O Link do Selo ao Ato é um serviço à população e aos cartórios no qual é possível, através de um site, verificar se o selo cartorário que está colado em um documento é realmente daquele documento. Para isso todos os cartórios passariam a repassar as informações sobre os ditos atos.
Primeiro foram as aberturas e reconhecimento de firmas, as procurações e as certidões de procurações. Para estas nós recebemos gratuitamente programas, que foram instalados lá no cartório por um rapaz que estava mais interessado em ir embora do que em fazer a coisa funcionar. Ao final ele nos entregou um calhamaço de umas cento e cinqüenta páginas:
- Toma, é o manual. Qualquer coisa liga pra assistência. Abraço.
Tentamos nos virar com aquilo e fomos conseguindo aos trancos e barrancos, quando algumas semanas mais tarde surgiu a ordem para informar também os dados das escrituras e suas certidões. Só que aqui, ao invés de um programa, nos foi fornecido um site, feito por uma empresa contratada pela Corregedoria. Vou deixar para falar das horrendas características do site em outro artigo, e por enquanto basta saber que tudo funcionava tão bem quanto o rim da minha avó que faz hemodiálise. O cadastro de uma escritura, das mais simples, tomava em média cerca de quarenta minutos, quando a conexão ajudava. Chegamos ao ponto de ter que contratar alguém só pra isso.
Daí que, depois de uns três ou quatro meses nos matando para entender as vontades e desvontades do maldito site e do maldito programa, somos intimados a ir a Nova Friburgo para assistirmos uma palestra, na qual nos seria ensinado como usar os ditos cujos!
Sentiste o drama? Você é obrigado a usar um programa a partir de um determinado dia, sob pena de multa e processo administrativo por não fazê-lo, e só depois de QUATRO meses de uso obrigatório é que você vai receber um treinamento para aquilo!!
Mas se os problemas acabassem por aí, até que eu não reclamaria muito. Mas não, havia mais: a palestra foi dada em uma sala de 4 por 4, no início do verão, com o ar condicionado sem funcionar decentemente, e nesta sala estavam, eu contei, 31 - eu disse TRINTA E UMA - pessoas, entre escreventes, tabeliães e "rapazes do computador".
E a aula não podia ser menos proveitosa: a moça responsável pela apresentação passava os slides como se tivesse que terminar aquilo para salvar a mãe da forca. Eram, em média, cinco slides por minuto, narrados com ritmo de radialista em Flaflu. Quando questionávamos alguma coisa, quando reclamávamos de algo que não funcionava como devia, a única resposta era que a equipe terceirizada que tinha desenvolvido aquela bosta aquele programa estava entregando o serviço à própria Corregedoria e que qualquer dúvida ou reclamação deveria ser encaminhada à mesma, e não mais à equipe inicial. Era como dizer para esvaziarmos um mar usando um baldinho furado.
Voltei de lá com uma única certeza: tinha perdido meu tempo.
A Corregedoria não é linda?
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