Nesta época de crescimento acelerado, um dos grandes trunfos de Ricardo para motivar seus funcionários a trabalhar com afinco e vontade, vestindo a camisa da empresa, é a já citada liberdade que ele dá aos seus funcionários. Mesmo em tempos modernos como os que vivemos, em que o assunto está tão em voga nas revistas e cursos de administração, a SEMCO é uma empresa-exemplo quando o assunto é a maneira de lidar com aqueles que figuram em sua folha de pagamento.
Um dos pontos chave da administração de RH de Ricardo é se perguntar sempre o que faz os funcionários desejarem ir para a empresa numa segunda-feira de manhã. Descobrindo isso, ou inventando soluções para isso, ele tenta implementá-las assim que possível.
Uma das liberdades que os funcionários da SEMCO têm são os seus horários flexíveis. Ricardo prega que, se as pessoas podem levar trabalho para casa nos finais de semana, elas devem ter o direito de ter um tempo livre durante a semana, até mesmo para assistir uma estréia no cinema na segunda-feira de tarde. O importante para ele é que a pessoa faça o que tem que ser feito: se o funcionário é competente o suficiente para terminar o seu trabalho em tempo recorde, ele não precisa ficar o resto do dia fingindo que está dando duro no serviço.
Outra atitude ousada de Ricardo, esta sim batendo de frente ao pensamento que existe na maioria das empresas, grandes ou pequenas, é o fato de que os funcionários não têm restrições no acesso à internet. Se você está na frente do computador e precisa mandar um email para um amigo ou pesquisar o preço do cd novo do Elton John, vá e faça, sem precisar de esconder de ninguém. Ricardo prega que isso é um incentivo à responsabilidade auto-imposta.
Tudo isso mostra o quanto Ricardo apoia o chamado ócio criativo. Ele cita até o matemático Johannes Kepler, que dizia que "a solução vem, como sempre, pelas portas dos fundos do cérebro, hesitando e com vergonha". Ricardo segue a linha dos que dizem que é preciso estar com a mente relaxada para ter idéias e deixar o subconsciente trabalhar.
Para incentivar o surgimento de idéias em momentos de ócio, ele tem na sede da SEMCO uma área bem especial: um redário. Uma sala quieta, calma, com redes por todos os lados. Qualquer um, a qualquer hora, pode ir para lá, deitar, tirar um cochilo, ler um livro, descansar. Outra idéia de Ricardo, esta ainda não implementada, é uma sala escura, com poltronas reclinadas e fones de ouvido, para os funcionários deitarem e até dormirem ouvindo música.
A grande motivação por trás de todas essas iniciativas libertárias para os seus funcionários é que Ricardo crê que excesso de controle tolhe a criatividade. Ele diz que as empresas que criam excessos de restrições sobre seus funcionários são herdeiras da hierarquia militar e sofrem do que ele chama de Síndrome de Internato.
Ricardo crê que se as pessoas têm que ficar preocupadas com a hora exata de entrar e sair, onde podem ir, como podem e devem fazer, não vão ter muito tempo, e muito menos coragem, de tentar descobrir novos meios de fazer melhor.
Toda esta diversificação de negócios e liberdade para os funcionários levaram a SEMCO a se tornar uma empresa de crescimento acima da média. Dos menos de 100 funcionários que haviam em 1993, em 2001 já eram mais de 2000; e o faturamento que no final da década de oitenta mal chegava a US$ 4 milhões por ano, chegou em 2001 com estimativas de mais US$ 100 milhões. Como resultado destes números, a taxa de crescimento da SEMCO chegou à impressionante marca de 35% ao ano.
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