Crônica: Nome Artístico

Você já ouviu falar de uma tal de Avril Lavigne? É uma cantorazinha de rock que fez sucesso no começo da década passada. Ela tinha uma música chamada Sk8er Boy, que contava a história de uma garota patricinha que namorava um rapaz que adorava andar de skate, mas daí ela terminou o romance porque achava que ele era muito largado, que ele não teria futuro.

Depois de um tempo, ele começou a fazer sucesso como cantor, sendo que uma das suas músicas de maior sucesso era uma em que ele falava de uma garota que o tinha deixado por causa do seu jeito. Além disso, a música falava da namorada dele na época do estrelato, o que fazia a ex se sentir uma bosta, porque, cacete, era ela quem poderia estar ao lado dele nos shows.

Na época eu ouvi bastante essa música, achava legal, mas nunca imaginei que poderia acontecer comigo. Pois é, aconteceu.

Há muito tempo atrás eu namorei um rapaz, ele era balconista de farmácia, fazia faculdade de direito e, nas horas vagas, tinha vãs pretensões de ser escritor e pianista. Apesar de ele ser um cara até gente boa, nossas diferenças me fizeram terminar o nosso namoro. Deixei ele e suas vontades bobas pra lá, fechei a porta atrás de mim e nunca mais o vi ou ouvi falar dele. Isso até semana passada.

Navegando a esmo pela internet, acabei caindo no seu site, e descobri que ele já lançou três livros, dois CDs e está chamando bastante atenção. Fuxicando um pouco mais no site, li um relato de como ele escolheu seu nome artístico. Resumindo bem a história, ele adotou o sobrenome da esposa, na época ainda namorada.

E estou agora me sentindo como a garota da música! Puts, podia ser eu. Devia ser eu! Sueli, minha melhor amiga, diz que, como sempre, só estou prestando atenção no dinheiro que os homens têm, mas não! Estou só refletindo em como minha vida poderia ser diferente: eu estaria casada com um homem bem sucedido, e não com um Zé Mané que tem um trabalho medíocre de contador de selos em um cartório do interior.

Imagine se nós continuamos o namoro e ele adota o meu sobrenome como nome artístico quando vai lançar o primeiro livro! Já pensou a Maria Rita apresentando a banda?

- E no piano... Carlos Frossard!

Aí ele iria no Jô e contaria a história do seu nome artístico:

- Ah, o Frossard é da minha esposa, olha ela ali ó. Beijo, querida, te amo!

Na minha mente, Carlos Frossard soa muito melhor do que o nome que ele usa, o nome daquelazinha. Onde já se viu? Carlos Solvon! Isso parece até nome de remédio para gripe! Coisa feia!

Acho que vou ao próximo show da Maria Rita, sempre gostei dela mesmo...


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