Aos que escreveram para perguntar o que houve lá no meu serviço, segue um relato saído direto do olho da tempestade:
Já era mais de cinco horas da tarde, hora do cartório fechar, quando ele entrou, botou uns documentos em cima do balcão, pediu para reconhecer as firmas e perguntou se tinha algum banheiro ali.
Meu colega de balcão, sempre solícito, mostrou o caminho. Nesta hora eu estava ali perto do banheiro e até respondi ao seu 'boa tarde'. Um ou dois minutos depois ele saiu de lá já com a arma em punho.
- Assalto, meu cumpadi, assalto!
Ao mesmo tempo, mais dois entraram pela porta da frente.
Com calma e frieza disseram que não queriam nada conosco, apenas o dinheiro dia. Por sorte, neste dia tinha dado movimento e as gavetas estavam recheadas. Enquanto o cofre era aberto a polícia chegou.
Não tenho dúvidas de que a polícia foi avisada por alguém que deve ter visto a movimentação pelo vidro fumê. Afinal, já estava escurecendo e nestas horas dá pra ver de fora pra dentro, ao contrário do que acontece de dia. Enfim, alguém viu e ligou.
Foi aí que começou o tendepá. Nada me tira da cabeça que, se não fosse a polícia, eles pegariam o dinheiro e sairiam com tranqüilidade, mas as sirenes jogaram ainda mais adrenalina nas veias de um deles, que perdeu o controle e sem pestanejar atirou em direção aos policiais, que revidaram prontamente.
Por um extremo azar, uma das balas varou a divisória e encontrou a minha perna direita. Daí pra frente só sei o que me contaram.
Depois desses tiros houve um cessar fogo. Os dois bandidos que estavam na parte da frente foram baleados e caíram sem ação. O que estava lá atrás não ofereceu resistência e se entregou rápido.
Em minutos a ambulância chegou e levou a mim e os bandidos para o pronto socorro. Um deles, bem feito, nem chegou lá vivo. O outro ainda está internado. E eu já estou em casa, de molho por duas semanas.
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