Processos Jurídicos

Eu sou assinante da revista Você S/A desde quando ela foi lançada, há cinco anos. Esta é uma revista que trata sobre trabalho e desenvolvimento pessoal. É muito interessante, e dá pra aprender muito com ela. Na edição deste mês de fevereiro veio uma pequena reportagem falando sobre o novo Código Civil, mostrando alguns problemas que podem vir a acontecer nos próximos meses e anos em decorrência das mudanças.

Lendo esta matéria, deparo com uma grande imbecilidade. Um desembargador aposentado manda a seguinte pérola: "se alguém atropela um pedestre por causa de um pneu furado, acho justo processar o fabricante de pneus por ter feito um produto com esse risco inerente". Acho que há até um fundo de verdade, se fosse o caso de um pneu mal fabricado por negligência da fábrica, mas o uso da expressão "risco inerente" torna a opinião deste senhor uma grande besteira.

De acordo com o Dicionário Universal Língua Portuguesa On-Line, inerente é algo "que está unido estruturalmente a pessoa ou coisa; inseparável". Ou seja: está junto, pronto e acabou! Então temos que impedir que sejam fabricados pneus furáveis. Senão, processo nelas.

Fazer isso seria o mesmo que processar uma empresa que monta armas porque alguém levou um tiro e morreu. E o disparo de uma arma é um risco inerente dela. Ou então, processar a Skol porque alguém ficou de porre, já que a embriaguez é um risco inerente do álcool. E até mesmo processar a Tramontina porque alguém se cortou com uma faca enquanto cortava um tomate em casa, pois, como não pensamos nisso antes: o corte é um risco inerente da lâmina.

Tomara que eu esteja errado, mas se depender da mentalidade de pessoas como este ex-desembargador, daqui a alguns anos estaremos iguais aos americanos, que processam tudo e todos por uma besteira qualquer e ganham os casos. Logo logo teremos no Brasil um caso como daquele sujeito que processou uma empresa de cigarros porque ficou com câncer no pulmão de tanto fumar. Na história deste sujeito, das duas uma: ou lá não há campanhas para informar a população sobre os males do cigarro, ou então ele é um grande imbecil.

Em nome do dinheiro, estão jogando o bom senso no lixo.

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