Qual seria a motivação de um indivíduo que apetece discorrer de maneira cerimoniosa para tratar de trivialidades no decorrer de uma conjuntura que realiza-se inopinadamente no meio da rua? Profiro este questionamento devido a um fato que se passou com minha pessoa na última quinta-feira: deparei-me casualmente com um de meus clientes e este, ansiando participar-me do remate de sua cobiça por obter uma vaga de emprego, enunciou o seguinte: "houve uma desistência da minha parte". Tive que me encerrar em mim mesmo para não dizê-lo que "houve um saco-enchimento de minha parte".
Não julgo válido que fazer-se valer de tais meios engrandeça a aptidão raciocinativa ou torne mais sabedor um indivíduo qualquer. Tenho ciência de que em determinadas ocasiões lanço mão de estilo que não é informal, porém o faço com o intento de ministrar às minhas composições um tom pândego (pelo menos, este é meu alvo). Entretanto, creio ser uma truanice exacerbada expressar-se enredadamente em um colóquio trivial. Tal prática leva-me à conclusão de que esta é piegas.
Tradução:
O que leva as pessoas a querer falar de maneira mais formal para conversar banalidades num encontro no meio da rua? Pergunto isso porque quinta-feira passada eu encontrei um cliente na rua e ele, querendo dizer que não estava mais a fim de um emprego, disse o seguinte: "ah, houve uma desistência da minha parte". Quase que eu falo que "houve um saco-enchimento da minha parte".
Não acho que falar assim torne a pessoa mais inteligente ou mais culta. Sei que de vez em quando eu escrevo de um jeito que não é tão informal assim, mas é até para dar um tom divertido à coisa (bom, pelo menos é isso que tento fazer). Mas acho uma tremenda bobagem falar "difícil" numa conversa banal. Pra mim isso soa muito ridículo.
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