Dirigimo-nos para o trigal de inverno, mas ao nos aproximarmos vimos que ele perdera grande parte de seu verde e ao chegarmos ao meio do trigal percebemos que estava morrendo.
Quando voltamos para casa, eu estava tremendo. Meu pai foi ao telefone e ligou para a Cooperativa Agropecuária de Arbourville. Falou pouco e fez algumas perguntas. Depois desligou e virou-se para mim.
- Sim, é em todo o Estado. Nenhuma das árvores apresenta botões, e há notícias de que o trigo está morrendo do Pacífico ao Atlântico. A safra da Flórida foi quase nula. Não há trigo, nem alface, nem qualquer outro tipo de verdura suficiente para a exportação, e embora tenham tido uma boa safra de laranjas, as árvores não estão mais florindo.
- Precisamos de irrigação - disse eu.
Estávamos no hall, e, de repente, precisei sentar-me em uma das cadeiras encostadas à parede. Lembrei-me das notícias de que os rios estavam morrendo e também recordei-me de que o nosso poço estava mais vazio, com a bomba trabalhando quase que ininterruptamente.
- Nunca precisamos de irrigação - disse meu pai, e sua voz perdera toda a sua força. - Sempre tivemos chuva bastante. Não estamos preparados para irrigar, nem nossos vizinhos o estão. - Ele acrescentou, como se falasse para si mesmo: - De qualquer forma, não adiantaria.
- Por que não? - perguntei, desesperançadamente.
Mas meu pai não respondeu. Reparei que fitava curiosamente o relógio, mas como ele ainda não nos dissera o que vira - ou sonhara - não compreendi aquele estranho olhar.
Ele tornou a sair de casa e eu o acompanhei como uma criança. Encontramos Edward no estábulo, mexendo com o motor de um dos arados. Ele nos ouviu entrar e ergueu a cabeça, atento. Meu pai aproximou-se e pôs a mão no ombro do meu irmão.
- Você está sendo vingado, Ed - disse ele. - O mundo inteiro esqueceu-o, mas Deus lembrou-se de você.
Continua...
O início
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