DVD Michael Jackson’s Vision

Comprei recentemente o box de DVD’s Vision, que reúne todos os clipes gravados por Michael Jackson. De cara, posso desmentir essa alegação de que TODOS os clipes estão lá, porque o curta metragem Ghosts não está, pelo menos não na íntegra. Pra mim isso foi bem brochante, porque era uma das coisas que eu mais esperava no box, já que minha fita de VHS foi para o lixo há tempos.

Fora isso, o box é excelente. Desde a embalagem: uma capa cheia de efeitos especiais que só a tendo na mão para entender, um livro com muitas fotos dos clipes e, claro, muita música boa. Tudo o que há de bom está lá: de She’s Out of My Life a Earth Song, de Thriller a They Don’t Care About Us. Tem até uns bônus da época dos Jackson 5. A nata está mesmo no primeiro disco, que traz os clipes das músicas que fazem parte dos discos Off the Wall, Thriller e Bad, mas o resto não é de se jogar fora, porque tem muita coisa boa de Dangerous e HIStory.

Por estarem praticamente na ordem cronológica de lançamento, dá pra acompanhar com precisão a ascensão e declínio da qualidade de Michael como músico e dançarino, e também seu clareamento e posterior monstrificação.

É assustador pensar que o cara que canta She’s Out of My Life - negro e com nariz de batata - é o mesmo que canta Rock My World - branco como casca de ovo e com um nariz deformado. Eu nunca tinha visto o clipe de Rock My World e, sinceramente, me assustei com a cara do Michael nele: absurdamente deformado, parecendo estar usando uma máscara.

Além de servir como o exemplo perfeito de como Michael Jackson se mutilou fisicamente, o clipe de Rock My World mostra que ele já não era o mesmo dançarino de antes. Quando vi o filme This Is It, parecia até que ele estava em boa forma, mas aqui ele parece mais uma caricatura de si próprio, como se fosse uma outra pessoa tentando imitar os seus passos, sem conseguir. De todos os clipes, é onde Michael Jackson está mais lento e sem vigor.

Arrisco a dizer que, se a carreira de Michael Jackson tivesse começado com o disco Blood on the Dance Floor, sua fama passaria longe do que era. Sou fã do sujeito e gosto muito de tudo o que ele fez no início de usa carreira solo, mas não dá pra fechar os olhos e negar que seus últimos trabalhos não passam de uma sombra de tudo o que ele já tinha sido capaz de fazer.

Apesar das divagações, o box é uma excelente pedida. Perfeito para você deixar rolando durante um encontro de amigos em casa.



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Sobre Direitos Humanos

Há tempos uma frase fácil de me ouvir falando é que "direitos humanos são para humanos". Sempre defendi a punição violenta para bandidos, principalmente os que cometem atos contra crianças e mulheres. Nunca gostei de ver esse pessoal dos direitos humanos defendendo bandido.

Mas estou mudando, graças à Lola. Se você ainda não conhece o blog da Lola, saiba que está deixando de ler uma das melhores mentes que já conheci. O feed do blog dela é leitura obrigatória aqui em casa.

Pois bem, em novembro de 2010 ela publicou uma resenha sobre Tropa de Elite 2, e algumas de suas frases me fizeram parar para pensar sobre minhas próprias opiniões:

"Defender tortura e execuções sumárias e tirar sarro da defesa de direitos humanos são, sim, ideias fascistas, e perigosas."

"A direita acredita que a criminalidade é causada unicamente por escolhas individuais, não por problemas sociais, que bandido bom é bandido morto."

Incomodado com as afirmações da Lola, e com uma sincera vontade de entender o que a levava a pensar de forma tão diferente da minha, deixei um comentário por lá, o qual foi atenciosamente respondido, e que acabou me levando a uma conclusão que nunca pensei à qual chegaria.

Depois dessa breve conversa, hoje tenho consciência da necessidade das organizações de direitos humanos, mesmo que nem sempre concorde com o seu trabalho, pois continuo achando que estuprador tem mais é que sofrer mesmo. Mas que alguma coisa mudou, ah mudou.

Segue abaixo nossa conversa. Acho que é construtiva, principalmente para quem não gosta do pessoal que defende os direitos humanos como eu.

