The Police no Maracanã

Pra quem vai lá fim de semana sim, fim de semana não, ir ao Maracanã é uma experiência tão comum quanto ir na padaria da esquina pela manhã, mas para quem só tinha ido uma vez quando era criança e mal se lembra da experiência, o simples fato de chegar de van ao Rio e ver o estádio à sua frente já torna o dia algo especial. Subir a rampa que dá acesso às arquibancadas, então, dá um ar solene à coisa.

Quando você chega na arquibancada e tem a visão maravilhosa do maior estádio do mundo todo pintado e reformado, com um palco gigantesco no gramado, com toda aquela gente ansiosa para o início do show, você tem certeza: este não é um dia como os outros.

Eram seis horas da tarde quando, depois de procurar um bom lugar para ver o show, me acomodei em meu banquinho e pude admirar a beleza do lugar. Ao vivo, o Maracanã me pareceu menor do que quando visto pela TV, mas isso de forma alguma diminui a sua imponência. Pra coroar a situação, São Pedro ajudou, assoprando as nuvens para um canto e deixando o sol brilhar a maior parte do tempo. Pena que não levei minha câmera.

O povo lentamente foi chegando, tomando as cadeiras, as arquibancadas e o gramado. Uns se divertiam dando tchauzinhos para a câmera que filmava o povo e passava as imagens no telão, alguns ligavam para os amigos, para dizer que "cara, estamos no Maraca, cê tá perdendo", e outros tentavam fazer contato visual com amigos que estavam em outras partes do estádio.

Eu, inclusive, ajudei duas meninas e serem encontradas por amigas que estavam no gramado: elas estavam falando no telefone com outras que estavam lá embaixo, tentando em vão, por uns cinco minutos, explicar onde estavam, mas as amigas não conseguiam vê-las. Para ajudar, passei a elas minha bandeira do Brasil. Aos berros e sacolejando a bandeira, finalmente foram encontradas no meio da multidão. Riso geral de quem estava em volta e agradecimentos felizes das moçoilas.

Depois de duas horas de espera, pontualissimamente às oito horas, entram em cena os Paralamas do Sucesso, cantando sucesso atrás de sucesso e fazendo o Maracanã se incendiar. Foi-se uma hora inteira que passou como poucos minutos. A galera cantou junto o tempo todo, pulando e agitando, enquanto Herbert Vianna cantava sucessos como Vital e Sua Moto, Meu Erro, Que País é Esse?, Lanterna dos Afogados e Alagados. Nada melhor para esquentar a noite. Se fosse só por isso, já tinha valido a pena estar ali, mas o melhor ainda estava por vir.

Às nove e meia as luzes se apagaram e a arquibancada ficou de pé e cantou Bob Marley: "Get up stand up / stand up for your rights". Ao fim do coro, Sting, Andy Summer e Stewart Copeland subiram ao palco e lascaram logo de cara Message in a Bottle: estavam com a platéia nas mãos desde o primeiro segundo.

A partir daí, durante as duas horas de show, o The Police esbanjou vigor e energia, mostrando que apesar da idade avançada, ainda são capazes de fazer rock bom, muito bom. Música boa atrás de música boa, a galera não parou de cantar, dançar e bater palmas. Ver de cima a coreografia das palmas da galera do gramado é algo inesquecível.

Algumas das músicas tocadas, não exatamente nesta ordem, foram: Hole in My Life, So Lonely, Reggatta de Blanc, Walking on the Moon, De Do Do Do De Da Da Da, Truth Hits Everybody, Walking in Your Footsteps, King of Pain e Every Breath You Take (esta última com direito as ligações de celular para um amigo - "cara, esta é pra você, ouve isso!" - e para a namorada - "isso aqui tá bom demais, ouve só!").

Outras três músicas que também foram tocadas e que pra mim foram os pontos altos da noite foram Can't Stand Losing You, Roxanne e Every Little Thing She Does is Magic. Nestas eles deram solos fenomenais, botaram a galera pra agitar e cantar ainda mais, e me levaram ao êxtase. Foram três dos melhores momentos da minha vida. Algo parecido com isso, só quando os Stones tocaram Satisfaction em Copacabana. Parece exagero falar isso, mas só estando lá para entender como foram momentos de extrema energia e animação. Nestas três músicas, a impressão que tive era de que os caras do The Police e a platéia tinham feito um acordo: vamos demolir o Maracanã. Pura celebração.

Depois de duas horas de show, com direito a um bis de três ou quatro músicas, mais um bis de uma música (fechando a noite com ar "pra cima", com Next to You), o The Police deixou o palco, me deixando extasiado na arquibancada, num estado tal que levei alguns minutos para deixar a adrenalina baixar. Tomara que lancem um DVD.

Definitivamente, o melhor dia deste ano.

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4 comentários:

Tiago Frossard disse...

AAAahhhhhhh.... Abrir com Message in a Bottle foi crueldade comigo. Só pq eu não tava lá :'(

Mário Marinato disse...

Pode deixar que logo logo eu vou postar as músicas em algum lugar. Pelo menos assim você vai poder ouvir.

Anônimo disse...

Puuuuuuta que pariu!! Merda!! Que inveja. Te odeio, Mário!!! Buááááááá!!!!

Mário Marinato disse...

Volta mais tarde, Nanda! Vou postar as músicas na net.