Projeto Limite

Ainda no primeiro ano do meu curso de cinema na UFF, durante as aulas do professor Tunico Amâncio tive contato com um cd-rom chamado Estudos Sobre Limite.

Limite é um filme que foi escrito e dirigido por um xará meu, o Mário Peixoto, no início da década de 1930.  Experimental, "filme-cabeça", foi um fiasco comercial e então esquecido.  Anos mais tarde, foi redescoberto, tornou-se cult e hoje é considerado pelos críticos um dos filmes mais importantes da cinematografia brasileira.

Já na década de 1990, o departamento de cinema da UFF, através do seu Laboratório de Investigação Audiovisual, realizou um projeto de análise do filme, que culminou na produção do cd-rom. O projeto foi capitaneado pelo professor Tunico e contou com o apoio do Arquivo Mário Peixoto.  O cd traz textos críticos, fotos, biografias das pessoas envolvidas, e uma minuciosa análise plano a plano do filme inteiro. Como cereja do bolo, é trilíngue:  pode ser navegado em português, inglês e francês.

Infelizmente, por conta da obsolescência tecnológica, o programa que está no cd-rom não roda nos sistemas mais modernos.  Aquele meu primeiro contato com o projeto, que comentei lá no início, foi numa tentativa de ajudar o professor Tunico a resgatar o conteúdo do cd e apresentá-lo a nossa turma.  Foi aí que descobri que ele só pode ser executado em computadores que estejam no máximo com o Windows XP.  Consegui fazê-lo rodar em máquinas mais novas apenas através de uma gambiarra das boas, usando um emulador e instalando um Windows 95 nele.

Até que agora em 2021 vou poder levar a ajuda um passo adiante.  Com o apoio do professor Fabián Núñes, consegui uma bolsa em um projeto de extensão, e vamos realizar um trabalho de arqueologia digital, recuperando todo o conteúdo do cd para transformá-lo em um site que vai reproduzir a estrutura do cd.  Dessa forma, vamos disponibilizar de forma ampla e irrestrita um conteúdo que até agora estava perdido e esquecido.

O site já existe, mas por enquanto só conta um pouco da história do projeto original.  A previsão de lançamento é novembro de 2021.

Julinho da Adelaide

Dos anos 1960 até o começo dos anos 1980, os censores do governo militar perseguiam os artistas e barravam letras a torto e a direito. Praticamente toda a geração que fundou a empebê enfrentou problemas com isso. Pra driblar a censura, os músicos faziam malabarismos com as letras, mas nem sempre funcionava. 

Numa tentativa de se esconder da perseguição ao seu nome, Chico Buarque criou então duas personas, os irmãos Leonel Paiva e Julinho da Adelaide. Juntos, os irmãos compuseram Acorda, Amor, lançada no disco Sinal Fechado, de 1974. Julinho teve uma carreira mais prolífica, compondo outras duas músicas: Milagre Brasileiro e Jorge Maravilha (dos famosos versos "você não gosta de mim, mas sua filha gosta"). 

Mas não apenas isso. A persona de Julinho da Adelaide cresceu e ganhou publicidade. Em show, Chico Buarque chegou a contar um pouco da história do compositor, e entrou pros anais da empebê a entrevista que Julinho deu pro jornalista Mário Prata. Algum tempo depois, os censores perceberam que tinham sido enganados e passaram a exigir a documentação dos artistas junto das obras que eram entregues para análise. Morria ali o Julinho. 

Duas décadas depois, Julinho voltou à vida discretamente. Em 1997, os grupos MPB4 e Quarteto em Cy lançaram mais um disco conjunto, Bate-Boca, cujo repertório trazia composições de Chico Buarque e Tom Jobim. Chico canta em três faixas, mas em Biscate é creditado como Julinho da Adelaide.

Conte uma Piada

Conte uma piada que só quem é da sua profissão vai entender.

A minha é essa:

Existem 10 tipos de pessoas. As que entendem números binários e as que não entendem.