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Primeiro comentário meu para a Lola:

Lola,

Tenho uma pergunta a fazer, mas, por favor, não entenda-a como uma pergunta-desafio ou uma pergunta-vamos-ver-como-ela-se-explica-agora, mas sim como uma pergunta de alguém que pensa diferente de você, mas que está se perguntando "será que estou pensando errado?" e deseja se entender melhor.

Vamos lá então: sei que a criminalidade é causada, também, por problemas sociais, mas você acha mesmo que isso é motivo para que bandidos não sejam punidos exemplarmente? (E me corrija se eu entendi errado, mas a impressão que tive, pelo texto, é de que é isso que você pensa).

Saudações,

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Resposta da Lola:

Mario, acho que criminosos devem ser punidos pelos crimes que cometem (não sei muito bem o que vc quer dizer por "exemplarmente". Acho que a lei deve ser aplicada). Mas acho que prisão não é apenas punição, castigo, exílio (da sociedade), mas tb reabilitação. Acredito que a pessoa pode mudar. E as nossas prisões são ótimas em punir, já que as condições de vida são péssimas, mas não reabilitam. E a gente sabe que não é só assassino e estuprador que tá na cadeia. Tem preso que cometeu crimes menores e tá lá, aprendendo com os outros. Isso é péssimo pra todo mundo.

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Minha resposta à Lola

Oi, Lola.

Puta merda, eu ia escrever um comentário respondendo ao seu, mas só de pensar nos meus argumentos a ficha caiu e vi que, ora ora, eu estou errado! Você acabou de salvar uma alma, Lola! ;o) Obrigado!

Sempre fui contra essa turma de direitos humanos porque sempre tive o pensamento de que "bandido bom é bandido morto". Dizia eu: "quem é a favor de direitos humanos o é até que tenha uma criança da família estuprada".

Mas, Deus, não dá pra ser radical assim, e direitos humanos não é só isso. Não é porque dentro da cadeia há vários bandidos perigosos que a polícia tem o direito de chegar lá trucidando todo mundo, porque TEM GENTE INOCENTE LÁ. É hipocrisia falar que não tem, porque a Justiça brasileira é falha e bota gente que não merecia na cadeia (enquanto quem merecia está solto).

Claro que não vou mudar da água pro vinho de uma hora pra outra, e ainda vou continuar achando que pra certos crimes não deveria haver perdão ou chance de reabilitação (e aqui entra o lance da punição exemplar, que já já eu explico), mas o meu parágrafo anterior já é uma prova de que meu pensamento mudou de uma forma tão radical que eu julgava impossível.

Sobre a punição exemplar, quero dizer justiça rápida e certa aliada a algo meio "olho por olho, dente por dente". Imagino que a falta de impunidade e penas como trabalhos forçados, mutilação (que tal arrancar o indicador de quem matou com uma arma de fogo?) e até mesmo a pena de morte colocariam medo em quem pensa em cometer um crime. Claro que isso não seria pra todo mundo, de jeito nenhum! Mas que tem gente que merece, ah isso tem.

Enfim, direitos humanos sim! (Na hora certa, mas sim!)

Novamente, obrigado por plantar essa semente e por fazê-la germinar. Não sei se vira um jequitibá, mas se não morrer seca já vou estar no lucro.

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Resposta da Lola:

Ô Mário, que bom ouvir isso! Fico muito feliz mesmo. Bom, eu sou radicalmente contra a pena de morte, até porque ela não funciona. Eu pensava que EUA era o único país rico a aplicar a pena de morte, mas me falaram que no Japão ela ainda existe, em alguns casos. Mesmo assim, ela não funciona. É caríssima (custa muito mais caro executar uma pessoa, por causa dos mil e um recursos judiciários, do que mantê-la na cadeia pro resto da vida) e não faz a criminalidade baixar. Tanto que, apesar d'ela ser aplicada em boa parte dos estados americanos, os EUA tem a maior população carcerária do planeta. Entendo perfeitamente que eu, como indivíduo, possa querer que um criminoso que faça algo errado a um dos meus familiares ou amigos sofra e morra, mas um estado não pode se basear nos meus desejos. A justiça tem que ter cabeça fria. A polícia tem que ter cabeça fria. E o papel da polícia não é executar uma pena! A polícia não tem poder de juiz. Numa democracia, uma pessoa precisa ser julgada antes de ser condenada. E isso é BOM, inclusive porque evita muitos abusos (imagine se alguém te acusasse de alguma coisa e vc não tivesse direito de defesa. Imagine se a polícia já chegasse matando e matasse um dos seus). Portanto, direitos humanos são importantíssimos numa sociedade. Não é bom pra ninguém viver num país em que um monte de gente esteja na cadeia. Por isso o serviço PREVENTIVO da polícia é até mais importante que o de prender. E pra isso precisamos de policiais mais humanos, que convivam com a comunidade, que sejam respeitados por ela.
Bom, Mário, abração! Bom papear contigo!

