Sabe quando você lê um texto porreta no Sarcófago e bate aquela vontade de mostrá-lo para uma amiga? Pois saiba que agora ficou mais fácil de fazer isso.
Ao final de cada texto você encontra um pequeno envelope. Clicando nele você será levada para uma página onde poderá digitar seu nome, o endereço para quem você quer mandar a mensagem e, claro, uma mensagem para a pessoa.
Em instantes sua amiga vai receber um email dizendo que você indicou para ela o texto que você gostou. E vai custar a ela apenas um clique para vir para o Sarcófago.
Façam bom proveito. A casa agradece as indicações.
Como é o Novo Livro Adicional Eletrônico
Já que hoje eu estive na Corregedoria para a apresentação técnica do novo Livro Adicional, deu pra entender perfeitamente o que eles estão querendo de nós. E aproveito para explicar a situação para os colegas que ainda não entenderam.
E começo explicando a DOI. Sabe a DOI? Bem, antes não havia a DOI, certo? Aí uns engravatados lá na Receita Federal pensaram, "por que não fazer os cartórios mandarem pra gente os dados das escrituras que eles fizerem? Isso vai ajudar na fiscalização do imposto de renda.".
Eles acharam a idéia uma boa e mandaram o departamento de informática criar um programa fuleiro e então disponibilizaram ele para os cartórios, com a ordem: "ó só, agora vocês vão ter que usar esse programa aqui pra poder mandar uns dados pra gente. Vocês digitam, geram um arquivo e mandam. É tudo automático e já tá pronto pra vocês usarem".
E aí a gente vai lá e faz, sem se importar em como é que aquele arquivo é gerado, como é que ele é enviado, nem como recebemos de volta. Sabemos só usar o programa e que também recebemos um recibo, que é impresso pelo mesmo programa fuleiro. E cá-bô. Só.
Pergunto: por que é que a gente não sabe como é a estrutura do arquivo da DOI que vai pra Receita Federal? Porque a gente NÃO PRECISA saber disso. E ponto. Vai ver até que esse arquivo seja no tal formato XML, mas, pra nós, dane-se. Queremos que o programa fuleiro funcione e pronto.
Falei a língua cartorária até agora, não foi? Pois bem, agora vamos ver o que a Corregedoria fez, numa linguagem bem clara.
Sabe o Livro Adicional Eletrônico? Bem, antes não havia o Livro Adicional Eletrônico, certo? Aí uns engravatados lá na Corregedoria pensaram, "por que não fazer os cartórios mandarem pra gente os dados dos atos pela internet? Isso vai ajudar na fiscalização.".
Eles acharam uma boa idéia, só que ao invés de mandar o departamento de informática fazer um programa, eles convocaram os cartórios e falaram: "ó só, agora vocês vão ter que mandar o livro adicional em formato XML. Tratem de arranjar uns programadores para fazer uns programas fuleiros para vocês, que gere o arquivo que vocês têm que mandar pra gente, e que, além disso, mande o arquivo. Ah, e que pegue o recibo de volta.".
É isso. Jogaram a bomba na mão da gente. E ainda por cima dão mais trabalho, nos obrigando a ter que detalhar ato por ato, tintim por tintim. Você fez 50 autenticações? Pois então vai ter que declarar uma a uma, incluindo os valores dos emolumentos, FETJ, FUNDPERJ e FUNPERJ, e também o tipo de selo e o número do selo de c-a-d-a u-m-a.
Todo dia.
Lindo, não?
Eu, como escrevente substituto do cartório do segundo ofício de Cachoeiras de Macacu, e por coincidência, analista de sistemas, e, além disso, amigo dos outros funcionários dos outros três cartórios daqui, vou preparar um programa pra gente poder usar. E os outros cartórios que se virem.
Eu e outros colegas tentamos argumentar e discutir a situação durante a apresentação, mas tudo indica que o decreto já foi decretado, a lei já tá valendo, que não adianta nem espernear nem chamar a mãe porque tem que ser assim, pronto, e acabou. Zé fini. Cada um que se vire, e se se virar errado, pode até levar multa.
