Para mim, existem dois tipos de música. Vejam bem, não estou falando de gênero musical, e sim de tipo. Quando falamos de gênero estamos falando de rock, samba, valsa, choro, reggae. Mas este artigo é sobre algo diferente: os tipos de música.
O primeiro deles é o que chamo de música de consumo. É aquela música que você bota para tocar enquanto está trabalhando ou estudando, aquela que toca no rádio do carro durante uma viagem, aquela que rola nas pistas de dança de sábado à noite. Música de consumo não exige muita atenção, basta apenas colocar para rolar e curtir quando você não está prestando atenção em mais nada.
Não que músicas de consumo sejam ruins. Algumas são, mas nem todas. Elton John tem música de consumo, Maria Rita tem música de consumo, a maioria das músicas de Djavan é de consumo. Todos os sucessos que tocam nas rádios são músicas de consumo.
O segundo tipo de música eu chamo música de degustação. Uma música deste tipo pode até servir para ser ouvida durante o trabalho, mas acho que nunca numa balada. Música de degustação exige atenção, para que você possa perceber todos os nuances e detalhes escondidos por trás dos instrumentos.
A maioria das músicas clássicas e instrumentais é música de degustação. Não dá pra ouvir o Bolero de Ravel sem parar - realmente parar - para escutar. Mas o rótulo não é exclusivo das músicas clássicas. O que é Ben Barden senão música de degustação? Há muitos rocks que são músicas para degustação, como por exemplo The Warning, do Black Sabbath; Blue Turk do Alice Cooper; Brothers in Arms do Dire Straits.
E, claro, música de degustação exige educação, ou maturidade musical, como queiram chamar. Não adianta tentar colocar um pagodeiro fuleiro pra ouvir os discos de Olivia Byington, ou Puro Prazer, de Zizi Possi, que o resultado é zero.
Eu criei esta tipificação das músicas baseado nos vinhos: li certa vez que há os vinhos de consumo e os vinhos de degustação. Vinhos de consumo são aqueles fabricados aos baldes e que você ganha no final do ano na empresa. Vinhos de degustação são aqueles bem trabalhados e encorpados, que ficam anos e anos envelhecendo em barris de carvalho, e que você toma em momentos especiais e realmente se concentra nele buscando sentir de verdade o seu gosto.
Não que um tipo seja melhor que o outro. Eu gosto tanto de ouvir os sucessos na rádio quanto viajar ao som de Beethoven. Os dois tipos não se excluem. Só que cada um tem o seu momento.
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