Dentro da carteira estavam R$ 98,00 em dinheiro. Tinha também uma carteira de identidade e um CPF. Além de uma camisinha, um calendário de 2003 com um telefone desconhecido anotado, uns papelotes que a Nayhara tinha me dado e, por fim, uma foto 3x4 da Sueli.
Pra tirar um CPF novo você tem que ir aos Correios, pegar o formulário, levar para casa, preencher, voltar aos Correios, enfrentar a fila, pagar R$ 4,50 e esperar mais ou menos 15 dias.
Pra tirar uma identidade nova, primeiro você vai enfrentar a fila do Detran, para ser informado de que antes você tem que ir ao Itaú para pagar e pegar o Duda. Aí então você vai ao Itaú, enfrenta a fila e na hora de tirar o Duda descobre que tem que ter o número do CPF, aquele mesmo que você perdeu. Então você sai em busca de algum documento que tenha o número do seu CPF. Quando consegue, volta ao Itaú, enfrenta a fila para pegar o Duda e enfrenta a fila para pagar o Duda: R$ 19,32. Aí sim você volta e enfrenta a fila do Detran, já munido de uma foto 3x4, xerox e original da certidão de nascimento e o comprovante de pagamento. Então eles te lambuzam a mão de graxa preta e te mandam esperar dois meses.
É preciso fazer também um boletim de ocorrência na delegacia. Você tem que esperar o escrivão de lá bater o boletim de ocorrência de um garoto que foi espancado pela vizinha, enquanto fica escutando a briga de um casal na sala ao lado. Depois de 40 minutos alguém te chama para perguntar o que você quer, e então explica que você pode fazer o boletim outro dia, já que naquele está tudo muito confuso, e que, mesmo com o boletim nas mãos você tá ferrado mesmo, pois com certeza alguém vai fazer merda com os seus documentos. Você volta então outro dia e faz o boletim, apenas para constar. Pelo menos na delegacia você não paga nada.
Por fim, você compra uma carteira nova no camelô, pela pechincha de R$ 6,00, aguarda a documentação chegar, consegue um calendário 2004 e arranja outra foto da namorada. Gasto total? Cerca de R$ 130,00.
Agora vem a lição: vai, Mário, mergulha no rio de novo com a carteira no bolso, imbecil.
Eterno Professor de Informática
Não sou disso, mas tomem lá um pouco do meu passado:
Em 1997, virei professor de informática por acaso. Eu trabalhava em um curso de inglês e o dono resolveu investir em algo mais. Junto com mais dois colegas, criamos algumas apostilas: introdução à informática, Windows (3.11!), Word e Excel. De início eram apenas aulas para alunos do próprio curso de inglês, mas em pouco tempo o curso cresceu e passou a aceitar matrículas de outros alunos.
A primeira aula foi um grande choque para mim, pois eu achei que iria lidar com adolescentes e jovens, e quase entrei em pânico quando vi que a primeira turma era feita de oito a nove crianças de cinco/seis anos. Tudo o que havia planejado foi por água abaixo. Dá pra imaginar o desastre que foi: eu, sem experiência nenhuma em dar aulas, tendo que ensinar crianças, que requerem uma didática toda especial. Mas, claro, haviam as turmas que eram como eu pensava, e aí as coisas foram mais fáceis.
Com o tempo o curso cresceu, mudou de instalações e ganhou novas salas, fizemos novas apostilas, adotamos livros... e as coisas foram mudando. Chegaram novos colegas de trabalho e com o tempo fui aprendendo a dar aulas. Como o Zack lembrou bem, era hilário a gente ter que trabalhar de gravata e roupa social. "Imagem é importante", diziam os bobos de plantão. Quando saí, teve gente até que chorou.
Hoje, quase quatro anos depois de minha saída de lá, restam as lembranças. Tem alunos que passam na rua e nem lembram mais de mim, ou, caso lembrem, não se interessam mais em falar. Tudo bem, não fazem falta. O importante são os que se lembram. Muitos dos alunos se tornaram bons colegas meus, e volta e meia paramos para conversar e lembrar dos causos. O curso me rendeu bons amigos e até mesmo uma namorada.
Às vezes bate saudade de estar com aquele pessoal de novo, mas não dá pra voltar atrás. Resta só rever as fotos e lembrar.
P.S.: Só pra constar: visitem os arquivos e leiam o texto Cinco de Fevereiro, por favor.
Em 1997, virei professor de informática por acaso. Eu trabalhava em um curso de inglês e o dono resolveu investir em algo mais. Junto com mais dois colegas, criamos algumas apostilas: introdução à informática, Windows (3.11!), Word e Excel. De início eram apenas aulas para alunos do próprio curso de inglês, mas em pouco tempo o curso cresceu e passou a aceitar matrículas de outros alunos.
A primeira aula foi um grande choque para mim, pois eu achei que iria lidar com adolescentes e jovens, e quase entrei em pânico quando vi que a primeira turma era feita de oito a nove crianças de cinco/seis anos. Tudo o que havia planejado foi por água abaixo. Dá pra imaginar o desastre que foi: eu, sem experiência nenhuma em dar aulas, tendo que ensinar crianças, que requerem uma didática toda especial. Mas, claro, haviam as turmas que eram como eu pensava, e aí as coisas foram mais fáceis.