Os arquivos que a Corregedoria disponibilizou no site, quando vistos pelo pessoal dos cartórios, vão parecer japonês em braile. Aqueles arquivos devem ser entregues para os programadores contratados para que estes possam criar os programas que vão ser usados pelo pessoal do cartório.
Agora uma ironia: o cara da Corregedoria fala: "ah, mas vocês vão precisar do programador só início, para criar o programa, e, talvez, mais tarde, quando a Corregedoria fizer alguma modificação no Livro Adicional.". Ou seja, vamos precisar do programador mês sim, mês também. Fim da ironia.
Esta então, amigos escreventes, é a nossa situação. Boa sorte a todos.
Aproveito e faço um jabá: quem estiver interessado no programa, pode me procurar que a gente negocia.
E começo explicando a DOI. Sabe a DOI? Bem, antes não havia a DOI, certo? Aí uns engravatados lá na Receita Federal pensaram, "por que não fazer os cartórios mandarem pra gente os dados das escrituras que eles fizerem? Isso vai ajudar na fiscalização do imposto de renda.".
Eles acharam a idéia uma boa e mandaram o departamento de informática criar um programa fuleiro e então disponibilizaram ele para os cartórios, com a ordem: "ó só, agora vocês vão ter que usar esse programa aqui pra poder mandar uns dados pra gente. Vocês digitam, geram um arquivo e mandam. É tudo automático e já tá pronto pra vocês usarem".
E aí a gente vai lá e faz, sem se importar em como é que aquele arquivo é gerado, como é que ele é enviado, nem como recebemos de volta. Sabemos só usar o programa e que também recebemos um recibo, que é impresso pelo mesmo programa fuleiro. E cá-bô. Só.
Pergunto: por que é que a gente não sabe como é a estrutura do arquivo da DOI que vai pra Receita Federal? Porque a gente NÃO PRECISA saber disso. E ponto. Vai ver até que esse arquivo seja no tal formato XML, mas, pra nós, dane-se. Queremos que o programa fuleiro funcione e pronto.
Falei a língua cartorária até agora, não foi? Pois bem, agora vamos ver o que a Corregedoria fez, numa linguagem bem clara.
Sabe o Livro Adicional Eletrônico? Bem, antes não havia o Livro Adicional Eletrônico, certo? Aí uns engravatados lá na Corregedoria pensaram, "por que não fazer os cartórios mandarem pra gente os dados dos atos pela internet? Isso vai ajudar na fiscalização.".
Eles acharam uma boa idéia, só que ao invés de mandar o departamento de informática fazer um programa, eles convocaram os cartórios e falaram: "ó só, agora vocês vão ter que mandar o livro adicional em formato XML. Tratem de arranjar uns programadores para fazer uns programas fuleiros para vocês, que gere o arquivo que vocês têm que mandar pra gente, e que, além disso, mande o arquivo. Ah, e que pegue o recibo de volta.".
É isso. Jogaram a bomba na mão da gente. E ainda por cima dão mais trabalho, nos obrigando a ter que detalhar ato por ato, tintim por tintim. Você fez 50 autenticações? Pois então vai ter que declarar uma a uma, incluindo os valores dos emolumentos, FETJ, FUNDPERJ e FUNPERJ, e também o tipo de selo e o número do selo de c-a-d-a u-m-a.
Todo dia.
Lindo, não?
Eu, como escrevente substituto do cartório do segundo ofício de Cachoeiras de Macacu, e por coincidência, analista de sistemas, e, além disso, amigo dos outros funcionários dos outros três cartórios daqui, vou preparar um programa pra gente poder usar. E os outros cartórios que se virem.
Eu e outros colegas tentamos argumentar e discutir a situação durante a apresentação, mas tudo indica que o decreto já foi decretado, a lei já tá valendo, que não adianta nem espernear nem chamar a mãe porque tem que ser assim, pronto, e acabou. Zé fini. Cada um que se vire, e se se virar errado, pode até levar multa.
