Série Operação Cavalo de Tróia - Parte II

Quando comecei a ler, achava que os livros, apesar de contarem a mesma história, tinham princípio, meio e fim. Mas o final do primeiro volume e, principalmente, o início do segundo, me fizeram ver que os seis volumes são na verdade pedaços de um grande mastodonte literário que tem que ser lido por completo para ser perfeitamente digerido.

Dá até pra pegar um deles, ler, e fingir que nenhum dos outros existem, mas você sempre vai começar um livro com uma sensação de que começou do nada. E sempre vai terminar com uma deixa para uma continuação. Em pouquíssimos momentos Benítez se preocupa em explicar as coisas que estão em um volume anterior; e quando o faz, abre mão de notas explicativas às vezes curtas demais.

Um dos poucos pontos contra a coleção não diz respeito à obra, mas sim às edições. Os seis livros que vêm na caixa são edições de anos diferentes, o que deixa o esquema visual da obra inconsistente. A editora não teve a preocupação de padronizar a formatação do texto; parece que simplesmente inventou uma caixa e jogou os volumes lá dentro. Tanto é que apenas o volume 1 traz uma indicação que é uma edição revisada pelo autor. Vou falar destas diferenças e seus problemas mais à frente.

Em todo o desenrolar da trama, sobressai o estilo detalhista do autor. Fatos, pessoas e coisas são descritos em suas mais específicas minúcias. Se estão numa sala, cada objeto é cuidadosamente destrinchado em seus detalhes, como cores, tamanhos e até origens. Se estão em um ambiente natural, cada planta e animal é nomeado e classificado biologicamente. Se estão voando, cada direção, força do vento, pressão do motor e combustível é catalogado. Se Jesus está apanhando, cada gota de sangue é analisada.

Nos primeiros livros as minúcias são um pouco chatas de se acompanhar, no terceiro, então, é um porre, dá vontade de pular páginas. Por graça divina, os últimos volumes, apesar de detalhistas, não são muito enfadonhos.

Exatamente por causa deste exagero nos detalhes, quando eu estava no meio do quarto livro comecei a ter suspeitas de que seis livros não seriam suficientes para escrever tudo a que o autor se propunha.

Eu me explico.

No volume 1, ele gastou cerca de 200 páginas para descrever os fatos de um único dia.

Ponto.

Só isso já mostra como o cara é mestre em detalhar as coisas. Daí que no quarto livro ele começa a citar um período de três anos, que seria o tempo de pregação pública de Jesus, até a sua morte. Diz Jasão que ele acompanhou Jesus durante todos estes três anos e que, numa hora oportuna, iria contar o que aconteceu.

Aí a gente faz a matemática. Se o dia da morte de Jesus mereceu 200 páginas, o que dizer de três anos de pregação? Seria preciso, no mínimo, um livro só pra isso. Mas você nunca vê esse momento chegar. No quarto ele fica comentando, no quinto ele fica comentando, e no sexto, só lá no finalzinho, Jasão chega perto do início destes três anos. Só pra matar a surpresa (que no fundo, pra quem lê, não é surpresa) o sexto livro acaba EXATAMENTE quando Jesus decide começar a sua vida de pregação pública.

Não tem nem mesmo uma explicação do autor, um até breve. O livro simplesmente acaba dizendo que a aventura acabava de começar.

Foi aí que eu descobri que neste mês de setembro de 2005 ele lançou lá na Espanha o volume 7. Ainda não li sobre o livro, mas aposto que ele deve tratar única e exclusivamente disso: a vida pública de Jesus, e só. (Se bem que a palavra "só", neste caso, não cai muito bem).

Já mandei um email para a editora Mercuryo, que edita os livros do Benítez no Brasil, perguntando quando é que vai sair a edição brasileira do livro. Sem previsão, dizem eles.

Como já falei, você pode pegar qualquer um dos livros e ler sem se importar com os outros. Muita coisa pode, e vai, ficar sem explicação, mas a maior parte da história sendo contada dá pra entender, porque cada edição é focada em um momento diferente.

Pra satisfazer a sua curiosidade descrevê-las-ei individualmente a seguir, falando, inclusive dos problemas da diferença das diagramações e formatações entre os volumes.

A seguir: sobre os volumes 1, 2 e 3

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