Respostas para Alex

Há alguns meses, o Alex Castro, autor que já citei aqui uma penca de vezes, publicou um artigo no seu blog perguntando algumas coisas aos seus leitores. Ao invés de enviar uma resposta direta para ele ou comentar lá no blog, resolvido publicá-las aqui para que, quem sabe, minhas leitoras se animem para ler o seu blog.

Alguém aqui lê esse blog non-stop desde sua criação em março de 2003? Se não (imagino que não tenha ninguém!), quando você começou a ler?
Eu não leio desde que foi criado, não, mas sei que leio há tempo pra cacete. Deve ter sido em 2004, por aí. Tentei achar o primeiro post que li mas a busca não retornou resultado nenhum. O Alex deve ter apagado.

O que te faz gostar?
Sempre gostei muito da escrita clara e da forma eloquente com que o Alex defende suas ideias e opiniões. Mesmo quando eu discordo dele em cada vírgula, reconheço e admiro sempre sua redação.

O que te faz ir embora?
Tem uns textos que não tive paciência de ler, não. Quando o Alex começou a falar de teatro eu não lia nem a primeira frase.

Por que continua voltando e voltando e voltando?
Por que os textos me divertem, ou me fazem ver as coisas de um jeito que eu nunca tinha visto antes, ou simplesmente servem para passar o tempo.

Se você lê e não gosta, porque lê algo que não gosta?
Nas raras vezes em que fiz isso, foi porque dei o crédito ao Alex. Eu esperava que o texto pudesse me ganhar até o final.

Se você lê e nunca comenta, por que não comenta?
Primeiro porque, muitas vezes, o comentário seria um “ótimo texto, Alex” e eu acabo achando que ele não iria ligar pra isso, já que não acrescenta muita coisa (a propósito, eu ligo pra isso, ok? Podem comentar). Segundo porque geralmente leio no celular e escrever no celular dá muito trabalho. Terceiro porque já deixei algumas perguntas e não recebi resposta, então bate uma sensação de “pra que vou perguntar, se ele não vai responder?”. Por fim, muitas vezes eu simplesmente não tenho o que dizer.

Você já citou esse blog em conversas com os amigos ou encaminhou textos para outras pessoas?
Várias vezes. Ou porque acho que as pessoas vão gostar do texto ou então porque o texto pode fazê-las pensar de outro jeito.

Qual seu post preferido, inesquecível?
O melhor de todos, de todos os tempos, é Pessoas-Que-Acreditam-Em-Coisas. Simplesmente fantástico e leitura obrigatória. Se você só quiser ler um texto do Alex, que seja este.
E também quando ele publicou as primeiras fotos do primeiro livro editado pelo Albano. Lendo ele decidi publicar meu livro sob o selo Os Vira-lata.

Qual o post que te deixou mais puto, irritado, frustrado?
Não me lembro de um post que tenha feito eu me sentir assim.

Qual o post que mais te fez pensar? Algum post já mudou sua vida, suas ações, seu modo de fazer as coisas?
Um que me lembro agora é um sobre racismo no qual o Alex fala que “se você concorda que se um policial parar mais negros do que brancos em uma blitz não é racismo - afinal, os negros tendem a ser mais pobres, os mais pobres tendem a ser mais criminosos, logo existe uma probabilidade matemática maior de um preto ser bandido, então você é racista e eu não quero conversa com você”. Esse bateu fundo e me fez ver que realmente eu sou racista, porque muitas vezes eu raciocinei desta maneira. Depois deste texto eu me esforcei para entender o quanto este raciocínio, e outros semelhantes, são errados.

Se você lê sempre, por que nunca comprou meus livros?
Eu já comprei todos os seus livros. E recomendo sempre.