Os arquivos que a Corregedoria disponibilizou no site, quando vistos pelo pessoal dos cartórios, vão parecer japonês em braile. Aqueles arquivos devem ser entregues para os programadores contratados para que estes possam criar os programas que vão ser usados pelo pessoal do cartório.
Agora uma ironia: o cara da Corregedoria fala: "ah, mas vocês vão precisar do programador só início, para criar o programa, e, talvez, mais tarde, quando a Corregedoria fizer alguma modificação no Livro Adicional.". Ou seja, vamos precisar do programador mês sim, mês também. Fim da ironia.
Esta então, amigos escreventes, é a nossa situação. Boa sorte a todos.
Aproveito e faço um jabá: quem estiver interessado no programa, pode me procurar que a gente negocia.
Modernizando os Cartórios
Este texto na verdade era para se chamar "Como o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Fudeu com a Minha Vida no Cartório", mas eu achei este um título muito grande. Bem, divagações sobre títulos à parte, vamos ao que interessa.
De todo o dinheiro que entra no cartório, uma fatia de pouco mais de 30% vai para os cofres da Corregedoria e adjacências. Para facilitar o controle da fiscalização, temos que lavrar, diariamente, um livro chamado Livro Adicional, que é o relatório de tudo o que foi feito no cartório, indicando livros, folhas, registros, protocolos, etc. etc.. Até aí tudo bem, afinal de contas, quando bate fiscalização no cartório livro adicional é o meio mais fácil de saber o que foi feito.
Pois bem, até coisa de dois anos atrás o livro adicional era bem simples. Eu fazia apenas uma página por dia, arquivava e tals. Aí veio uma portaria mudando o modelo e eu passei a ter que fazer OITO páginas por dia. Muito mais trabalho, como vocês podem ver.
Quando eu achei, então, que não podia ficar pior, este mês veio a Corregedoria e, a pretexto de fazer o que está no título deste texto, fez o que está no primeiro parágrafo. Vou detalhar, calma.
Imagine, querida leitora, que você compre um carro. Você sabe que o carro tem que ter combustível para andar, mas não precisa se importar com a química dele. Você compra o combustível no posto e pronto, sai dirigindo.
A mesma coisa acontece com as tecnologias de programação. Quando você usa um programa de computador, não precisa saber como ele foi programado, nem de que forma as informações são gravadas em um banco de dados. Você usa o programa e pronto, confiando que ele sabe como fazer tudo direito.
Aí vem o meu grande problema. A pretexto de melhorar o Livro Adicional, a Corregedoria instituiu um tal de Livro Adicional Eletrônico em XML. XML é uma tecnologia para armazenamento e compartilhamento de informações. Um usuário leigo de computador não precisa nem saber que esse tipo de coisa existe, muito menos um usuário que tem mais é que saber de legislação, que é o caso do sujeito do cartório. Eu sei o que é XML porque fiz faculdade de informática. Saber esses detalhes feios é coisa do pessoal de informática, não do pessoal de cartório. O Sarcófago, por exemplo, é todo feito em XML. Não que eu tenha feito assim. É o próprio Blogger que o faz, eu nem preciso ver o lado feio da coisa.
E nós, funcionários de cartório, a partir de maio, ao invés de usarmos um programa para digitar os dados do Livro Adicional, para que este gere um arquivo no formato XML, que seria então enviado para a Corregedoria, vamos ter que criar o arquivo XML na mão, item a item, num nível de detalhamento exagerado. É algo como ter que fabricar a própria gasolina para o seu carro andar. Não é algo difícil, mas é trabalhoso pra caralho. E qualquer errinho ferra com o trabalho todo.
E como se não bastasse, o Livro Adicional agora é mais detalhado do que o anterior. Antes, no modelo antigo do Livro, bastava dizer que fizemos tantos de cada serviço, que o valor total a ser recolhido para cada um era de X, que o valor total que sobrava pro cartório de cada um era Y, que o primeiro selo usado era o A e o último era o B. Agora, ao contrário, vamos ter que dizer, individualmente, para cada serviço, quanto deve ser recolhido, quanto vai sobrar pro cartório, e qual foi o selo. Tudo muito muito muito muito detalhado. É um troço tão trabalhoso que vai gerar documentos de pelo menos 50 páginas TODOS OS DIAS. E ainda vou ter que continuar fazendo o Livro do jeito antigo.