Com o tempo o curso cresceu, mudou de instalações e ganhou novas salas, fizemos novas apostilas, adotamos livros... e as coisas foram mudando. Chegaram novos colegas de trabalho e com o tempo fui aprendendo a dar aulas. Como o Zack lembrou bem, era hilário a gente ter que trabalhar de gravata e roupa social. "Imagem é importante", diziam os bobos de plantão. Quando saí, teve gente até que chorou.
Hoje, quase quatro anos depois de minha saída de lá, restam as lembranças. Tem alunos que passam na rua e nem lembram mais de mim, ou, caso lembrem, não se interessam mais em falar. Tudo bem, não fazem falta. O importante são os que se lembram. Muitos dos alunos se tornaram bons colegas meus, e volta e meia paramos para conversar e lembrar dos causos. O curso me rendeu bons amigos e até mesmo uma namorada.
Às vezes bate saudade de estar com aquele pessoal de novo, mas não dá pra voltar atrás. Resta só rever as fotos e lembrar.
P.S.: Só pra constar: visitem os arquivos e leiam o texto Cinco de Fevereiro, por favor.
Os Revisores Nunca Morrerão
Todo mundo já fez isso, até eu: digita-se o texto, geralmente num Word pirata, e lasca-se o botãozinho "ABC" para correção das palavras. O resultado é uma série de correções de palavras que foram digitadas erradas e um número talvez ainda maior de erros que o Word deixa passar. Como? É que os corretores verificam, na maioria das vezes, apenas a grafia das palavras, dexando passar erros de concordância, entre outros.
Isso acontece porque os corretores geralmente funcionam assim: eles têm uma lista gigante de palavras. Quando o texto é digitado, eles vão comparando cada palavra com a lista. Se ela não estiver lá, tome-lhe destaque sublinhado de vermelho. É por isso que muitas palavras certas são dadas como erradas: o "Klutz" da minha lista de cds favoritos, o "Macacu" do nome da minha cidade e o sobrenome da Sueli.
Graças a isso, muitas palavras com erro de acentuação são deixadas pra trás, como por exemplo distancia / distância ou o trio sábia / sabia / sabiá. Uma simples troca ou omissão de um acento pode levar um texto à perdição. Ademais, como a maioria dos programas não pega erros de concordância, eles deixam passar aberrações como "o meninas está vestido, eles já vai saíram".
Mas mesmo que o programa seja capaz de barrar erros de concordância, muitos outros erros podem se esconder por falta, excesso ou troca de letras. A frase "o meu baralho é grande" pode se tornar extremamente ofensiva graças a um pequeno erro. Para erros assim o computador não tem olhos. E, arrisco-me a dizer, nunca terá.
Portanto, tome-lhe lá duas dicas de quem já trabalhou com textos durante anos.
Primeira: leia tudo de novo depois de escrever. Duas vezes. Nunca mais use o recurso de correção dos programas. A prova de que muitos erros passam sem serem notados são os que volta e meia aparecem no Sarcófago: eu nunca sou avisado sobre eles, e olha que eu leio os textos umas três vezes antes de publicar.
Segunda: dá pra acrescentar novas palavras à lista do Word. Quando ele sublinhar uma palavra certa, dê um clique com o botão direito do mouse nela e no menu que aparecer, clique em adicionar. Com o tempo, você vai formar um grande dicionário.
Isso acontece porque os corretores geralmente funcionam assim: eles têm uma lista gigante de palavras. Quando o texto é digitado, eles vão comparando cada palavra com a lista. Se ela não estiver lá, tome-lhe destaque sublinhado de vermelho. É por isso que muitas palavras certas são dadas como erradas: o "Klutz" da minha lista de cds favoritos, o "Macacu" do nome da minha cidade e o sobrenome da Sueli.
Graças a isso, muitas palavras com erro de acentuação são deixadas pra trás, como por exemplo distancia / distância ou o trio sábia / sabia / sabiá. Uma simples troca ou omissão de um acento pode levar um texto à perdição. Ademais, como a maioria dos programas não pega erros de concordância, eles deixam passar aberrações como "o meninas está vestido, eles já vai saíram".
Mas mesmo que o programa seja capaz de barrar erros de concordância, muitos outros erros podem se esconder por falta, excesso ou troca de letras. A frase "o meu baralho é grande" pode se tornar extremamente ofensiva graças a um pequeno erro. Para erros assim o computador não tem olhos. E, arrisco-me a dizer, nunca terá.
Portanto, tome-lhe lá duas dicas de quem já trabalhou com textos durante anos.
Primeira: leia tudo de novo depois de escrever. Duas vezes. Nunca mais use o recurso de correção dos programas. A prova de que muitos erros passam sem serem notados são os que volta e meia aparecem no Sarcófago: eu nunca sou avisado sobre eles, e olha que eu leio os textos umas três vezes antes de publicar.
Segunda: dá pra acrescentar novas palavras à lista do Word. Quando ele sublinhar uma palavra certa, dê um clique com o botão direito do mouse nela e no menu que aparecer, clique em adicionar. Com o tempo, você vai formar um grande dicionário.
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