Da Obrigação de Saber

Você conhece quem pensa assim. Talvez você pense assim: você fala que vai visitar Estocolmo nas férias e sua amiga diz que sempre teve vontade de visitar a França também. Você automaticamente pensa que é um absurdo ela não saber que Estocolmo é na Suécia, porque ela tinha que saber isso.

E isso em várias outras situações. É impossível que seu marido não saiba quem foi John Coltrane. É motivo de piada seu amigo de trabalho não saber quem é Bill Gates. Não é possível que sua irmã não saiba a capital do Pará. Só mesmo sendo analfabeta pra sua sócia não saber usar crase. Onde sua filha vive que não sabe qual é a moeda do Japão?

Até um tempo atrás eu pensava assim, mas estou começando a aprender: ninguém tem obrigação de saber nada.

Para as que levantaram a mão, prontas para dizer que não é bem assim, que uma aeromoça tem obrigação de saber a capital do Pará, não é disso que estou falando aqui! Claro que todo mundo tem obrigação de saber coisas, seja por imposição profissional ou por uma ou outra responsabilidade, mas o papo é outro, agora. Estou falando das coisas do dia a dia, de conhecimentos gerais (ou nem tão gerais assim).

Sim, é estranho que as pessoas não saibam de coisa que nós julgamos como claras ou da categoria até surdo já ouviu, mas isso não é motivo para julgá-las e taxá-las como burras, analfabetas ou alienadas. Claro que é esquisito alguém não saber qual é a capital da Itália, porque a gente sempre vê isso nos jornais, nos livros, nas músicas, nos filmes, mas ninguém é obrigado a saber disso.

Isso não quer dizer que a pessoa não estudou ou que ela seja alienada. Isso quer dizer apenas que saber que Roma é a capital da Itália não é tão importante pra ela quanto é pra você. E aí vem o pulo do gato para o raciocínio de que ninguém tem obrigação de saber nada: não é porque saber uma coisa é tão importante pra você que deve ser importante para outras pessoas.

Então relaxa, ok?

2 comentários:

Thiago C. Fraga disse...

vejo um ser em evolução por aqui ein!!! mais tolerante...

=]

bom texto!

Mário Marinato disse...

É mais ou menos por aí, Verde. Bom saber que você gostou.