Acho que não vai sobrar tempo pra trabalhar.
Se alguém estiver curioso para ver mais detalhes e entender o meu suplício, lá no site da Corregedoria estão disponibilizados arquivos explicando como funciona a bagaça toda.
De todo o dinheiro que entra no cartório, uma fatia de pouco mais de 30% vai para os cofres da Corregedoria e adjacências. Para facilitar o controle da fiscalização, temos que lavrar, diariamente, um livro chamado Livro Adicional, que é o relatório de tudo o que foi feito no cartório, indicando livros, folhas, registros, protocolos, etc. etc.. Até aí tudo bem, afinal de contas, quando bate fiscalização no cartório livro adicional é o meio mais fácil de saber o que foi feito.
Pois bem, até coisa de dois anos atrás o livro adicional era bem simples. Eu fazia apenas uma página por dia, arquivava e tals. Aí veio uma portaria mudando o modelo e eu passei a ter que fazer OITO páginas por dia. Muito mais trabalho, como vocês podem ver.
Quando eu achei, então, que não podia ficar pior, este mês veio a Corregedoria e, a pretexto de fazer o que está no título deste texto, fez o que está no primeiro parágrafo. Vou detalhar, calma.
Imagine, querida leitora, que você compre um carro. Você sabe que o carro tem que ter combustível para andar, mas não precisa se importar com a química dele. Você compra o combustível no posto e pronto, sai dirigindo.
A mesma coisa acontece com as tecnologias de programação. Quando você usa um programa de computador, não precisa saber como ele foi programado, nem de que forma as informações são gravadas em um banco de dados. Você usa o programa e pronto, confiando que ele sabe como fazer tudo direito.
Aí vem o meu grande problema. A pretexto de melhorar o Livro Adicional, a Corregedoria instituiu um tal de Livro Adicional Eletrônico em XML. XML é uma tecnologia para armazenamento e compartilhamento de informações. Um usuário leigo de computador não precisa nem saber que esse tipo de coisa existe, muito menos um usuário que tem mais é que saber de legislação, que é o caso do sujeito do cartório. Eu sei o que é XML porque fiz faculdade de informática. Saber esses detalhes feios é coisa do pessoal de informática, não do pessoal de cartório. O Sarcófago, por exemplo, é todo feito em XML. Não que eu tenha feito assim. É o próprio Blogger que o faz, eu nem preciso ver o lado feio da coisa.
E nós, funcionários de cartório, a partir de maio, ao invés de usarmos um programa para digitar os dados do Livro Adicional, para que este gere um arquivo no formato XML, que seria então enviado para a Corregedoria, vamos ter que criar o arquivo XML na mão, item a item, num nível de detalhamento exagerado. É algo como ter que fabricar a própria gasolina para o seu carro andar. Não é algo difícil, mas é trabalhoso pra caralho. E qualquer errinho ferra com o trabalho todo.
E como se não bastasse, o Livro Adicional agora é mais detalhado do que o anterior. Antes, no modelo antigo do Livro, bastava dizer que fizemos tantos de cada serviço, que o valor total a ser recolhido para cada um era de X, que o valor total que sobrava pro cartório de cada um era Y, que o primeiro selo usado era o A e o último era o B. Agora, ao contrário, vamos ter que dizer, individualmente, para cada serviço, quanto deve ser recolhido, quanto vai sobrar pro cartório, e qual foi o selo. Tudo muito muito muito muito detalhado. É um troço tão trabalhoso que vai gerar documentos de pelo menos 50 páginas TODOS OS DIAS. E ainda vou ter que continuar fazendo o Livro do jeito antigo.
Acho que não vai sobrar tempo pra trabalhar.
Se alguém estiver curioso para ver mais detalhes e entender o meu suplício, lá no site da Corregedoria estão disponibilizados arquivos explicando como funciona a bagaça toda.
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