O Pecado de Todos Nós - Capítulo Um - Parte Um

(parte anterior)

Meu pai não era diferente dos outros homens. Ele possuía o bom-senso de saber o que deveria ter sido feito. Também era um homem do campo, que nunca se afastara do lugar onde nasceu, e sempre vivera preso à terra. Portanto, quando ele nos contou mais tarde o que vira em princípios de janeiro - alguns meses antes de ocorrerem aquelas coisas estranhas e terríveis - atribuímos aquilo à superstição, pois ele era o que se chamava de "fundamentalista".

- Sim - dizia ele, gravemente -, isso aconteceu porque todos nós, em todas as parte do mundo, éramos, na verdade, estranhos - estranhos que se odiavam - cada homem estranho ao outro e cada nação à outra. Foi necessário sermos punidos para que pudéssemos, finalmente, perceber a luz. "Porque então será grande a aflição, como nunca o foi, do princípio do mundo ao nosso tempo, nem jamais o será". Mateus 24:21.

Meu pai sabia a Bíblia quase de cor.

Durante os anos em que as nações permaneceram estabilizadas, armadas, apavoradas e se odiando, meu pai citava Mateus 24 quase que diariamente. Sua voz adquiria um tom sinistro, novo para ele, pois era por natureza um homem simples e otimista. As estações nunca falhavam; Deus nunca falhava. O Sol girava em sua órbita de fogo e o verde fluxo do mundo erguia-se e caía com ele, sob as mãos de Deus. Era esta a fé tranqüila de meu pai. Mas depois que caíram as primeiras bombas atômicas, e o ódio dos homens tornou-se mais feroz e mais louco, e foram inventadas as bombas de hidrogênio, então, a fé que meu pai depositava nos homens começou a falhar.

Ele estava na metade da casa dos 50 naquele mês de janeiro, forte, de porte quase monolítico, corado e animado, pleno de gargalhadas trovejantes. Diplomara-se por uma das melhores universidades agrícolas do país, e era conhecido como um estudioso dos assuntos internacionais. Ela fora prefeito de Arbourville e não conheci ninguém, nem antes nem depois, que estivesse mais "por dentro" do que se passava no mundo. Não, meu pai não estava caduco naquele mês de janeiro, nem tampouco alguns meses mais tarde, quando nos contou o que presenciara....

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