Ricardo Semler - Do Rock à Fortune - Parte Final

O CIDADÃO

Não satisfeito em apenas mudar sua empresa, conseguindo na esteira disso fama, sucesso e dinheiro, Ricardo achou que era hora de ajudar o Brasil.

O primeiro de seus empreendimentos neste sentido foi a criação da Escola Lumiar, um projeto educacional que tem o apoio da Harvard School of Education.

A Escola Lumiar tem como base um novo paradigma de ensino, baseado na liberdade e curiosidade das crianças. Buscando provar que a hierarquia militar e a Síndrome de Internato são resultados de um condicionamento maléfico que os adultos têm, nascido da escola tradicional, a Escola Lumiar não trabalha com a figura do professor, mas com a do tutor a longo prazo. Lá, o ônus de estimular as crianças é transferido para os adultos, em vez de colocá-las sentadas, à mercê do professor.


Outro de seus empreendimentos feitos no sentido de ajudar o Brasil nasceu de um encontro claramente inspirado no Brainstorm 2001.

Em 2004, Ricardo reuniu em Campos do Jordão 50 grandes mentes brasileiras, com a proposta de pensar como seria um Brasil ideal. Entre os nomes que passam por lá estavam o médico Adib Jatene, a Monja Cohen, maior nome do budismo no país, a atriz Regina Casé e o jornalista Paulo Henrique Amorim. Além destes, lá estiveram também pessoas das mais variadas profissões: publicitários, educadores, escritores, engenheiros, e até mesmo um estrategista militar e um fazendeiro.

Deste encontro nasceu o Instituto DNA Brasil, que tem como objetivo divulgar o que foi discutido naquele encontro, incluindo aí a publicação de um livro e um DVD, e também fomentar, incentivar e disseminar a discussão sobre os problemas brasileiros e suas possíveis soluções. Além do comprometimento das pessoas que participaram do encontro, o Instituto conta também com o apoio de empresas do porte da Microsoft.

O encontro de 2004 não foi o único. Em 2005 novas mentes se reuniram para uma nova rodada de discussões, porém desta vez foram 50 pessoas anônimas. O detalhe especial deste grupo foi que ele refletia, da melhor maneira possível, o censo brasileiro de 2000.

Como assim? Por exemplo, o censo dizia que a população do Brasil dividia-se em x% no sudeste, y% no norte, etc., logo, das 50 pessoas x% eram do sudeste, y% do norte, etc.. Esta divisão era proporcional não somente em relação à distribuição regional, mas também em relação ao sexo, religião, nível educacional e idade, entre outros. Este segundo encontro gerou, inclusive, um documento chamado "Carta dos Brasileiros aos Brasileiros", que pode ser encontrada no anexo ao final deste trabalho.

O Instituto foi responsável também pela criação do Índice DNA Brasil, um índice parecido com o IDH, porém com mais abrangência. A partir da definição do que seria o Brasil ideal, é realizada anualmente uma pesquisa para verificar o quão distante estamos desta visão. Nas duas primeiras medições, em 2004 e 2005, o Brasil estava a menos de 50% do que era considerado ideal, havendo uma leve melhora de um ano para outro.


Esta, enfim, é a história de Ricardo Semler, um homem que saiu de uma juventude alienada para se tornar um dos homens mais influentes do mundo corporativo. O homem que largou a guitarra do grupo Mae West para ilustrar a capa da revista Fortune.

Para todos aqueles que buscam se aventurar pelos caminhos do empreendedorismo, Ricardo aparece como um dos melhores exemplos de motivação, iniciativa, criatividade, inteligência e até mesmo de cidadania. Um amostra de que qualquer um pode ter sucesso.

Diante de tudo isso, já tendo visto que a SEMCO é uma empresa diferente, resta apenas uma pergunta para ser respondida: quem não gostaria de trabalhar para Ricardo Semler?

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