Recentemente, lá em Portugal, foi aprovada uma lei que permite que as mulheres abortem. Como se o assunto, por natureza, já não gerasse controvérsias suficientes, por aquelas terras está rolando um bafafá maior ainda porque o excelentíssimo presidente da república, ao que parece, foi eleito pelos conservadores, que são contra o aborto. E ainda assim ele foi lá e aprovou a lei.
Do outro lado do Atlântico, aqui no Brasil, esta semana tivemos um evento importante para a nossa sociedade. Um bando de especialistas se reuniu no Supremo Tribunal Federal para uma audiência pública, a partir da qual o pessoal da Lei iria formar opinião sobre o uso de células tronco tiradas de embriões. Outro assunto que gera polêmica, tudo por causa da ética.
As duas notícias, quando vistas e discutidas a fundo, nos levam a uma questão essencial para levá-las adiante: quando começa a vida?
Alguns dizem que é quando o bebê nasce. Uns argumentam que é no momento da fecundação. Outros ficam pelo meio do caminho, acreditando que a vida começa quando o sistema nervoso se forma. Muitos, claro, não têm resposta e preferem não arriscar.
Porém, uma cabeça dentre estas que não têm resposta tocou num ponto interessante: há tempos, a pessoa era dada como morta quando seu coração parava de bater, mas hoje a coisa mudou e, se não me engano, a morte ocorre "oficialmente" quando o cérebro pára de funcionar.
Logo, se é possível determinar o momento do fim da vida, deve ser possível determinar o momento do início dela. Seguindo o mesmo raciocínio, se o fim da vida é quando o cérebro deixa de funcionar, o início deveria ser então quando ele passa a existir. Certo? Sei lá.
Fico pensando o seguinte: uma mulher acaba de parir, o nenê chora nas mãos do obstetra para logo em seguida morrer. Bem, se morreu é porque estava vivo. Essa é fácil. Agora vamos a outro exemplo: a mulher está esperando um neném, com 7 meses de gestação. Num acidente de carro ela sofre um forte impacto na barriga e o nenê morre. Morre mesmo? Será que ele já estava vivo? Bom, aos sete meses uma criança já está toda formada. Os prematuros sobreviventes estão aí pra contar a história. Certo? Certo. Então pode-se dizer que morreu.
Mas e se a mulher do acidente estivesse grávida de só 4 meses? Será que diríamos que o nenê "morreu"? E se a gravidez fosse de apenas 1 mês? Se abortar pode ser, a grosso modo, um ato de matar alguém, quando é que este alguém passa a existir, a ponto de ser possível assassiná-lo? Até que ponto o aborto não é assassinato? E num aborto espontâneo às cinco semanas de gestação, será que podemos dizer que "oh, o filho da Bianca morreu"?
Como se vê, não é fácil de encontrar uma resposta. Tudo nos faz voltar à pergunta crucial lá de cima: quando é que o nenê passou a ser um ser vivo, a ponto de poder morrer? Ou, claramente: quando começa a vida?
Quando comecei a escrever este texto pensei que talvez pudesse chegar a alguma conclusão, mas já vejo que ainda estou longe de ter uma opinião formada sobre o assunto. Este papo não é sobre uma moeda que tem dois lados, mas sobre um dado multifacetado onde muitos pontos de vista podem influenciar uma decisão.
E tu, querida leitora, o que pensa do assunto?
Um comentário:
na verdade... sem muita opinião formada concordo com o ponto de vista de que até certo tempo ainda não "há vida" no feto... logo um aborto nesse período não poderia ser considerado assassinato...
abrasss
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