Há uns meses atrás, nas aulas da cadeira de empreendedorismo na faculdade, fiz um extenso trabalho sobre Ricardo Semler, o qual cheguei a postar no antigo Sarcófago, e, se você quiser ler, pode baixar daqui. Um dos tópicos daquele meu trabalho foi o fato de Ricardo Semler ter escrito um livro que fez muito sucesso, que o lançou na mídia e o tornou conhecido em todo o mundo: Virando a Própria Mesa.
Assim que terminei a faculdade comprei o dito cujo para ler, e agora posso concordar com as boas críticas que li: o livro é espetacular, e ninguém é capaz de passar indiferente por ele, seja para pensar coisas boas ou para pensar coisas ruins, concordar ou não, elogiar ou criticar. É tanta informação e tanta idéia nova que li o livro duas vezes seguidas em menos de um mês, sendo que na segunda lida enchi suas páginas de anotações.
Para quem faz ou se interessa por administração é um prato cheio, mesmo para quem não concorda com suas idéias, sempre revolucionárias mesmo que simples. Eu poderia escrever aqui um longo texto destrinchando todas as anotações que fiz, mas não vou tomar muito do seu tempo com isso.
Eu poderia começar falando das histórias de adolescência de Ricardo Semler, sobre quando ele e uns colegas ficaram responsáveis pela cantina escola e acabaram juntando dinheiro suficiente para ir com toda a turma de avião para a Bahia.
Eu poderia gastar uns parágrafos falando sobre como concordo com Ricardo Semler quando ele diz que muita gente vê as empresas como fontes de sustento familiar e como isso é errado. Cremos nós - eu e ele - que a empresa que quer realmente crescer não pode ser conhecida como a "Fábrica do Seu Maurício". A empresa deve, antes de tudo, se tornar uma entidade autônoma, com uma imagem independente da imagem do seu dono.
Ou então poderia falar sobre um assunto que nós na faculdade sempre conversávamos: a questão de que o cliente não entende o que é realmente qualidade de um produto, e de que é preciso muito esforço para ensiná-lo isso. E falar também sobre a queda gradual na qualidade dos produtos exatamente pela falta de conhecimento dos clientes, sobre produtos que duram o tempo da garantia e sobre prestação de serviços que funcionam apenas um dia.
Quem sabe eu poderia falar de grandes conselhos para a vida escondidos no meio de um papo sobre administração, como por exemplo: "sobrevivência através dos tempos significa trocar o útil no momento pelo necessário no futuro"; ou então esta melhor ainda: "dialogar e reconhecer a existência do outro não significa concordar, aceitar, transigir ou coisa alguma". E pensar que ao dizer isso ele falava de sindicatos de trabalhadores fabris. Não poderia servir para ensinar algo a extremistas religiosos?
Entre muitas outras coisas, seria interessante se eu falasse sobre a grande cultura geral do Ricardo Semler, quando cita muitas personalidades históricas - recentes ou não - como ditadores de Uganda, reis auto-declarados da República Centro-Africana, milionários americanos ou até mesmo imperadores romanos que viveram antes de Cristo.
Ou, então, poderia falar de sua incrível tendência de falar o diferente e de tentar seguir contra a maré? Não é qualquer um que tem peito para dizer que a empresa só cresce quando deixa de tratar o funcionário como adolescente, mas sim como um adulto responsável; ou que o cliente nem sempre tem razão. E poderia acrescentar que Ricardo Semler não apenas fala isso, mas faz.
Mas não, não vou tomar seu tempo com isso. Para dar-lhe um gostinho, vou apenas citar um trecho do livro, num ponto onde Ricardo Semler fala da questão da produtividade no trabalho, deixando claro que para ele, ao contrário da visão comum da maioria de nós, o funcionário que trabalha muito nem sempre está entre os melhores: "alguém que administra bem seu tempo e produz qualidade em tempo menor é necessariamente um atrevido. Se ainda sai para o teatro e cinema à noite, passa o fim de semana só com a família, e ainda busca os filhos no colégio para almoçar com eles, aí já configura um estado de deboche. Mas se ele conseguir sofre o enfarte no próprio escritório, então é a glória.".
Enfim, é um livro que com certeza vale a leitura. Se interessou? Compre no Submarino que eu ganho uma comissão.
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