Reforma de Casa

Desde poucos meses depois do falecimento do meu pai, em 2005, venho travando uma batalha árdua contra a minha paciência e provando que meu coração, apesar de já combalido, ainda agüenta bem o tranco: estou reformando minha velha casa.

E de tudo o que já aprendi, a maior lição de todas é: todo castigo pra inexperientes é pouco.

A partir de hoje, volta e meia vou publicar algo sobre as minhas amargas experiências no ramo das reformas. Que sirva de dica para quem vai passar por isso e de consolo para quem já está passando: vocês não estão sozinhos.

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A primeira lição que posso ensinar é: se a casa a ser reformada for muito antiga e a reforma for grande demais, a ponto de você ter que deixar a casa vazia, é melhor jogar tudo no chão antes de começar. Por mais que pareça prático ou barato manter algum pedaço da casa antiga, a verdade está bem distante desta crença. Eu cometi este erro ao aproveitar algumas paredes, a laje da antiga cozinha e outros detalhes.

Ao não tirar a laje antiga, tive problemas com a altura do resto do primeiro andar, já que para seguir a velha laje o pé direito ficou com menos de três metros de altura, que é a medida ideal para um sujeito alto como eu. Além disso, a junção das duas lajes deixava vazar água o tempo todo sempre que chovia. Este problema do vazamento só foi solucionado recentemente quando foi colocado o piso.

Ao aproveitar paredes antigas e mal feitas, gastei muito com emboço para colocá-las no prumo. Além disso, com um enchimento aqui e outro ali, algumas paredes ficaram com absurdos 30 centímetros de espessura. Como se não bastasse, as paredes antigas estavam fora de esquadro, problema que se alastrou por toda a casa, inclusive nas partes novas. Por fim, como as colunas feitas na reforma seguiram o desenho das paredes antigas, elas ficaram desalinhadas. Este desalinho geral não pára de trazer problemas: as pias dos banheiros, por exemplo, não são retangulares, fáceis de desenhar e encomendar, mas sim trapezoidais.

Ao não jogar embaixo o antigo banheiro, unido ao fato de ter colocado um novo contrapiso na casa toda, terei que suspender o vaso sanitário cerca de dez centímetros. Consequentemente a saída do cano que traz água para o vaso, e que passa por dentro da parede, também terá que subir dez centímetros, o que me obrigará a quebrar parte da parede do banheiro. E onde é que eu consigo achar um azulejo igual ao comprado 25 anos atrás? Foi uma sorte do caralho ter encontrado alguns guardados no quarto de tranqueiras.

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Teria sido muito mais fácil jogar absolutamente tudo em baixo, arrancando inclusive o antigo piso, para fazer uma estrutura nova, alinhada e esquadrinhada. Não ter feito isto é o maior dos meus arrependimentos.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Caríssimo, compartilho do seu pensamento, mas não desista: existe sempre um profissional para cada área e não se canse de procurá-lo, pois o que pensamos estar perdido, poderá tornar-se a pérola da obra.
Reveja sempre seus desejos, pois quando queremos muito alguma coisa, mais adiante acabamos por descobrir que não é tão importante assim.