Belladonna of Sadness

No primeiro semestre de 2021, fiz uma disciplina de animação no curso de cinema da UFF. Durante o curso, assistimos alguns filmes para discussão em aula, e tivemos que escrever textos sobre eles.

Este aqui é o que escrevi sobre o filme Belladonna of Sadness, de Eiichi Yamamoto.

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Notas Diversas, Sortidas e Variadas sobre Belladonna of Sadness

Deixemos uma coisa clara desde o início: o filme não me agradou. O último terço me deixou tão desinteressado que perdeu minha atenção. Talvez tenham sido as legendas, que me pareceram ter sido traduzidas com o uso de um sistema computadorizado, tecnologia que ainda deixa a desejar. Ou talvez a história seja confusa mesmo. Sei que no fim, quando reparei, parecia que o início do filme estava sendo reprisado. Estava mesmo? Ou as cenas são tão parecidas que não identifiquei as diferenças?

Mesmo assim, algumas coisas chamaram positivamente a minha atenção durante o filme. E meu objetivo aqui é comentar essas coisas.

A primeira delas foi ver simbologia cristã em um filme japonês. Pesquisei e descobri que o filme foi inspirado na obra de um francês do século dezenove, Jules Michelet, chamada La Sorcière.

O som do filme também chamou bastante minha atenção. De um lado sua sonoplastia, que em vários momentos me pareceu quase onomatopeica, bem cartunesca. Há também a trilha sonora, muito interessante, composta por Masahiko Sato, com muito de experimentalismo eletrônico, psicodélico até, típico dos anos 1970. Recentemente ouvi muita música japonesa dessa época, e consegui perceber que a trilha sonora do filme se encaixa bem na estética do período.

Achei interessante a mistura de estilos de arte usados ao longo do longa. Por vezes minimalista, por vezes grosseira e trêmula, por vezes suave e delicada. Não cheguei a estar atento o suficiente para relacionar estilo e objeto da arte com propriedade, mas reparei que na maior parte das vezes a animação da personagem principal tem traços suaves, sempre em contraste com os traços irritadiços do personagem masculino. As sequências com imagens puramente estáticas mas com diversas vozes atuando me lembraram muito das antigas fotonovelas.

Apesar desses pontos que despertaram meu interesse, no final o filme passou longe de me agradar. Me desinteressei do longa no último ato. Talvez tenha a tradução meio tosca usada nas legendas, que pareciam ter sido feitas por algum sistema automatizado e sem passar por revisão. Mas vai que seja tudo muito confuso mesmo. Quando dei por mim, parecia que estava assistindo uma reprise do começo do filme. Será que era reprise? Acho difícil, mas as cenas eram tão parecidas que sem atenção não dava pra perceber a diferença.

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