mim foi aprender a usar esse relaxamento durante o dia, principalmente em momentos normalmente tensos, como na fila das Barcas ou em pé em um ônibus lotado. É muito útil ser capaz de perceber o estado do seu corpo e relaxar no meio de toda aquela tensão, apenas com um pouco de atenção à respiração. E quanto mais eu medito, mais rápido começo a perceber quando estou começando a tensionar os músculos, cortando o mal pela raiz antes mesmo da raiz começar a ficar muito funda, porque o nosso corpo começa a aprender a associar a respiração com o movimento de relaxamento.

Isso faz muita diferença também quando estou no piano, tentando aprender um trecho mais complicado. Quando reparo que estou começando a ficar com os braços tensionados e as costas curvadas, volto a respirar de forma controlada e o corpo reage em seguida, relaxando e permitindo que eu estude com mais tranquilidade.

Ainda não consigo meditar com a frequência que desejo, mas devagar estou chegando lá. Meu objetivo de longo prazo é tornar a meditação uma prática diária tão necessária e indispensável quanto escovar os dentes e tomar banho, e cada vez por períodos mais longos. Hoje medito por cerca de dez minutos, mas quero fazer mais.

Pra quem tem vontade de aprender mais sobre a meditação, recomendo assistir os dois vídeos acima e também ler a seção sobre meditação no site do templo budista Zu Lai.

Vale a pena tentar.