Era uma vez um desconhecido escritor cachoeirense que resolveu pregar uma peça nos seus leitores. Ele escreveu um texto que descrevia em minúcias nervosas e emocionantes um assalto ao cartório em que trabalhava. As pessoas que queriam o seu bem ficaram muito preocupadas com ele, até que, depois de alguns dias, revelou a brincadeira.
"Ufa", suspiraram alguns, "Safado sem-vergonha, filho de uma égua", bradaram outros.
Houve, inclusive, o caso de uma menina, também cachoeirense, que contou ao tal escritor que tinha passado a história pra frente, no consultório do dentista!
"Mas como vocês não souberam do tiroteio?! Meu amigo tá em casa baleado, ele contou tudinho no site dele!"
E, claro, não podemos deixar de citar a atitude do seu grande amigo, que foi visitá-lo em casa!
Farsa desfeita, era hora do feitiço virar contra o feiticeiro. Eis então que um colega de faculdade desse escritor, sabendo da história da menina que tinha passado a mentira adiante, resolveu dar uma lição no rapaz, vingando a vergonha dela. Aproveitando-se do fato de que volta e meia ele, o escritor, publica no site os emails engraçados que recebe, ele, o colega, passou a enviá-lo, sob pseudônimos, algumas mensagens bem idiotas.
Daí que, para o deleite do colega, o escritor publicou duas destas mensagens. Uma do cara que escreveu só "oi" e outra que ele, o escritor, chamou de "o melhor email dos últimos tempos". E, pior, ou melhor, depende do ponto de vista, o escritor repassava as mensagens recebidas para o colega que as estava escrevendo.
"Puts, olha só o que me mandaram!"
Passados alguns dias o tal colega revelou a farsa. E tinha provas disso: os nomes que usava para mandar as mensagens para o escritor tinham as mesmas iniciais que o seu próprio nome. Não havia como o escritor negar que tinha sido sacaneado.
Hoje, apesar de ter jurado de pés juntos que nunca mais vai mentir no site, o escritor está sofrendo para reconstruir a confiança que tinha de seus leitores, que agora desconfiam até de piada de Joãozinho.
"Dois mais dois é quatro mesmo? Olha lá, hein, sei não... calcula isso de novo!"
E, além disso, o escritor não confia mais nos emails que recebe. Quando chega um daqueles idiotas, logo repassa para o amigo que o sacaneou: "isso é coisa sua?".
A única coisa que não sabemos desta história é se, algum dia, o escritor vai ter coragem de contar para os seus leitores que alguém se vingou por eles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário